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Tuga em Londres

A vida de uma Lisboeta recentemente Londrina.

100 dias de lockdown em fotos

Marcou esta semana os 100 dias de 'lockdown' no Reino Unido. Mal dá para acreditar que já estamos há tanto tempo nisto mas é um facto. Durante este tempo todo, a minha vida, como a da maioria da população Britânica e do mundo, tem sido passada em casa, mas fui captando alguns momentos ao longo deste período e aqui fica a história:

 

Aprendi a fazer pão, e felizmente agora os meus pães parecem muito mais com o da direita do que os da esquerda

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E fartei-me de fazer doces, porque nada como nos encher-mos de açucar quando estamos fechados em casa sem fazer nenhum 

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Ah, e claro que me entreti a experimentar novas receitas culinárias

(basicamente, mal saí da cozinha)

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Socializei entre jantaradas e bebidas através do Zoom

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E dancei por casa ao som dos muitos streams de música ao vivo

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Durante o dia passei muito tempo dedicada a vários projectos novos e outros antigos e claro, à procura de emprego, se bem que entre Março e Maio isso era quase impossível 

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Quando saía de casa passava o tempo em filas

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Ou ía passear de bicicleta pelas ruas e parques de Londres

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E muitos kilómetros eu percorri a pé pelos canais de Londres

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Londres parecia uma cidade fantasma com todas as lojas fechadas

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Comecei a encomendar comida e bebida online

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Gostei de ver a comunicação espalhada pela cidade com o intuito de nos animar e encorajar a ajudar uns aos outros

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Quando as condições começaram a ficar menos restritas passei algumas tardes solarentas pelos parques e a ter os primeiros encontros com amigos à distância

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Esta semana comecei a ver os primeiros sinais de preparação de abertura dos bares e restaurantes para este fim-de-semana

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A vida vai finalmente começar a aproximar-se um pouco mais da normalidade com a abertura dos bares, restaurantes, cabeleireiros e afins. Enquanto o virús por aqui andar, não vai ser igual como era antes, mas é um passo no caminho certo. 

Festas virtuais durante a quarentena

Durante estes últimos meses, com a falta da interacção social cara-a-cara, restou-nos a muitos, a oportunidade de fazermos festas virtuais com amigos. Claro que não é o mesmo que estar numa festa em casa de alguém ou num bar. A interacção nunca é a mesma, até porque enquanto numa festa pessoal, várias conversas podem acontecer em simultâneo, no caso de uma festa virtual isso torna-se mais complicado, mas não deixou de ser uma boa alternativa. Já aqui tinha falado antes no tipo de jogos que muitas pessoas têm estado a fazer em video-conferências, mas desta vez queria antes falar das festas com live streams de música, que também têm sido muito populares. 

 

Nem todos os live stream serão associados a uma 'festa', mas podem sê-lo quando, ou têm um dos vossos amigos a tocar música para vós ou combinam ouvir o mesmo live stream enquanto estão a falar no zoom. Fui a duas festas virtuais desse género. Na primeira, um amigo estava a tocar directamente a partir do zoom, o que não foi ideal, porque o som era transmitido apenas a partir do som do computador, e como tal não se ouvia a música claramente. Mas da segunda vez, outro amigo fez uma sessão de DJ transmitida através de um live stream no Twitch, a partir do qual conseguiu que o som passasse directamente do sistema de DJ para o software do Twitch, e como tal, a qualidade estava perfeita. É necessário alguma preparação para fazer um live stream por ser necessário ter certo equipamento como um 'encoder', e a música tocada não poder infringir os direitos de copyright dos autores da música, mas existem vários tutoriais online que explicam como fazer um live stream a partir do Twitch, Facebook ou Youtube. 

 

De qualquer forma, sintonizarem com amigos ao mesmo livestream também pode ser uma boa ideia para poderem fazer a vossa própria festa virtual sem terem que lidar com a organização de um live stream. 

 

Tal como numa festa presencial, a virtual também começou com conversa em que íamos mandando mensagens uns aos outros no zoom (visto que tinhamos que manter os nossos microfones em silêncio para conseguir ouvir a música), mas depois de algum tempo e algumas bebidas, as pessoas começam a levantar-se e dançar nas suas respectivas casas, como se tivessemos a dançar numa festa no mesmo espaço. É um pouco estranho ao início, mas passado pouco tempo estava tudo habituado à ideia e a dançar ao som da música nas respectivas salas. 

 

Quanto aos live streams, encontram de todo o género de música. Basta irem à secção 'Live' no Facebook ou Youtube e pesquisarem entre os variados live streams que estejam a haver no momento por aqueles que mais gostarem. Ou organizações como o Sofar Sounds também estão a fazer live streams de artistas menos conhecidos espalhados pelo mundo todos os dias. 

 

Empresas também têm organizado festas de zoom com acesso a centenas de pessoas e encontrei esta gravação de uma delas no youtube:

 

Agora ninguém quer sair da quarentena?

Durante as últimas 7 semanas, entre conversas que tenho tido com amigos, a artigos que tenho lido, podcasts que tenho ouvido, e posts nas redes sociais que tenho visto, notei uma tendência para emoções negativas relacionadas com a quarentena. 

 

As razões da negatividade eram mais que muitas: 

  • Era a amiga que estava com a ansiedade mais acentuada que o normal nesta fase por causa do isolamento social;
  • Era a outra amiga que também estava com ataques de ansiedade e depressão por ter ficado sem emprego;
  • Eram os inúmeros artigos dedicados a alertar pessoas para cuidar da sua saúde mental durante a quarentena e aconselhar a praticar meditação;
  • Eram os comentários nas redes sociais a envergonhar e apontar o dedo a quem tenha saído à rua por não estarem a cumprir com o isolamento social (mesmo que uma atitude não influencie necessariamente a outra);
  • Era os inúmeros webinars a dar recomendações sobre como lidar com as finanças pessoais e corporativas durante a quarentena;
  • Era os familiares idosos com medo de sair de casa com receio de apanhar o vírus;
  • Eram as newsletters que falavam das dificuldades de se estar sozinho ou solteiro neste período da quarentena.

 

Em resumo, isto têm sido 7 semanas em que só se tem falado de desgraça! Portanto podem imaginar a minha surpresa quando nesta sexta-feira passada, quando estava numa vídeo-conferência do Zoom com amigos, alguém perguntou quem tem estado a gostar da quarentena, e umas 7 (eu não fui uma delas) das 10 pessoas que estavam na chamada levantaram a mão a concordar de que estavam a gostar! - Oquê?? 70% das pessoas estavam a gostar da quarentena? Principalmente sabendo que algumas delas tinham tantas razões negativas relacionadas à quarentena, e apesar disso agora, numa altura em que se vêm os primeiros passos para sair de quarentena, as pessoas começaram a gostar desta situação de isolamento em que nos encontramos?

Depois no Domingo, leio a newsletter do The Single Supplement em que a autora diz quetambém ainda não estava preparada para sair da quarentena (na altura em que enviou a newsletter ainda não sabíamos quais iam ser as medidas a ser anunciadas pelo Governo nessa noite) . O quê?! Mas então ninguém quer sair da quarentena agora?

 

Primeiro ninguém gostava nada desta situação, e agora que estamos a começar a sair, querem ficar confinados mais tempo em casa? Então perguntei aos amigos o porquê de dizerem que estão a gostar da quarentena, e o sentimento geral é que finalmente, após as primeiras semanas de desgosto e desânimo, já encontraram uma boa rotina, e até que estão a gostar dela. As razões principais que indicaram foram as seguintes:

  • quem perdeu o trabalho, está a gostar de não ter obrigações, e o facto de haver muito pouca ou nenhuma oferta de emprego relevante para eles, faz com que não exista a pressão de procurar emprego, logo sentem uma certa libertação dessa responsabilidade e da responsabilidade de trabalhar de forma geral;
  • quem se sentia com problemas financeiros ao início da quarentena, já se habituou à ideia de estar a receber menos durante este período - basicamente as ajudas que o Governo está a oferecer aos que têm direito - mas também aproveitaram para fazer uma revisão de todos os custos mensais que tinham, cortaram com vários custos desnecessários, e também estão a gastar muito menos dinheiro durante esta fase porque simplesmente não há muito em que gastar dinheiro aparte de comida e bebida, e que portanto sentem-se bem com a estabilidade encontrada a nível financeiro;
  • outros estão a gostar do tempo de qualidade que têm passado consigo próprios ou com os parceiros - alguns dedicaram-se a fazer coisas novas, outros simplesmente aproveitaram para dar mais passeios;
  • outros estão gratos pela calma que este tempo lhes tem trazido e por não sentirem as habituais obrigações sociais de ir a certas festas ou eventos sociais. 

 

Não deixa de ter vindo a ser interessante ver as mudanças do estado emocional das pessoas ao longo desta quarentena. Infelizmente acho que ainda está longe de acabar, mas para já, acho que este gráfico representa bem o que tem acontecido até aqui:

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Os benefícios da quarentena

Sim, leram bem - benefícios. Isto afinal não pode ser só negatividade e 2020 não tem que ser um ano totalmente para esquecer. Quando comecei a pensar no assunto, até que encontrei vários. Ora vejam lá se não são coisas boas:

 

  • Andar de leggings e t-shirt o dia todo, todos os dias - ou pode ser o pijama, o fato de treino, o que quiserem, o importante é que não precisam de perder tempo a pensar no que vão vestir todas as manhãs (OK, se tiverem uma vídeo-conferência com o trabalho convém mudar a parte de cima para algo mais apresentável, que geralmente não é considerado muito profissional ir para reuniões com uma t-shirt do Winnie-the-Pooh.
  • Ter muito menos roupa para lavar - logo não tenho que estar sempre a ver roupa a secar que era uma chatice, e a parte melhor disto tudo é que a roupa que efectivamente lavo, não precisa de ser passada a ferro, e mesmo que precise,... quero lá saber!
  • Não ter que fazer maquiagem todos os dias que a nossa pele até agradece que já há anos que não tinha os poros tão limpos como agora. Se bem que, tenho que confessar que comecei a colocar só um bocadinho de rimel nos olhos quando vou à loja, para ter a sensação de que vou a algum sítio especial. E de certeza que a senhora do offlicense até agradece o esforço por não lhe aparecer com o aspecto de quem acabou de sair da cama. 
  • Não ter FOMO por todas as festas que estão a perder - não existem festas nenhumas portanto ninguém está a perder nada. Literalmente o único FOMO que podem ter é de saber que o amigo já conseguiu ver mais séries do Netflix que vocês.
  • Verem todas as séries e filmes que tinham na lista à anos e finalmente terem uma razão para começar a ver todos os outros filmes mais sinistros que não vos atraía nada, mas quem sabe, até podem encontrar umas pérolas por lá. 
  • Poupam imenso tempo por não ter que viajar todos os dias para o trabalho, que podem dedicar a ver mais séries no Netflix.
  • Não têm que lidar com o cheiro de suor do suvaco das pessoas mais altas que insistem aparecer sempre no metro em hora de ponta. 
  • Com tanta refeição em casa aprendem a cozinhar novas refeições - ou será que isso é mais negativo que positivo? Afinal, significa que estamos sempre a cozinhar e não podemos ir a nenhum restaurante bom. - É melhor não pensar nisso. Esqueçam esta. 
  • Com o tempo todo extra que têm podem utilizá-lo também para aprender coisas novas - como fazer um curso, começar a vossa própria empresa, aprender uma língua,... ou então não aprendem nada e utilizam antes o tempo para ficar de papo para o ar a apanhar o sol da varanda sem fazer nenhum, que sabe melhor ainda. Isso, ou vêm mais Netflix. 

 

E foram esses o benefícios de que me lembrei. Se já tiverem encontrado mais, indiquem, que o que precisamos hoje em dia é de coisas positivas 

Ainda dou em padeira

Eu posso estar sem trabalho e fechada em casa, mas aborrecida é uma coisa que não tenho estado. Lá tive um dia em baixo na semana passada, mas tal como costumo fazer noutra situação, começo a entreter-me com projectos diferentes e isso faz-me distrair e concentrar noutra coisas, e consequentemente, sentir-me melhor. 

 

Tenho seguido algumas das ideais sobre as quais escrevi por aqui e uma delas é que, agora como tenho o 'fermento de sourdough' (se alguém souber o que se chama em Português a um Sourdough Starter agradecia. Será que 'fermento de sourdough' está correcto?), para manter a cultura viva tenho que activá-lo pelo menos uma vez por semana. Por isso estou-me a dedicar a fazer produtos de padaria com ele durante os próximos tempos. 

 

No fim-de-semana passado, tinha feito pão e este fim-de-semana dediquei-me a fazer pão novamente e também aprendi a fazer brioche, que adoro! Ficaram todos bem e, o pão até ficou melhor desta segunda vez do que da primeira. Quanto mais se faz, mais se aprende como melhorar, claro está. 

 

Mas devo dizer que esta coisa de estar a aprender estas receitas, também me fez aperceber que apesar de gostar muito de brioche, se calhar devia não gostar assim tanto porque aquilo leva carradas de manteiga que nunca mais acaba. Digamos que não é propriamente o alimento mais saudável  OK, eu já sabia que esse tipo de pão doce leva muita manteiga, mas tem-se sempre uma perspectiva diferente entre comer algo que foi comprado já feito, e comer algo que fomos nós a fazer e sabemos exactamente os ingredientes que levou. É por essas e por outras que não se pode parar com o exercício durante estes dias que estamos de quarentena. 

 

Mas manteigas à parte devo concordar que esta coisa de fazer pão até que é bastante agradável. É interessante seguir os passos e ver como a forma como se amassa afecta o sabor do pão. É também entusiasmante olhar para a massa depois de umas horas de levedura e verificar que realmente cresceu! Acho que como passo sempre a vida num corrupio nem nunca tinha pensado na possibilidade de fazer pão por o considerar uma perca de tempo. Porque é que haveria de fazer pão quando a 15 minutos a pé de casa tenho acesso a 6 padarias excelentes (e de certeza que me estou a esquecer de mais algumas)? Mas esta situação em que estamos faz-nos colocar tudo em perspectiva - desde a forma como passamos o nosso tempo como a possibilidade de apreciar outras coisas novas. Nada como tentar aproveitar para ver o lado positivo que esta situação também nos possa trazer nem que seja a oportunidade para descobrirmos novos hobbies. 

 

Para a semana estou a ponderar entre utilizar o fermento de sourdough para fazer pizza ou para fazer Raviolis. Deixei agora na minha Story no Instagram a pergunta para lá poderem dar a opinião, mas se quiserem digam-me também nos comentários. Eu faço aquele que tiver mais votos e depois coloco os resultados no Instagram. 

 

Entretanto fica aqui o resultado dos brioches e pão de hoje 

 

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