Não quero passar mais um Natal sem poder ir a Portugal. A minha viagem está marcada para dia 24 (eu sei que é um pouco em cima da hora e que quanto mais próximo do Natal mais probabilidade há que algo que me impossibilite de ir aconteça, MAS ao ir no dia 24 de manhã cedo em vez de ir no dia 23 ou 22 poupamos £400 no preço dos voos!! Estão mesmo caras as viagens).
A minha dúvida se vou mesmo conseguir viajar ou se não é mesmo é, vocês adivinharam - Covid. Todos sabemos que os casos estão a crescer substancialmente. Mas não só estão a subir como já estiveram noutras alturas desde o início da pandemia, mas pela primeira vez, vejo esses casos subirem entre a minha rede de amigos e conhecidos. Nos meses anteriores, eu conhecia uma ou duas pessoas na minha rede de amizades ou amigos de amigos que já tinham contraído o vírus, mas desta vez, Londres está a ser atacada em forte.
Alguns amigos ficaram positivos em Outubro, depois foram colegas de trabalho, e seguidos de outros amigos. No sábado da semana passada tinha planeado ir a uma festa com amigos. Eu já estava com algumas dúvidas em relação a ir à tal festa, e nessa manhã, quando estávamos a fazer os teste antigen, um deles teve um resultado positivo. Esse facto tirou-me toda a dúvida que tinha sobre ir a essa festa e sugeri logo deixarmos de ir à tal festa e fazer um encontro só entre nós alternativo. Houve algum silêncio no nosso grupo de Whatsapp quando eu fiz essa sugestão, o que notava que todos estavam a pensar no assunto, mas não faltou muito para os primeiros dizerem que concordavam e deixamos todos de ir à tal festa. Afinal, entre nós, sabíamos que todos tínhamos feito a diligência de nos testar, mas muito provavelmente nem todas as pessoas da festa o fariam, e esta altura do ano é demasiado arriscada para ir a aglomeramentos porque ninguém quer ficar em casa em quarentena este ano.
Mas nota-se bem que a maioria das pessoas está a pensar da mesma maneira porque Londres na última semana esteve muito mais calma que na semana anterior. As pessoas sabem que o vírus está bem presente em Londres de momento e ninguém o quer apanhar. E não só tenho receio de apanhar o vírus de momento, como também tenho receio de que algum dos Governos faça restrições nas viagens entre os países. A França esta semana fechou as bordas com o Reino Unido, e este fim-de-semana, a Alemanha também anunciou que as vai fechar. Estão os países todos a ficar com receio das chegadas do Reino Unido, e eu estou com receio se o Governo Português vai tomar as mesmas medidas.
Temos mais 5 dias até à nossa viagem. Espero que as coisas não alterem durante este período. Não quero passar outro Natal sem ir a Portugal!
Desde o dia 17 de Maio que a vida em Inglaterra parece um pouco mais normal e, devo dizer, que me tem sabido muito bem. Tão bem, que reparei agora que já não vinha aqui escrever à um mês! A minha ausência tem sido a combinação entre ter tido mais horas diárias a trabalhar - em média estou nas 10-11h diárias, pelo que quando termino só me apetece descansar. E aos fins-de-semana só quero aproveitar para fazer muitas das coisas que não podia fazer durante o último ano e isso sabe bem. O que me faz falta agora é mesmo a possibilidade de dançar livremente, mas para já, isso é que ainda não é possível. No entanto, as vacinações estão a dar frutos em termos de resultados positivos com muito menos hospitalizações por cada 100 casos do que no início do ano, e isso é sinal de que estamos no caminho certo.
Desde que as regras ficaram mais relaxadas em Maio, já pude ir passar um fim-de-semana fora num ambiente diferente, tenho voltado a experimentar diferentes cafés e restaurantes, passei algumas manhãs a trabalhar em cafés locais, visto que o escritório ainda não está oficialmente aberto. Pude finalmente conhecer os meus colegas, após 11 meses nesta empresa por termos feito um evento em pessoa. Pude também celebrar o aniversário de amigos junto deles e em locais que tinham muitas mais pessoas. Os passeios que dava com amigos durante o último ano, também poderem finalmente ter um destino, que não se baseavam apenas em andar às voltas do parque. Pude também ir ao meu primeiro concerto ao vivo o que soube maravilhosamente. Até o facto de poder ir ver um jogo de futebol com muitas pessoas à minha volta me soube bem.
Quando se passa tanto tempo sem essas pequenas coisas a que estávamos tão habituados notamos o quanto essas coisas nos faziam sentir bem. Um dos momentos em que me apercebi disso, foi no primeiro fim-de-semana em que pude ir celebrar o aniversário de uma amiga a um bar. As regras que se mantêm é que apenas podemos ter 6 pessoas por mesa num espaço ao ar-livre com pessoas que não vivem juntas, mas todo o bar pode estar cheio de outras pessoas, o que foi o caso. E apesar de estarmos todos separados por mesa, sabe bem estar num ambiente com outras pessoas na proximidade. E foi no momento em que estive na fila para a casa-de-banho desse bar, e que comecei a conversar com uma outra rapariga que estava na fila e que não conhecia, que me apercebi do quanto eu sentia falta daquilo - sim, sentia falta de falar com estranhos na fila da casa-de-banho!
Umas semanas depois começaram os jogos do Euro, e marquei para ver o primeiro jogo de Inglaterra com alguns amigos numa cervejaria local. Não sabia bem como ia ser a distribuição de mesas mas tinham-as colocado, mesas compridas para 6 pessoas em fila umas atrás das outras e direccionadas para o ecrã gigante. Como não podia deixar de ser, todas as mesas estavam cheias e, quando Inglaterra marcou o seu golo, todo o espaço vibrou com pessoas a saltar nos seus lugares e abraçarem os amigos. Foi outro daqueles momentos em que me apercebi o quanto sentia falta daquela animação de estar junto a um grupo de pessoas. A energia recebida quando se está num grupo em que a maioria está a torcer pela mesma equipa é inexplicável. Traz-nos aquela alegria interna que sobe pelo corpo e nos faz sentir bem.
Adoro, adoro poder voltar a estar nestes ambientes com outras pessoas e sentia mesmo muita falta deles. Só espero podermos continuar nesta trajectória e que não tenhamos que voltar a ter mais restrições. A maioria dos habitantes no Reino Unido deve ter a sua segunda vacina até ao fim do verão, portanto, mesmo com o vírus por aí, se nos conseguirmos manter protegidos e não formos afectados seriamente, a nossa vida em conjunto com a sociedade vai poder continuar.
Já estou farta desta pandemia até aos olhos. Estamos todos, eu sei! Temos que ter paciência e aguentar este último esforço (esperemos que seja o último) nos próximos meses para conseguirmos ultrapassar a situação com o mínimo possível de afectados.
Até lá podemos sonhar com o que vamos fazer quando a pandemia terminar. No outro dia perguntaram-me o que seria o top 3 das actividades que pretendo fazer quando puder, e não foi preciso parar para pensar no assunto:
abraçar amigos e família, muito forte e muitas vezes;
fazer uma grande festa com amigos daquelas que começam num dia e acabam na manhã seguinte. Vai incluir cumprimentar pessoas novas com dois beijos, conversar com muitas pessoas a menos de 1 metro de distância que a festa vai ter tantas pessoas que vai estar tudo um pouco apertado, rir muito e dançar o resto da noite;
viajar! Para longe e sem ter que usar máscara durante o percurso.
E acho que não sou a única que tem esse objectivo de ir a festas após a pandemia. No outro dia achei interessante ler este artigo sobre a predição do epidemiologista Dr Nicholas Christakis que, baseado no estudo dos efeitos sociais após pandemias anteriores, ele prevê que, novamente vai surgir uma euforia de actividade social, tal como houve nos anos 20, após a Febre Espanhola, com o surgir dos roaring 20s. E acredito perfeitamente que o desejo de socialização vai levar a um movimento semelhante. Desta vez não será ao som do Charleston, mas imagino que um tipo de música com batida igualmente rápida venha a ser predominante dessa futura era. Imagino até, que existem muitos músicos neste momento, que estejam a tentar criar o novo estilo musical que venha a ser representativo dessa fase.
Segundo o Dr. Christakis, tal efeito ainda vai demorar a chegar, visto que, antes disso, ainda se vão sentir os efeitos da depressão económica, e portanto, só por 2024, se venham a verificar os novos roaring 20s do século XXI. Desanimou-me um pouco a ideia de que tal venha a demorar ainda tanto tempo a acontecer, mas, caso a sua predição seja correcta, mais vale tarde do que nunca.
Já pensaram também naquilo que querem fazer quando a pandemia terminar? Como esta pandemia afectou tanto tipo de actividade, vão com certeza existir muitos desejos diferentes. Até lá, há que ter paciência, e continuar a sonhar.
Imagino que a maioria dos emigrantes como eu tenham feito a mesma pergunta a si próprios este ano - Vou ou não vou passar o Natal a Portugal?
E ao fazermos essa pergunta, ouvimos as vozes na nossa cabeça conversar sobre o assunto. A primeira voz diz-nos - O Natal é para passar em família, e depois de tanto esforço que fizemos durante o ano, merecemos ao menos poder partilhar este momento com os nossos mais próximos. Se devemos abrir uma excepção ao longo de todo o ano, é esta a excepção a fazer. Eu não tenho o vírus, os meus familiares não estão com o vírus portanto, ao estarmos juntos não haverá problema de infecção. A não ser que apanhe o vírus a caminho de Portugal no voo cheio que vou apanhar. Mas isso será pouco provável, portanto o risco é pequeno.
E continua a segunda voz - Afinal passámos o ano inteiro a fazer inúmeros esforços para não ver a família e os amigos de forma a que todos ficássemos seguros e ajudar a evitar espalhar o vírus. Então, o que nos dá o direito de estragar todo o bem feito durante o ano e juntarmo-nos todos para levar a outro surjo de casos e consecutivamente o inevitável surjo de mortes?
Continuei com este debate ao longo dos últimos meses. Tinha comprado o voo para passar o Natal em Lisboa já em Agosto, com as expectativas de que a situação talvez tivesse melhor nessa altura, mas esta semana que passou tive que tomar a decisão definitiva, e a decisão foi passar um Natal diferente longe da família. Não foi fácil, mas sei que me vou sentir melhor por tê-la tomado. Além de que, se fosse a Portugal, acho que ia passar o tempo a tentar distanciar-me dos meus pais o que seria muito estranho, portanto preferi evitar toda essa situação, e simplesmente continuar o ano como tem sido até agora - um ano mais solitário e estacionário do que qualquer outro.
Os meus pais compreenderam perfeitamente quando lhes dei a notícia e acho, que de certa forma até estavam à espera que eu tomasse essa decisão. Sinceramente acredito que este vai ser o primeiro e último ano que vamos ter que tomar uma decisão destas porque com a vacina já a ser administrada, 2021 vai ser o ano da grande recuperação, e pelo Natal do próximo ano, já nos vamos poder voltar a abraçar sem remorsos, por isso vou esperar.
Parece que foi num mundo totalmente diferente atrás quando escrevi este post com título "Qual é a melhor cidade para se viver no mundo em 2020". Estávamos a 24 de Fevereiro, e a ideia era adivinhar o resultado do ranking anual da TimeOut baseado nas respostas que os leitores deram no seu questionário. Os resultados foram lançados em Setembro (apesar de só os ter visto agora), mas pergunto-me qual é o significado destes resultados agora, baseados num questionário que foi lançado antes de tudo o que nos afectou durante este ano mudou a vida que conhecemos nas nossas cidades. Será que os resultados teriam sido os mesmos se o questionário tivesse sido feito hoje? Duvido!
Quanto eu e tantos outros milhares de pessoas pelo mundo responderam ao questionário, estavamos baseados numa realidade muito diferente daquela que nos rodeia hoje. E possivelmente as respostas que dariamos hoje às mesmas questões de cultura, bares, sexo, amizade, restaurantes, dinheiro, etc, teriam sido altamente influenciadas pelo facto de termos tido a oportunidade de aproveitar algumas delas, dependendo das regulamentações locais.
Se eu teria dado as mesmas respostas que dei sobre Londres? Concerteza que não. Como um amigo meu que voltou para Barcelona durante o lockdown disse-me no outro dia - "claro que tenho saudades de Londres, mas todos temos saudades de Londres, mesmo os que estão aí, porque Londres não é o que era." E ele tem razão. Houve tantos elementos de Londres que não pude aproveitar este ano. E não sei quando, e se vou voltar a poder aproveitar algum dia. Mas tal como digo de Londres, digo concerteza de muitas outras cidades, e provavelmente, vão ser as cidades que conseguiram lidar melhor com a pandemia e manter os números reduzidos que vão subir nos rankings do próximo ano.
Os resultados do questionário deste ano: não querem dizer muito, mas afinal baseam-se na opinião que tinhamos desde o ano anterior. Se estiverem interessados podem vê-los aqui.
Só por curiosidade, e visto que vos pedi os vossos palpites para os resultados destas três cidades - Londres, Lisboa e Porto ficaram em 4, 19 e 28 lugares respectivamente. Os leitores mais próximos dos resultados foram a Madalena e a Carmen com 15 pontos de diferença no total. Obrigada pelos vossos palpites. Acho que para o ano Londres vai descer consideravelmente de posição, e o mesmo irá acontecer com Nova York que ficou no primeiro lugar desta vez.
Para o próximo questionário? O meu palpite vai para as cidades de países Nordicos como Oslo, que conseguiu lidar relativamente bem com a pandemica, ou talvez Sydney que também conseguiu manter casos reduzidos.
Engraçado ou até assustador como no desenrolar de alguns meses, a nossa idade de qualidade de vida numa cidade, passa de categorias variadas como restaurantes, bares, amizades, cultura, para uma categoria apenas - qual a cidade que lidou melhor com a pandemia?