Ontem celebrei mais dois aniversários de 40 anos numa festa conjunta. Com estes, já vão ser quatro pessoas próximas que, neste ano, celebram o início desta nova década das suas vidas. E ainda estamos no início do ano! Este também vai ser o meu ano de entrada da nova década, e talvez por isso, conheça tantas pessoas que também nasceram em 1983. Sempre fui uma das mais novas nos grupos em que me encontrava, mas agora,... agora já não sou.
Esta ideia de idade e envelhecer é um pouco estranha porque, com o número associado à idade, existem também certas expectativas associadas às pessoas com essa idade - o que devem ou não devem fazer; como se devem comportar; aquilo que já deviam ter atingido e feito ao chegar a esta fase da vida. E a entrada nos 40 tem um peso talvez mais especial do que qualquer outra década porque esta é a década de entrada na meia-idade. É aquela idade em que a maioria das pessoas pára para reflectir a sua vida, o que fez e deixou de fazer. Até agora, houve sempre a ideia de termos todo o tempo no futuro - tempo para estudar mais; tempo de se decidir o que se quer fazer da vida; tempo para encontrar amor; tempo para estabelecer família; tempo para nos divertirmos mais; tempo para fazer todas aquelas viagens que se pretende; tempo para subir na carreira; tempo para estar com a família mais idosa.... mas agora... agora o tempo começa a contar mais porque já não se tem a vida toda pela frente. Tem-se a outra metade da vida pela frente (ou pelo menos esperemos que assim seja). As boas notícias é que ainda temos tempo para todas as coisas mencionadas em cima. Só temos é menos tempo do que tínhamos antes para fazer erros e tomar más decisões. Mas também não me parece que só porque chegamos aos 40 vamos ter de repente tudo resolvido e super claro na nossa mente sobre o que queremos ou deixamos de querer na vida. Mas uma coisa é certa, com a idade também temos experiência de vida, e talvez por isso os erros que fazemos nesta fase não sejam tão frequentes quanto os que fazíamos à uns anos atrás porque simplesmente já aprendemos com os erros anteriores.
No outro dia estive a falar com uma amiga que também vai entrar nos 40 este ano sobre esta fase. Ela não parecia muito positiva com o final da década dos 30, o que percebo perfeitamente, mas ao mesmo tempo eu fiz-lhe a questão - "Se pudesses hoje voltar a ter 30 anos, tendo em conta que tudo o que aconteceu nos teus últimos 10 anos teria que desaparecer, voltavas atrás?" A resposta foi que não. E a minha resposta a essa questão é exactamente a mesma. Claro que em teoria, a ideia de se ter 30 anos novamente é boa, porque é aquele início da vida adulta mais séria mas quando ainda se é novo suficiente para ter toda a energia e muitos objectivos por alcançar. No entanto a ideia de que simplesmente os últimos 10 anos desaparecessem é péssima! Tudo aquilo porque passámos, as pessoas que conhecemos, as experiências que vivemos, tudo ia desaparecer. Teríamos que começar de novo, com novas pessoas, ter as mesmas dúvidas que já tínhamos ultrapassado e tudo mais... Oh não! Não quero isso!
A vida não volta atrás para ninguém pelo que é justo que todos tenhamos que passar pelas diferentes fases da vida. E em vez de ficarmos descontentes com o avançar da idade, há que celebrar esse avanço, e ter uma mente aberta e positiva para o que está à nossa frente. Todas as décadas podem-nos trazer coisas boas e diferentes e sinceramente, quer reste muito ou pouco tempo até ao final da nossa vida, a única coisa que nos impede de fazer aquilo que queremos fazer e que ainda não alcançamos, é simplesmente a nossa mente. Chegar à década dos 40 é chegar o início de uma nova década que pode estar cheia de oportunidades se assim o quisermos que seja!
Entre os leitores do blog há por aqui mais alguns bebés de 1983? Como é que estão a lidar com a entrada em 2023? Ou como é que outros que já entraram nos 40 lidaram com a mudança de década? Adorava ler sobre os vossos testemunhos e opiniões nos comentários se quiserem partilhar.
Entretanto ficam as memórias das celebrações de ontem para mais tarde recordar:
A minha vez ainda não é este ano mas, principalmente durante os últimos dois anos, os meus amigos começaram com as suas grandes festas de aniversário para celebrar a entrada na sua nova década de vida, e quantos mais aniversários celebro mais me faz lembrar que a minha vez se aproxima também!
40! Ou 'the big Four Oh'!
What!? Como?! 'As pessoas velhas é que têm 40 anos' sempre pensei eu. E eu não sou velha, portanto como é que eu estou a preparar-me para entrar nessa década. Meia-idade, oquê?! FU*K!!!!
A idade mais nova que eu me lembro da minha mãe ter é 41 porque lembro-me de me terem perguntado na escola primária a idade dela e saber responder. E agora,... daqui a poucos anos estou lá eu (bem espero que esteja, porque é um bom sinal se estiver).
Este conceito de entrar numa nova década das nossas vidas tem imenso peso na sociedade, e porquê? É só um número associado ao tempo que estamos neste mundo, e estar mais tempo é sem dúvida positivo, mas existe aquela noção de que ao atingires certa idade tens que te comportar de uma certa forma, e tens que deixar de fazer certas coisas e começar a fazer outras - "tens que deixar de festas e saídas à noite, ficar mais em casa a tratar do jardim e dos filhos, ter atingido uma boa posição na carreira e sem dúvida tens que ter tudo bem definido sobre o que queres atingir a nível do trabalho, ou simplesmente deixares o trabalho e dedicares-te às crianças porque elas têm prioridade. Deves começar a fazer bolinhos para levar para a festa da escola local e deixares-te de noitadas e festas com os teus amigos solteiros porque eles não te percebem e não têm as responsabilidades que tu tens. Nada como ir deitar cedo para fazer bem à pele porque estás a ficar velho e bem que precisas de cuidar da pele que essas rugas já estão visíveis,..."
E se não fizeres tudo como é suposto e aceite pela sociedade és um falhado, estranho, louco, e sabe-se lá mais o quê. E sabem o que digo à sociedade que pensa assim? FU*K O*F!!
Eu tenho todos os planos de continuar a viver de forma semelhante ao que tenho feito durante a década dos 30, não planeio nem quero ter filhos, e definitivamente ainda não tenho alcançado tudo o que queria alcançar a nível profissional e ainda quero experimentar novas coisas que nunca fiz a esse nível. Sinceramente, em termos de um local que aceite bem pessoas que não se querem deixar cair na norma da sociedade, esse local é Londres, por isso não podia estar num melhor local para entrar na nova década.
Mas então, se vivo num local que não segue necessariamente as regras da sociedade e que aceita bem as diferenças, e se não quero saber do que as outras pessoas pensam sobre o que eu faço ou deixo de fazer com as decisões da minha vida, porque é que estou chocada/ansiosa da aproximação a esta nova década? Não sei.
Adorava ter a razão bem identificada, mas não tenho essa resposta. Sem dúvida não está relacionado com opiniões ou expectativas do que deveria ter atingido ou deixado de atingir. Todos nós entramos nessa década mais cedo ou mais tarde, faz parte da vida e quero vivê-la ao máximo e passar por todas as fases que ela pode trazer. Mas quanto mais penso nisso, a única razão que encontro é essa imagem que eu própria tenho do que os 40 representam. Não é a sociedade que tenho que culpar, sou eu! Sempre vi os 40 como uma idade em que se leva as coisas a sério, é definitivamente uma idade adulta, e é essa associação que me faz ficar a pensar na importância da entrada nessa nova década. Mas eu sei que tenho que aceitar e abrir os braços para essa nova fase em vez de rejeitar essa ideia. É algo inevitável portanto será bem melhor se, na altura em que lá chegar, eu já estiver totalmente mentalizada e preparada para receber esta nova década de vida. Por isso também quis escrever este post sobre o assunto. Faz bem colocar as nossas ideas em escrita porque ajuda a ter uma nova perspectiva e organizar a confusão que por vezes temos em mente. Também adorava saber como outros possam ter recebido a entrada nos 40 ou como é a sua percepção para a futura entrada caso também se estejam a aproximar da data.
Entretanto eu vou também querer começar a pensar em como vou celebrar esse aniversário. Para já alguns amigos já fizeram celebrações em grande, desde alugar um cocktail bar só para a festa deles, ou organizar um fim-de-semana fora com amigos. Ainda não sei como vou querer celebrar o meu, mas sei que quero que seja uma festa em grande, ou, melhor ainda, uma sucessão de várias festas
Daqui a uma semana e 3 dias as primeiras lojas não essenciais vão finalmente poder abrir. Entrámos no nosso terceiro confinamento aqui em Inglaterra a 5 de Janeiro e, desde essa altura que as lojas não essenciais não voltaram a abrir, que não podemos viajar, que não nos podemos encontrar com mais do que um amigo fora de casa. Faz mais de 4 meses nesta situação em que os nossos dias, noites, fins-de-semanas são idênticos ao outro anterior. Foram 4 meses em que temos estado a viver o 'Groundhog Day' continuamente. Só que em vez de passarmos o dia num festival cheio de pessoas onde temos a oportunidade de socializar e conhecer cada pessoa melhor, passamos os dias a fazer passeios sozinhos ou com as pessoas que vivemos, a ouvir podcasts, tentar ser imaginativos com a culinária e ver séries sem fim no Netflix.
Devo dizer que este ano permitiu-me conhecer melhor a zona onde vivo do que nos 6 anos anteriores em que já estava na zona. Neste momento penso que já não há qualquer rua num rádio de 5 km por onde ainda não tenha passado. Isso é positivo não é? Sempre é bom conhecer bem a zona onde se vive. Não seria bem o que teria escolhido fazer num ano normal mas há que olhar pelo lado positivo da coisa.
Esta fase também nos ajudou a parar e pensar mais na vida que vivemos, o que alcançámos e o que ainda queremos alcançar. E devo dizer que, pelas conversas que tenho tido com muitas pessoas, isso não tem sido necessariamente uma actividade positiva. Afinal, quando temos uma vida ocupada e não estamos a atingir aquilo que queremos - quer seja o trabalho que fazemos; o lugar onde vivemos; estarmos a partilhar a nossa vida com a pessoa certa; ou fazer o projecto que temos planeado à anos - temos uma desculpa para não os termos atingido porque estamos demasiado ocupados. Agora de repente temos tempo. Tivemos um ano inteiro de tempo, e apesar de haver o desconfinamento em vista, não temos a certeza total de que efectivamente vamos voltar à normalidade que conhecíamos em 2019 para breve. E com todo este tempo é inevitável que tenha havido muita ansiedade, depressão, incertezas, porque não são muitas as pessoas que podem dizer que está tudo bem com elas e que têm a vida exactamente como elas queriam. Pelo contrário, acho que nunca ouvi tantas pessoas dizerem num espaço de tempo tão pequeno de que esta não era a vida que imaginaram para elas.
Conheço quem se queira divorciar porque se apercebeu, com o confinamento, que estar 24horas com o pai do filho só lhe traz desgosto; quem decidiu que vai ser mãe solteira porque quer mais que tudo ser mãe mas que já não sente qualquer esperança de ter tempo para conhecer o futuro pai dos filhos a tempo de engravidar enquanto ainda é jovem o suficiente para o fazer com segurança; conheço quem se apercebeu que escolheu a carreira errada mas que enquanto não sairmos do confinamento não pode fazer uma mudança; conheço também quem tenha decidido optar voltar ao trabalho que tinha deixado à anos atrás porque o confinamento não lhe permitiu continuar a seguir o seu sonho;conheço também quem tenha visto os seus negócios aceleraram de uma forma que nunca teria acontecido se não fosse a pandemia e que, agora estão muito melhor financeiramente do que o que estavam à um ano atrás; conheço quem decidiu mudar-se para o campo para poder ter o espaço e o conforto que acha que nunca vai poder ter na cidade; conheço também quem se tenha enroscado de tal forma em casa com receio e ansiedade de apanhar o vírus que agora se sente altamente desconfortável por sair de casa e não gosta da ideia de voltar a encontrar-se com pessoas.
Esta pandemia trouxe-nos mais que muitas mudanças na vida e dúvidas que colocaram em perspectiva e em questão as nossas decisões. Tem havido muita tristeza associada com tudo isto mas eu espero que este ano de introspecção, nos ajude a termos força para podermos tomar as decisões que precisamos de tomar para fazermos as mudanças que sejam necessárias baseadas naquilo tudo que andámos a pensar e que concluímos. Somos nós os donos das próprias vidas e devemos vive-las como quisermos pelo que espero que daqui a um ou dois anos, quando olhar para trás para este período, em vez de apenas pensar em todas as coisas negativas que estão intrinsecamente associadas a este período, que consiga também ver as mudanças que eu e as pessoas que me envolvem fizeram para melhorar de uma forma ou outra aquilo que achámos que não estavam bem certo.
Entretanto só espero que o Governo Britânico esteja correcto, e que este terceiro confinamento que estamos quase a terminar, tenha sido mesmo o último para podermos finalmente passar esta fase e sair do 'Groundhog Day'. A ver vamos...
Ontem acordei chateada, triste, zangada com tudo e com todos:
estou sem emprego na pior fase para se ter perdido o emprego em que nenhuma empresa vai entrevistar/contratar ninguém nesta época de incerteza onde todos estão a trabalhar de casa
todos os eventos a que eu me tinha registado foram cancelados
não me posso encontrar com os amigos
os ginásios estão a fechar
Basicamente, tudo aquilo que me dava alegria todos os dias e me motivava durante esta fase de procura de novo emprego deixou de existir. E ao acordar ontem e de repente ter a realização de que era segunda-feira, e que esta era a minha realidade actual, bati no fundo desanimada com a situação. Ao menos estava um dia de sol e decidi sair à tarde para dar um passeio e arejar a cabeça.
Com a minha música nos ouvidos, o sol a bater na cara e as ruas semi-vazias de Londres como minhas companheiras (não se preocupem, mantive-me a mais de dois metros das pessoas por quem passava) comecei a pensar em como melhor passar por esta fase de forma a não entrar em constante negatividade e passo a partilhar.
Aceitar: Antes de poder colocar em práctica quaisquer actividades para passar o tempo nesta altura, há que aceitar a situação. Há que aceitar que não gostamos da situação, mas como não a podemos evitar, o melhor que temos a fazer para o nosso próprio bem e o bem dos outros é seguir as regras o mais possível e adaptar a nossa vida à actual situação.
Mantermo-nos activos: com isto refiro-me ao exercício. Só porque os ginásios estão fechados, não quer dizer que não podemos fazer exercício ao ar-livre ou em casa. Pelo menos, para já, nada nos impede de ir exercitar ao ar-livre, e num dia de sol, sabe super bem correr num parque ou andar de bicicleta. Com umas amigas decidimos a partir de ontem exercitar juntas virtualmente. Ou seja, começamos ao mesmo tempo nas nossas respectivas zonas, e enviamos fotos antes e depois do exercício. Ontem à noite foi com uma aula de Yoga com a Adriene, e hoje de manhã foi uma corrida ao ar-livre. Ainda vou instigar fazerem comigo os exercícios da Madfit que gosto muito dos exercícios moderados e intensos dela.
Aprender algo novo: para quem não está a trabalhar ou que tenha o horário de trabalho reduzido, nada como utilizar o novo tempo disponível para aprender algo novo. Hoje em dia existem muitos cursos online, quer sejam cursos de longa duração, cursos curtos prácticos e técnicos que sejam úteis para a vossa profissão ou novos hobbies que podem desenvolver - desde aprender programação, ou a usar Photoshop, estudar arte, aprender uma nova língua, etc. Eu já comecei uma lista das coisas que quero aprender. Vou ter que prioritarizar porque também convém focar numa coisa de cada vez se efectivamente quizermos ter sucesso na aprendizagem.
Ler novos livros: Uma livraria na zona de Hackney lançou uma ideia muito interessante que é também uma boa forma para podermos ajudar os pequenos comerciantes como esta livraria a sobreviver nesta fase - basta comunicar à livraria qual o último livro de que gostámos e eles enviam para casa um livro que acharem que vamos também gostar baseado nessa referência. Por favor tentem ajudar os vossos negócios locais nesta fase e comprem através deles em vez dos grandes retalhistas. Muitos dos pequenos negócios hoje em dia têm forma de comprar online.
Ouvir novos podcasts/ver novas TedTalks: quer estejamos com vontade de rir à gargalhada ou de ouvir opiniões sobre o que se está a passar no mundo, existe uma variedade enorme de podcasts e Ted Talks sobre todos e os mais diversos tópicos. Entre os meus podcasts favoritos gosto do Guardian 'Today in Focus' para assuntos actuais, gosto do podcast da 'Marketing Week' para estar a par do que se passa no mundo do marketing, e gosto do 'Guilty Feminist' para lazer/me fazer rir um pouco. Se alguém tiver recomendações de novos podcasts, adorava saber delas, principalmente de podcasts com sentido de humor que toquem em assuntos actuais aos quais nos podemos relacionar e que não sejam mais de 30minutos.
Aprender novos dotes de culinária: Já pedi a uma amiga para me dar o fermento que ajuda a iniciar a fazer pão Sourdough, para começar a fazer o meu próprio pão em casa também. Esse é apenas uma ideia, mas existem tantas receitas boas a que nos podemos dedicar a experimentar enquanto temos este tempo todo nas mãos fechados em casa. Este fim-de-semana passado, por exemplo, dedicamo-nos a fazer um Ramen e um bolo de amêndoa. Ficaram ambos deliciosos :-)
Escrever um diário: Pelo menos, para mim, ajuda-me imenso deitar para fora aquilo que tenho cá dentro, e ao escrever por exemplo este post, ajuda-me a organizar as minhas ideias sendo que estou a tentar partilhá-las convosco da forma mais simples possível. Espero que estas ideias venham a ajudar quem esteja a passar pela mesma fase de negatividade, e que me ajude a mim a ver o lado positivo desta situação. Nem todos têm interesse em escrever num blog, mas existem imensas razões pelas quais é beneficiante para as pessoas passarem para o papel aquilo que lhes vai na cabeça.
Organizar as gavetas: Afinal estamos a entrar na primavera, e com as temperaturas a subir, vamos começar a poder usar roupa mais fresca, portanto, a não ser que tenham muito espaço em casa para manter toda a roupa a jeito para o ano inteiro, esta é uma boa altura para organizarem as vossas gavetas, colocar as camisolas no baú, e tirar do baú as roupas mais frescas de meia estação. Ao fazerem isso, dêm-lhe uma de Marie Kondo, e livrem-se das roupas e acessórios que já não utilizam à muito tempo e que não vos trazem alegria. As lojas de caridade concerteza que vão apreciar receber as roupas que vocês já não usam mas que ainda estão boas.
Fazer administração da vida: Todos nós temos aquelas coisas para fazer que andamos a adiar à meses - organizar as fotografias em albúms no computador, procurar um novo fornecedor de energia que ofereça energias renovàveis, mudar para uma conta a prazo que vos ofereça melhor juros, etc. Se começarem a pensar no assunto, vão encontrar imensas coisas que devem tratar, e nada como umas horas em casa a pesquisar na net para encontrarem a melhor solução.
Socializar com os amigos virtualmente: OK, podemos não nos encontrarmos fisicamente, mas isso não é razão para não passarmos tempo com os amigos. Estou a combinar com umas amigas fazermos uma 'virtual wine night' - basicamente cada uma em casa com a sua garrafa de vinho ligadas a um Google hangout para nos vermos a todas e poder-mos conversar tal como se estivessemos no pub. Não sei bem como a coisa vai decorrer, mas nada como tentar.
Nada como uma corrida ao longo do Regent's Canal para acalmar a mente
Ontem passei o dia no Stylist Live, um evento organizado pela revista Stylist que é oferecida ao público junto às estações de transportes principais de Londres todas as quartas-feiras. Para quem não conhece a revista, a Stylist tem sido um autêntico fenómeno de sucesso dentro das revistas femininas, porque ao contrário da maioria, não se concentra em bisbilhotices sobre as celebridades, mas sim apresenta jornalismo inteligente que trata de temas tais como o papel da mulher no ambiente de trabalho, entrevistas com mulheres que ofereçam inspiração para outras, viagens, eventos e moda. Todos os anos organiza um evento que conta com várias palestras, uma zona de passarelle de modelos, workshops, assim como uma zona de exibição onde há desde cabeleireiros e salões de unhas que embelezam as participantes gratuitamente, até várias marcas de moda, joalharia, comida, bebida, etc. que apresentam os seus produtos e oferecem imensas amostras.
Digamos que passei lá todo o dia e não fiquei aborrecida. Gostei principalmente do que aprendi durante as palestras. A primeira que ouvi foi dada pela fundadora da marca de papelaria Kikki.K, Kristina Karlson, que focou no valor de manter um diário. Ela escreve 3 páginas no seu diário todas as manhãs, mas ao contrário da forma como geralmente pensamos sobre um diário, onde escrevemos para mais tarde recordar, no caso dela, ela escreve para deixar sair todos os seus pensamentos, mas nunca mais volta a ler as páginas que escreveu, e muitas vezes, até queima o que escreveu. A lógica dela é que, ao deitarmos para fora num papel tudo o que vai na nossa mente nesse dia, ajuda a reflectir no que nos tormenta e no que nos torna feliz, ajudando a contrabalançar as ideias e tomarmos acções para o dia que está pela frente. Ainda nunca tinha pensado bem nesse benefício que um diário pode trazer, mas acho que o que ela diz tem muita lógica. Sem dúvida, quando coloco as ideas no papel, ajuda-me a pensar mais sobre elas e a reflectir em possíveis soluções, caso uma solução seja necessária. Acho que muitas pessoas conseguem alcançar o mesmo tipo de resultado quando fazem meditação. No meu caso, costumo fazer esse tipo de reflexões quando vou correr junto ao canal ou no parque. O ar da rua e silêncio matinal também costumam ajudar-me a reflectir sobre o dia, e sobre as coisas boas e as coisas que me atormentam de forma geral. Mas gostei da sugestão do diário também como uma boa alternativa para passar os pensamentos.
Uma outra palestra que achei interessante foi a discussão entre os autores de dois recentes livros 'Everywomen: One woman's truth about speaking the truth' e 'How not to be a boy'. Respectivamente, estou-me a referir a Jess Phillips, que é uma MP do Partido Trabalhista que representa Birmingham e o actor/comediante Robert Webb. A Jess é conhecida pela sua luta pela presença de mais mulheres no Parlamento e o seu livro fala sobre as várias situações por que as mulheres passam ao longo da vida onde são humilhadas por homens ou forçadas a passar por situações que não querem passar, e o livro oferece ideias e sugestões que podem ajudar essas mulheres a aperceberem-se de que têm o direito e dever de dizer que não, ser mais fortes, acreditar mais em si mesmas, e lutar pelo que querem. O livro do Robert retrata a sua própria infância e as dificuldades por que passou ao crescer como um rapaz sensível que gostava de poesia e detestava desporto numa sociedade onde os rapazes deviam fazer exactamente o oposto daquilo que ele queria, e onde fala também da sua próxima relação com a mãe e da sua dificuldade em ultrapassar a morte dela quando ele tinha apenas 17 anos. A forma como apresentaram os livros foi extremamente atraente, e resultou em grandes filas com pessoas a esperarem para ter os seus novos livros assinados pelos autores.
Outras palestras de interesse foram uma onde Jess Phillips, Catherine Mayer (a co-fundadora do Partido da Igualdade das Mulheres) e Nimco Ali (Activista pelos direitos sociais, geralmente relacionados com a igualdade das mulheres, raça e religião) falaram sobre a importância de cada uma de nós estar atenta à política nacional, a importância do voto, e porque é que não devemos ignorar o que se passa à nossa volta a nível político. Gostei também muito de uma outra onde a empreendedora Debbie Wosskow falou da sua história, lutas e sucessos relacionadas com o lançamento e venda de duas empresas e, do seu actual projecto Allbright, que é efectivamente uma organização que oferece treino e apoio financeiro para mulheres que também querem lançar a sua própria empresa. Fica a informação sobre esta organização, caso esta venha a ser útil para algumas das leitoras do blog.
De forma geral, foi um dia muito bem passado e voltei para casa cheia de entusiasmo e com novas ideias para aplicar no meu dia-a-dia.
Como já tinha mencionado neste post, nos dias seguintes ao Natal recebi a má notícia de que um dos nossos amigos tinha falecido enquanto estava de férias em Bali. Ontem decorreu um memorial em sua honra, que foi totalmente diferente do que aquilo que esperaria de um memorial. [Quando escrevi o título fiquei na dúvida se esta palavra tem o mesmo sentido em Português? Geralmente antes de um funeral em Portugal decorre o velório, mas num velório geralmente está em presença o caixão. Pelo que não sei se o termo 'memorial' também se usa em Portugal quando o corpo não está presente?]
A família dele sabia que ele gostava muito de ir a festas, festivais, etc., e que se gostava de mascarar para tais eventos. Como tal, pediram aos convidados para virem vestidos de forma colorida, tal como se estivessemos num festival, em memória dele. Assim o fizemos. Senti que o início da noite estava um bocadinho mais pesada, ao chegarmos e vermos fotos dele por todo o lado que representavam muitos momentos da sua vida - os seus imensos amigos, muitas actividades e viagens, por exemplo. Houveram também uns pequenos discursos que sem dúvida trouxeram lágrimas a muita gente naquele momento. Mas ao acabarem os discursos, um dos amigos dele já tinha a mesa de DJ preparada e colocou música para o resto da noite. Outra amiga, passou a noite a pintar as caras dos convidados com brilhantes, tal como se de um festival se tratasse, e com o decorrer da noite estavam todos a dançar como se estivessemos num festival. Desrespeito pelo momento? - Não, de modo algum. Tudo foi pensado para fazer daquela noite uma comemoração à vida do Tom, tal como ele gostaria de fazer ele próprio.
Um gesto que achei muito bonito, foi que a família decorou o local com pequenas plantas com o intuito de que os convidados levassem com eles para casa as plantinhas e cuidassem delas em memória do Tom.
Estou a terminar o ano com notícias tristes. Um rapaz que conheço que faz parte de um grupo de amigos, foi passar o Natal e Ano Novo à Indonésia. Anteontem alguém colocou na sua página do Facebook uma mensagem a pedir para que os familiares dele entrassem em contacto consigo. As notícias que sucederam foram as piores que alguns pais poderiam receber - o seu filho na noite anterior tinha decidido ir nadar à noite e o seu corpo foi encontrado na manhã seguinte na praia.
Ao escrever isto, e cada vez que penso no sucedido, mal consigo conter as lágrimas e sinto uma sensação de que não consigo acreditar que ele simplesmente tenha desaparecido assim, sem mais nem menos, numa noite em que possivelmente se estava a divertir imenso. Ainda tinha estado a conversar com ele numa festa à poucas semanas atrás, e de repente nunca mais vou voltar a falar com ele. Tinha 34 anos, estava a arranjar a casa dele, era uma pessoa super descontraída e animada. Não o conhecia bem, mas ele era uma das pessoas do grupo que sabia que ía vendo de vez em quando e aos poucos ía conhecendo-o melhor.
É tão estranho, confuso e revoltante o sucedido e só nos faz pensar como nunca podemos dar nada por certo, porque tudo aquilo que temos ou conhecemos como certo, as pessoas que nos rodeiam e nós próprios, de um momento para o outro, podem deixar de ser. E relembra-nos que quer estejamos num ambiente que nos parece seguro ou não, para termos atenção e tomar cuidado com as nossas decisões e atitudes, e para que tenhamos sempre a consciencia dos nossos actos. Mas que enquanto o cuidado é necessário, para também não deixarmos de fazer coisas só porque não sejam 100% seguras. A vida é curta e temos que aproveitar, e temos que tirar vantagens de todos os dias que temos à nossa frente e tentar fazer algo todos os dias que nos faça sentir bem e nos dê algum tipo de alegria. Aproveitar cada dia para chegar mais próximo dos nossos objectivos, quer esses objectivos sejam profissionais e/ou pessoais, quer esses objectivos involvam passar o tempo a descansar num spa ou inventar uma nova tecnologia. Todos somos diferentes e todos temos diferentes interesses que sejam importantes para nós. Quaisquer que esses interesses sejam, temos é que aproveitá-los ao máximo de forma a que, no dia em que deixarmos de existir, quer seja daqui a pouco ou muito tempo, que tenhamos a noção que o tempo que tivemos, mesmo que não tenha sido o suficiente para fazer tudo aquilo que queriamos, que tenha sido um tempo bem passado.
Tinha eu 15 anos quando li um artigo de jornal em que o jornalista começou o artigo assim "Faz hoje 15 anos que celebrei os meus 15 anos". Nunca mais me esqueci desse artigo porque achei interessante a retrospectiva que o autor estava a fazer aos seus últimos 15 anos de vida, quando estava a entrar numa nova década da sua vida. Eu, tendo 15 na altura, senti que estava "no outro lado da moeda", e que tinha uma espécie de tela branca à frente que me permitia pintar a minha vida como bem quisesse durante os 15 anos seguintes. Talvez por isso tenha ficado sempre com a ideia de que fazer os 30 seria um marco importante na minha vida.
Hoje cheguei a esse marco, e ao olhar para tráz vejo que a tela tem algumas imperfeiçoes e que não ficou desenhada bem da forma que eu queria, nomeadamente a nível profissional não estou no nível de senioridade e salário que queria e a nível pessoal já queria ter encontrado o "Mr. Right" por esta altura. No entanto, de forma geral, fico contente por ver que esta é uma pintura bonita de que me orgulho. Aos 15 anos ainda estava eu a entrar para o ensino secundário, e desde então aconteceu tanta coisa! - a minha entrada para a faculdade, o meu Erasmus em Londres, as primeiras entrevistas, os percalços dos primeiros empregos e o esboço que comecei a delinear da minha carreira profissional. Tantos foram os diferentes grupos de amigos, muitos que vieram e foram, outros que ficaram; os namorados e as zangas - aqueles que nos fazem sentir que o mundo já não faz tanto sentido sem eles, mas que passado um tempo já nem nos passam pela cabeça; as saídas à noite e as primeiras sensações de ressaca - daquelas em que prometemos para nós próprios que nunca mais voltamos a beber, mas que ao fim de alguns dias esquecemo-nos da promessa. As diferentes viagens com a família, amigos e trabalho e as experiências e lembranças deixadas por cada uma delas. Os momentos de maior sucesso no trabalho e aqueles em que só me apetecia chamar nomes ao meu patrão ou colegas. Os momentos dedicados a mim mesma em que me concentro numa profunda tristeza, e os momentos de completa alegria em que me sinto no topo do mundo.
Um pouco mais de metade da minha tela foi pintada em Londres, e, apesar das linhas escuras pintadas nesse lado da tela, a maior parte da pintura é feita de cores alegres que me fazem agradecer o momento em que tive a oportunidade de vir para esta cidade. Sinto que mudei imenso como pessoa ao longo destes anos, aprendi e cresci. A minha vida em Londres e as experiências que aqui tive fazem de mim a pessoa que sou hoje e estou contente com o resultado. Há coisas que queria ter pintado na altura a que chegasse aos 30 e que não pintei, mas pensando em retrospectiva - há alguma coisa que eu teria feito de forma diferente ou alguma oportunidade que me arrependo de não ter apanhado? - De forma geral, a resposta é não. Claro que agora sei que talvez deveria ter tomado algumas decisões diferentes em certas alturas, mas como costumo dizer - é a viver e a tomar as decisões erradas que se aprende para melhorar no futuro.
Agora que cheguei a este marco da minha vida parei a pintura desta tela e vou deixá-la como está. Fica pendurada na minha memória para que sempre que queira, possa rever, repetir boas tomadas de decisão e lembrar de evitar cometer os mesmos erros. Há minha frente, tenho uma nova tela branca na qual irei desenhar os próximos 15 anos da minha vida. É entusiasmante ter novamente a mesma perspectiva que tinha quando aos 15 anos - a perspectiva de que posso fazer o que quiser da minha vida durante os próximos 15 anos e o entusiasmo para alcançar aquilo que pretendo. Venham daí mais 15!
Quero aqui deixar neste post o link para a música St. Louis Blues de Sidney Bechet, por nenhuma outra razão de que calhou ser esta a música que estava a ouvir quando comecei a escrever este post e que acho que o acompanha bem.