A principal desvantagem que encontro ao viver num edifício novo é que este parece ser mais apelativo a pessoas mal intencionadas. Vai fazer um ano neste próximo domingo que estou a viver no meu apartamento e, apesar de ainda não ter tido problemas pessoalmente, já apanhei uns quantos sustos através de informação recebida pelos meus vizinhos.
Por volta do início deste ano vi que as grades do portão da garagem estavam completamente abertas como se um carro se tivesse enfachado nas grandes. Não fazia ideia do que tinha acontecido por isso decidi criar um grupo no Facebook para o nosso edifício, e coloquei uma carta nas caixas de correios de cada vizinho para convidá-los a juntarem-se ao grupo. Resultou, e apesar de nem todos os vizinhos fazerem parte do grupo, a grande maioria está lá. Foi a partir daí que começamos a trocar informações sobre o que se passa no edifício, problemas a resolver, etc. E o que descobri é que o nosso edifício e os edifícios adjacentes têm sido target de ladrões e afins. É um pouco preocupante. Passo a listar:
Como todos os apartamentos têm janelas do chão ao tecto é muito fácil ver o que está dentro da casa, e num apartamento de rés-do-chão no edifício oposto ao meu, uma tarde uns gatunos tentaram quebrar os vidros de uma janela para entrar no apartamento. Felizmente os vidros são de qualidade e, apesar de conseguirem raxar o vidro, não foi suficiente para o partir.
Os apartamentos do nosso edifício têm acesso a uma área de bicicletas fechada numa zona na garagem, que portanto é relativamente difícil de aceder sem a chave de acesso, mas outros apartamentos da parte lateral do edifício têm uma área de bicicletas cujo acesso dá para a rua e já ouveram duas tentativas, uma delas com sucesso, de roubo de bicicletas.
Já desapareceram umas poucas encomendas da zona do hall de entrada.
No outro dia um vizinho encontra um rapaz adolescente sentado nas escadas. O vizinho pergunta-lhe o que está ali a fazer e se precisa de alguma ajuda. O rapaz diz que veio visitar a mãe dele que mora no apartamento 20 mas que ainda não está em casa por isso ele está à espera dela. O vizinho disse-lhe que ele tinha que esperar na rua que não o podia deixar ali. E ainda bem que o fez, porque assim que ele informou-nos do assunto no Grupo do Facebook um rapaz respondeu a dizer que ele vive sozinho no apartamento 20, logo o rapaz estava a mentir. Mas claro que estaria, e o meu vizinho sabia disso porque simplesmente não mora ninguém com idade de ser mãe de um adolescente neste edifício. É tudo pessoal relativamente jovem na casa dos 20 e 30 anos, e as únicas pessoas com filhos, têm filhos bebés. Não sabemos porque ele queria ficar sentado na escada do edifício, mas coisa boa não era.
O último, ontem mesmo, foi quando um vizinho informou que pela segunda vez reparou que um homem fica parado na nossa rua por muito tempo a olhar para os apartamentos, e quando o homem reparou que o meu vizinho estava a olhar para ele, começou a masturbar-se. O vizinho chamou a polícia e o homem fugiu. Quando ele colocou a informação no Facebook, outras pessoas disseram que também já tinham reparado nesse homem.
Parece inacreditável como em um ano, já tantos eventos ocorreram que retratam que existe perigo eminente aqui à volta. Mas pergunto-me se este tipo de perigo se encontra particularlmente por estes edifícios por serem novos, por esta zona especificamente, ou simplesmente, como temos este grupo, acabamos por saber e trocar mais informações do que em apartamentos onde vivi anteriormente, onde não tinha qualquer forma de comunicação com vizinhos para além de um 'bom dia' ocasional. Adorava saber se outras pessoas que vivam em Londres em edifícios ondem exista comunicação entre vizinhos, também têm conhecimento de semelhantes perigos?
Quanto 'a casa, ao que parece os meus vizinhos "maravilha" da festa devem ter estado com uma bezana tao grande no sábado que parece que nao sairam de casa esse dia. Encontrei-os quando estava a sair de casa no domingo de manha, e vinham eles a sair de casa com grandes sacadas de lixo com garrafas de bebidas vazias. Ao chegarem ao corredor fizeram um ar muito espantado e disseram - "hiii, que nojo" ao verem o gregoriado. Pediram desculpa e disseram que íam tratar daquilo.
Trataram, porque quando voltei de facto já lá nao estava. Enfim, se efectivamente eles nao tinham visto antes é menos mal porque ao menos nao estou a viver no prédio com "pessoal das cavernas" mas nao deixou de ser desconfortável.
No sábado lá passei pela tal "Portuguese Spring Party" que tinha indicado num post anterior. Ainda nunca tinha estado no Dalston Eastern Curve Garden e gostei muito do espaco. O local é uma espécie de jardim comunitário onde há um cafézinho. O jardim está decorado com muitos recantos, mesas em madeira e cadeirinhas, zonas com grandes almofadas, pequenos canteiros e muito espaco com relva agradável para grupos passarem por ali o dia na conversa.
Ao entrar encontrava-se a zona dos comes e bebes. Foi aí onde a logística falhou um pouco pela distribuicao das filas ser um pouco confusa e muitas pessoas acabaram por ir para a fila errada, perdendo tempo. 'A parte da espera, o meu pao com chourico na grelha e o pastel de nata estavam optimos. Havia também uma variedade de comida incluíndo a morcela, o frango assado e batata a murro, e apesar nao estarem no menú, também vi por lá umas sardinhas a serem assadas.
Só estive por lá até a primeira banda comecar a tocar, mas amigos meus ficaram até ao final e disseram que maioritariamente foram boas bandas tipo Indie a tocarem e animar o pessoal que entretanto ficou mais desanimado quando a chuva apareceu.
Sem dúvida o ambiente era muito diferente do da festa anual do "Dia de Portugal" em Kennington Park. Boa onda, pessoas simpáticas, boa escolha de local. Gostei e espero que facam mais vezes. Concerteza que os problemas logíticos serviram de aprendizagem e para uma proxima poderao melhorar nesse aspecto. Tudo o resto acho que resultou bem.
Uff, finalmente tenho oportunidade para voltar a escrever por aqui:
1. Ainda não tenho internet na casa nova
2. Tive ontem o meu exame da minha pós-graduação e todo o tempo que tenho tido em que não estou a trabalhar, tenho estado a estudar.
As coisas boas:
1. A O2 vai lá colocar Internet para fins da próxima semana
2. Após longas horas de concentração, acho que o trabalho valeu a pena porque o exame correu-me bem (ou pelo menos espero nao estar enganada).
Com isto tudo do exame, significa que ainda estou a viver de caixas e malas. As coisas básicas tipo roupas, cozinha, etc., já está tudo tratado, mas tudo o resto tipo livros e tralha ainda está tudo em caixas, assim como as prateleiras do IKEA que continuam por montar. Ao fim de uns dias a viver no meio da confusão comecei a ficar impaciente mas sinceramente também não vai ser hoje 'a noite que vou montar armários - o sábado está planeado para tudo isso.
Entretanto tinha também o problema de que precisava de uma chave para um dos cadeados das "casinhas" onde se guardam as bicicletas na zona de parqueamento do edifício. Nós éramos suposto partilhar a "casinha" com o Charlie do Apartamento 20 e a rapariga que trata da administração do prédio tinha dito que ele ia lá bater 'a porta, apresentar-se e dar-nos a chave extra.
Pois bem, ele não apareceu por lá no primeiro fim-de-semana mas eu fui lá bater umas vezes. Nunca estava ninguém em casa. Finalmente na primeira segunda-feira 'a noite, ainda deviam ser umas 8h e tal da noite, voltei a lá ir bater e desta vez abriram-me a porta. Um rapaz com um ar suspeito, meio esgazeado de quem não sabia bem o que se estava a passar abre-me a porta. Eu pergunto-lhe pelo Charlie e ele cambaleia um pouco enquanto me responde "ham,.. humm,.. Charlie". Veio logo uma rapariga 'a porta que pareceu vir "tomar conta da conversa", muito simpática que apresentou-se e deu-me as boas vindas ao prédio, mas mesmo assim estava com um ar e um tom da voz de quem não sabia muito bem o que se estava a passar.
"Long story, short" - o Charlie nao estava em casa e só voltava na quinta-feira. La fiquei 'a mesma sem as minhas chaves, mas ao menos fiquei a conhecer os meus vizinhos de cima que gostam de lhe dar nas drogas calmantes ao fim de um dia de trabalho. Logo a uma segunda-feira pelas 20h é porque devem ter tido mesmo um dia muito stressante, claro.
São 11h da noite e estou no meu quarto com a janela aberta já que está um calorzinho hoje. Os vizinhos já estão à várias horas em pequena festa com um barbeque no seu jardim bem bonito. Ao que parece todos rondam os seus 40 anos ou assim. Quando vim para o quarto à cerca de umas 2 horas atrás já estavam em conversa animada entre um belo cheirinho a barbeque que me entrava pela janela. Depois começou a música e agora dou por mim a aperceber-me que a voz da canção está muito próxima. Olho pela janela e vejo o vulto de um senhora de cabelos volumosos e braços abertos a cantar sob o som da música de Jazz. Não conhecia esta canção antes mas é muito boa, e a voz dela é maravilhosa. Sinto quase como se fosse o meu concerto privado com a diferença que a cantora não se apercebe que está a ter esta espectadora da janela do 2º andar da casa oposta. Adoro.
Passado quase um mês desde a data da minha festa de anos cá em casa finalmente encontrei o dono dos famosos ténis Converse que alguém deixou cá na festa.
Na quinta-feira à noite quando cheguei a casa do trabalho tinha esta nota na minha porta:
O Andy é o meu vizinho do andar de baixo que apareceu cá em casa com um amigo no dia da festa e apresentou-se a mim e ao meu flatmate.
Eu bem perguntei a várias pessoas que tinham vindo à festa se alguém se tinha esquecido de uns ténis cá em casa mas ninguém se acusou e passado algum tempo da data da festa, um dia quando eu estava a arrumar a casa agarrei nos ténis e mandei-os para o lixo. Ora eu não ía ter aqui ténis a ocupar espaço em casa e não podia esperar eternamente que alguém se lembra-se que lhe faltava um par de ténis. Também estavam demasiado velhotes para irem para uma loja de caridade, por isso achei que o lugar deles seria mesmo o caixote do lixo. Agora que sei que os ténis eram do Andy, de facto faz sentido que fossem dele já que seria muito estranho qualquer outra pessoa ter ido para casa descalça, mesmo que fosse de carro. Como ele vive logo lá em baixo era sem dúvida a pessoa mais provável, mas nem nunca me passou pela cabeça que ele não tivesse deixado os sapatos em casa dele.
Bem, assim que li o bilhete toquei-lhe à porta e dei-lhe as más novidades. A primeira expressão dele foi um ar de espanto, mas quando digeriu a informação disse que não tinha problema nenhum, que os ténis também já eram velhos e precisava de comprar outros. Pois, ele disse isso mas...
... lá se vão as minhas boas relações com a vizinhança.
Geralmente prefiro passar o meu aniversário com os amigos e a família em Portugal, mas como estive em Portugal na semana passada para o casamento da minha amiga e não ía lá dois fins-de-semana seguidos, decidi aproveitar para celebrar o meu aniversário em Londres numa festa cá em casa. Eu só faço anos hoje mas a festa já foi no sábado.
Passei a tarde a fazer pastéis de bacalhau, pataniscas e croquetes para os convidados já que lhes tinha prometido uns “Portuguese nibbles” e ainda coloquei na mesa uns pastéis de nata e bolinhos sortidos que, escusado será dizer, foram os primeiros a desaparecer da mesa.
A partir das 20h, aos poucos e poucos os convidados começaram a chegar e passado pouco tempo a cozinha estava a abarrotar de tanta gente. Mas o facto é que, como eu tinha colocado um papel na porta da cozinha a pedir para não levarem copos de bebidas escuras para a zona com carpete, o pessoal concentrou-se na cozinha agarrados aos seus copos e bem próximos da comida.
Também, apesar de eu ter pedido às pessoas para me avisarem de eventuais terceiras pessoas que também trouxessem à festa, isso não funcionou lá muito bem visto que a certa altura fui abrir a porta e estavam lá fora cinco pessoas das quais não conhecia nem uma. Pensei que talvez fossem amigos do meu “flatmate” mas eles disseram-me que eram amigos de outro rapaz amigo meu, apesar de não terem vindo com ele. Assim, entre convidados meus e do meu flatmate e convidados dos nossos convidados, quando estive a contar as pessoas que estavam nas fotos cheguei ao número 54. Como não cheguei a fotografar toda a gente, suponho que o número de pessoas que passaram por minha casa no sábado passou as 60.
Bem, mas foi tão, tão divertido! Adorei a minha festa de anos!
Adorei todos os presentes tão lindos que me deram e com as quais nem sequer estava a contar.
Adorei o momento em que me cantaram os parabéns em Inglês, e depois o pessoal Tuga cantou-me os parabéns em Português, seguidos do pessoal Espanhol que me cantou também os parabéns na língua de Cervantes.
Adorei o facto do pessoal ter respeitado o pedido para não saírem com bebidas escuras fora da cozinha e terem todos descalço os sapatos à entrada.
Adorei as duas zonas da festa em que, na cozinha conversava-se e na sala quem estava lá era para dançar.
Adorei o facto do meu vizinho do andar de baixo mais o amigo dele se terem também juntado à festa apesar de ainda nunca os ter conhecido – tal como eles disseram, nao íam conseguir dormir com a música, por isso mais valia juntarem-se ‘a festa.
Adorei quando a sala estava cheia de pessoas a dançar e a cantar.
Adorei que os convidados se tenham divertido e me pedido para fazer uma nova festa proximamente.
Adorei que a festa tenha durado 7 horas e adorei o facto dos vizinhos do lado não terem chamado a polícia para acabar com o barulho.
Fui-me deitar às 5h e às 11h de domingo já estava em pé pronta para ir limpar a casa (ou talvez não). Bem, a imagem da cozinha de manhã foi mesmo muito má com tanta garrafa vazia, copos por todo o lado e chão peganhento, mas com a ajuda da Restelo (muito obrigada pela ajuda!) conseguimos deitar para o lixo tudo o que era necessário em pouco tempo. Depois foi uma questão de fazer todas as restantes limpezas em profundidade de toda a casa. Só acabei às 4h da tarde mas ficou tudo num brinquinho e felizmente a carpete manteve-se sem nódoas nenhumas. Mesmo assim demorei tanto tempo porque o meu flatmate estava com uma ressaca de todo o tamanho e que, por acaso, só se levantou quando eu tinha acabado de limpar tudo. Humm,…
A coisa mais estranha foi mesmo quando reparei que tinham sobrado uns sapatos ténis da festa. Ou seja, algum dos convidados deve ter ido para casa descalço?!?! Bem, caso a pessoa que se esqueceu deste par de ténis cá em casa seja alguém que costume ler aqui o blog ao menos podem reclamá-los aqui de volta.