A próxima viagem para Portugal aproxima-se já para o próximo fim-de-semana, e com ela, tive que tratar de mais algumas coisas para o casamento antes de ir. Chego na sexta-feira ao início da tarde e vou imediatamente do aeroporto para uma reunião com a banda que escolhemos para o casamento. Então tive a pensar na música este fim-de-semana, responder a um questionário que a banda nos tinha enviado, e preparar uma playlist para o DJ ter uma ideia do tipo de música que gostaríamos que passe na festa.
Gostei da preparação da música porque uma das questões do questionário pedia a que cada um de nós indicasse as músicas que tenham tido um sentido especial para nós individualmente até agora. Então isso lá me fez pensar nas músicas do baú que já não ouvia à imenso tempo. Fez-me também lembrar dos momentos e épocas da vida a que cada uma das músicas que escolhi estava relacionada. Entre elas tinha algumas de Hip-Hop Português que me relembra os meus tempos em que andava num grupo de dança Hip-Hop. Umas de Hard Rock, que me relembra os meus tempos rebeldes de final da universidade, algumas de dança/club dos anos 90 e das minhas primeiras saídas a discotecas, umas quantas também de Indie Rock que associo aos meus primeiros anos em Londres. Foi giro relembrar o passado através da música.
Logo a seguir à reunião com a banda vou fazer a segunda prova do vestido. Para isso tinha que ter sapatos para poder experimentar o vestido com os sapatos com o salto de altura correcta etc. Encontrar sapatos foi uma dificuldade daquelas. Procurei por tudo que é loja de retalho e loja online, vi entre lojas de noiva e sapatarias normais e não conseguia encontrar nada com as características que eu queria. Como tal acabei por comprar uns online que tinham uns brilhos, o que eu não gosto muito, mas de resto tinham o aspecto, altura e eram do material que eu queria. Recebi-os hoje. Continuo a não achar muita piada aos brilhos, mas imagino que com o vestido não se veja, por isso vou levar para experimentar. O que acham deles?
Depois do vestido, ainda vou encontrar-me com a empresa de decoração e flores para ir comprar as flores para experimentar colocar no cabelo.
E no dia seguinte de manhã tenho a prova do penteado no cabeleireiro, seguida da prova de comida na quinta. Isto vai ser mesmo um corropio entre cada fornecedor.
Entre as visitas a fornecedores, ainda vou tentar ir jantar a Lisboa na sexta-feira, umas sardinhas assadas aos Santos. Se alguém souber de algum local específico/restaurante que tenha uma festa tradicional boa planeada para esta Sexta, por favor indique, que adorava ter uma melhor noção da zona para onde me destinar.
Esta semana que passou estive por Lisboa para ir à Web Summit. Fiquei com interesse em ir quando, uma ex-colega que foi o ano passado, me descreveu tudo o que de positivo achou de ter lá ido. Então nessa altura adicionei o meu e-mail à newsletter do 'Women in Tech' da Web Summit e, quando os bilhetes 'early bird' abriram por volta de Março ou Abril, comprei logo. Ficou a cerca de £85 por dois bilhetes, por isso vale bem a pena marcar logo. Infelizmente esse desconto está só disponível para mulheres, que eu saiba, com o intuito de atrair mais mulheres da indústria à conferência.
Devido a ser uma altura complicada no trabalho, não consegui dedicar os dias todos à conferência, mas estive lá na noite de abertura e o dia todo de Terça-feira. E devo dizer que estava cheia de pena de não ter lá ficado mais, quando me dirigi para o aeroporto nessa noite. Para quem esteja na área da tecnologia, ou que esteja numa empresa que aprecia inovação em tecnologia, acho que a conferência vale mesmo a pena visitar. As palestras em si, são muito variadas e, as que ouvi, foram muito boas. Mas o que é também muito bom é o networking proporcionado. Eu estava sozinha na primeira noite, mas fui à zona do 'Night Summit', que basicamente se refere à zona de entretenimento nocturno, e facilmente comecei a conhecer logo pessoas tive conversas muito interessantes com empreendedores e outros profissionais. Tendo a experiência de outros eventos onde as pessoas costumam ficar nos seus grupos, aqui, sinceramente foi muito fácil conhecer outras pessoas e ter conversas relevantes para a minha área de trabalho.
Este ano anunciaram que a Web Summit está contratada para continuar a decorrer em Lisboa durante os próximos 10 anos, e foi bom ver que uma grande quantidade de empresários Portugueses na área da tecnologia estão envolvidos no desenvolvimento e apoio da realização da Web Summit, já que todos foram chamados ao palco em forma de agradecimento. O que não foi bom ver, foi o facto de que, quando estes cerca de 50 empresários vieram ao palco, entre eles só consegui ver cerca de 2 ou 3 mulheres. Na conferência, de forma geral, não senti essa diferença, e os números entre homens e mulheres até parecia relativamente balançado, mas ali, naquele palco, no momento em que os empreendedores Portugueses foram chamados, ver tão poucas mulheres foi sem dúvida muito estranho. Pergunto-me se isso será por haver menos mulheres em Portugal a interessarem-se por tirar cursos relacionados com tecnologia, ou se têm menos interesse em empreendorismo, ou se se sentem com menos apoio para o fazer? Não sei bem a razão, mas sem dúvida que demonstra a grande disparidade que ainda há.
Nesse primeiro dia de abertura, além de algumas apresentações do inventor da World Wide Web, Tim Berners-Lee, apresentações da Apple, etc., o Presidente da Câmara de Lisboa e o Primeiro Ministro Português também subiram ao palco para dar as boas vindas à conferência. Eu até percebo que, para um evento que traz 70,000 pessoas a Lisboa de todo o mundo, esta é uma óptima oportunidade de Lisboa, não só a se dar a conhecer como cidade, como a dar-se a conhecer como uma cidade que apoia e investe em tecnologia e que o país aprecia investimento do estrangeiro. Como tal, até que acho razoável termos a presença do Presidente da Câmara de Lisboa a vir dar as boas vindas e falar um pouco sobre o que a cidade tem para oferecer, mas daí a termos o Primeiro Ministro a dar as boas vindas à conferência acho um pouco exagerado. Não imagino que qualquer Primeiro Ministro Britânico tenha dado as boas vindas a uma conferência realizada na ExCel (o maior centro de exposições e conferências do país e um dos maiores da Europa). Parece-me que a presença de um Primeiro Ministro neste tipo de eventos é desnecessária e, até transmite a impressão de que somos um país pequenininho onde não é costume realizarem-se encontros destes, já que lhe estamos a dar tanta importância.
De qualquer forma, gostei bastante e só tive pena de não poder ter ficado a semana inteira.
Assim que cheguei ao aeroporto da Portela no sábado de manhã, os meus pais estavam lá para me ir buscar. O destino, desta vez não era a casa onde cresci, mas a aldeia onde o meu pai cresceu no Alentejo. Desde que estão reformados, os meus pais passam o tempo entre a zona de Lisboa, o Alentejo, e a Estremadura (onde a minha mãe cresceu). Desta vez, era fim-de-semana de festa na aldeia do meu pai, na zona de Montemor-o-Novo, e os meus pais já tinham planeado lá ir antes de saberem (e eu saber) que ía a Portugal este fim-de-semana. Por isso não quiz que mudassem os planos por mim. Como tal, fomos à festa da aldeia
Era a festa das Tasquinhas, e emvolve que qualquer pessoa da aldeia possa candidatar-se a ter uma tasquinha na festa onde possa vender uma variedade de comida, bebida ou artesanato. Só havia um dos stands que efectivamente vendia artesanato, sob a forma de pulseiras. De resto, o pessoal só qqueria mesmo saber dos comes e bebes. Haviam carnes grelhadas, fritas, omeletes, empadas, muitos doces incluíndo Sericaia e outros doces Alentejanos e Portugueses de forma geral. Os pratos eram de tamanho petisco, mas vendiam-se apenas a €3.50 cada um. E quanto às sobremesas, eram fatias mesmo grandes de bolo a €1 cada uma. Nem sei como fazia qualquer dinheiro àqueles preços, mas concerteza que a intenção não era lucrar, mas sim cobrir os custos e ajudar a fazer aquele evento acontecer, o que me pareceu muito agradável. É que nem pensar encontrar uma festa em Londres, onde os comerciantes estejam só a cobrar o custo de produção e pouco mais. Nem pensar! Mas claro está, os custos de vida de Londres comparados com os custos de vida de uma aldeia no Alentejo, também não são bem os mesmos. Imagino qie muitos emigrantes como eu, quando fazem estas viagens e deparam-se com a diferença de preços, pensam duas vezes se querem voltar para o seu país de acolhimento. OK, eu não tive que pensar no assunto porque adoro Londres muito para além do que a diferença de custos de vida possam justificar, mas de qualquer forma, imagino que quem não esteja tão decidido acerca da localidade para onde emigrou, repense duas e três vezes se vale a pena toda a distância.
Para além da festa da aldeia que também contou com muita dança pimba como não podia deixar de ser, e eu lá no meio a dançar até partir a sandália (literalmente), aproveitei também para descansar, para ler e para pôr a conversa em dia com a família. Quem segue o Instagram do @tugaemlondres terá visto um pouco mais da animação nos posts.
Foi um bom fim-de-semana a ajudou a reenergisar as forças para o dia-a-dia.
Hoje acordei cheia de saudades. Saudades dos meus pais, da minha família, de Lisboa, de Portugal. O facto é que, pela primeira vez, desde que estou em Londres, que não marquei férias para ir a Lisboa no verão. O plano era ir só em alturas da Web Summit, já que vou lá em Novembro. Má ideia! Eu não quero passar tanto tempo longe. Olhei para o meu calendário, e sinceramente tenho algo combinado a fazer nos próximos fins-de-semana, todos os fins-de-semana até meados de Outubro!! Não existe um único fim-de-semana pelo meio onde não tenha nada planeado. nenhum, à excepção deste próximo fim-de-semana que está para vir.
Fui ver vôos para este fim-de-semana e devo dizer que não estão nada baratos - ir para Lisboa num fim-de-semana em época alta, não é própriamente a escolha de fim-de-semana mais inteligente para fazer uma visita a Lisboa. Mas também quando fôr em Novembro não vou pagar viagem e, já desde a Páscoa que lá não vou, por isso achei que valia a pena pagar o extra. E acabei de marcar! Yeah! Estou contente, vou a Lisboa este fim-de-semana :-)
De acordo com o estudo anual da TimeOut, City Life Index, através dos residentes de 32 cidades ao longo do mundo, a cidade do Porto alcançou o topo da votação em termos de qualidade de vida das cidades analisadas na Europa. A votação teve em conta elementos como a comida, bebida, cultura, simpatia das pessoas, custo de vida, relacionamentos, felicidade e geral satisfação com a vida na cidade, e 15,000 pessoas que vivem em todas essas cidades, responderam ao questionário. Além de receber o topo das votações na Europa, o Porto apenas foi ultrapassado a nível mundial, pela cidade de Chicago.
Londres recebeu o 5º lugar na escala e, Lisboa ficou na 8ª posição. Mas a nível geral, o Porto bateu todas as 32 cidades nos seguintes critérios - é a melhor cidade onde se fazer amizades (81% dos respondentes conseguem fazê-las facilmente no Porto), encontrar o amor (46% dos Portuenses acham que é fácil entrar em relações amorosas nesta cidade), e manter contacto com a família.
Se quisermos entrar em comparações, o Porto não bate Lisboa em tudo, mas fica próximo - 52% dos Lisboetas acham que a cidade melhorou para melhor desde que lá vivem, enquanto que no Porto, o sentimento é o mesmo para 49% dos Portuenses. Em Lisboa, o salário mensal é um pouco mais elevado que no Porto (16,583€ para Lisboa, vs 13,676€ no Porto), se bem que ainda bem abaixo da média de Zurique, que conta com o salário médio de 97250€), se bem que ao menos, não são as cidades onde mais horas se trabalha. Esse lugar fica reservado para Londres, onde se trabalha em média 40,4 horas por semana.
Apesar do salário baixo, isso não impede que os Lisboetas queiram ir sair, até porque é uma das cidades mais baratas onde se sair à noite, sendo que os Lisboetas gastam em média €37 numa noitada. Quase metade do que os Londrinos têm que dispender numa noite de diversão - 71.45£ para ser precisa.
A popularidade da cidade do Porto, e a sua atracão de turismo está no entanto, a tornar-se uma das principais preocupações dos Portistas, com 20% a dizer que o aumento de turismo é preocupante. Apenas 15% dos Lisboetas se chateiam com os turistas, sendo que se chateiam mais com pessoas que falam alto ao telefone na rua (81%), taxistas (58%) e angariadores de fundos para caridade que se encontram nas ruas da cidade (57%). Com quem os Lisboetas não se chateiam nada, é com os hipsters, sendo a cidade que menos se chateia com este grupo, possivelmente porque grande parte dos Lisboetas já têm pelo menos um pouco de hipster em si.
Independentemente dos resultados das categorias individuais, tanto os Lisboetas, quanto os Portuenses estão felizes onde vivem, com 95% dos respondentes em ambos os casos, a concordar.
Quando escrevi o post sobre o que achei da cidade de Lisboa durante a minha última visita, eu mencionei que sabia de uns colegas que estavam a pensar ir visitar Lisboa. Mas desde então, quase que não ouço falar noutro destino de férias senão Portugal. Nem mesmo nos dias de popularidade do Algarve, nunca me lembro de um ano, desde que estou em Londres onde tenha ouvido tantas pessoas falarem em visitar Portugal. Oram são os meus colegas (são já 7 deles este ano que eu saiba, e um deles, que ainda está para ir, escolheu Portugal como o seu destino para a Lua-de-Mel); ora são pessoas que ouço falarem em visitar Portugal na rua; ora são pessoas que sigo no Instagrama como o @mattpike, o @gallucks, e o @b.local.london que me lembro de ver publicarem fotos de Portugal recentemente.
Uma publicação partilhada por M A T T P I K E (@mattpike) a
Não pode ser só coicidência que de repente tantas pessoas visitem Portugal. Então fui fazer uma pequena pesquisa para tentar perceber esta mudança.
Em Julho deste ano, quando o Primeiro-Ministro Português, António Costa, fez a inauguração da extenção do aeroporto de Faro, apresentou estatísticas que comprovem o que tenho notado recentemente - houve um aumento de 20% de turismo em Portugal nos primeiros 6 meses deste ano, inclusivé no Algarve com 18% de crescimento entre Janeiro e Maio, o que contraria o que é habitual, da maioria do turismo Algarvio se verificar no período de verão. Este factor, conjunto com o aumento de chegadas aos outros aeroportos internacionais principais do país, indica que o turismo não vem só à procura de praia e sol, mas sim da cultura, e beleza natural que Portugal tem para oferecer.
Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), o Programa Revive que oferesse concessão de projectos de turismo a privados, assim como o investimento que o governo tem feito em infrastrutura de inovação e tecnologia relacionada com o turismo, são dois factores importantes que ajudaram neste crescimento.
Mas achei particularmente interessante a explicação dada pelo Público, que indica que este crescimento não foi assim tão súbito. Para que o turismo se sinta atraído por Portugal é preciso que a infrastructura esteja disponível para receber bem os turistas. O primeiro grande impulso relacionado com o investimento na infrastrutura deu-se com a Expo 98, mas foi com o surgir das companhias aéreas low cost, que o turismo começou a aumentar. Com o aumento de viajantes, justificou aos Portugueses investirem mais na infrastrutura, desde hotéis, a restaurantes, área paisagista das cidades, limpeza das cidades e afins. Portanto, de repente temos um país cheio de bom clima, linda paisagem, pessoas simpáticas, boa comida e vinho, óptimos locais onde ficar a dormir, comer e divertir. A infrastrutura está no sítio para que, quem vá a Portugal tenha uma boa experiência e passe a palavra para os amigos quando regressa a casa. Ora da próxima que os tais amigos estão a pensar ir de férias, e vão pesquisar por inspiração à Internet, deparam-se com publicidade digital pelo Turismo de Portugal que promove as variadas experiências que podem ter no país. E assim, o 'amigo' fica convencido de que quer ir a Portugal também.
Este ano o Turismo de Portugal decidiu investir os seus €10Milhões do orçamento de marketing, em marketing digital, e resultou! Afinal hoje em dia a larga maioria de pessoas pesquisa por férias online, e não só a forma como investiu e o tipo de comunicação que está a fazer tem sido extremamente bem sucedido em termos de angariação de turismo, mas agora temos a infrastutura que garante que efectivamente o turista consegue ter o nível de experiência que lhe foi 'vendida' na Internet, fica contente, coloca as suas fotos nas redes sociais criando publicidade gratuita para o país, e a ronda de turismo assim tem continuado a crescer.
Fico muito contente que Portugal tenha dado esta volta à sua imagem. Há 10 anos atrás quando dizia a alguém que era de Portugal, falavam-me no Algarve e não se lembravam do nome da nossa capital. Há 5 anos atrás, quando lhes falava de Portugal perguntavam-me sobre a crise e o desemprego. Hoje em dia, digo que sou de Portugal e respondem entusiasmadamente falando-me sobre a sua última visita à cidade 'trendy' de Lisboa ou Porto, e de como adoram Pastéis de Nata e bacalhau.
Está cada vez melhor! Estive de visita durante a semana passada por cerca de 5 dias e devo dizer que descobri vários locais diferentes, e gostei bastante da nova atmosfera. Lisboa está cada vez uma cidade mais cosmopolita, os residentes estão a aproveitar os edifícios bonitos da cidade como espaços para novos estabelecimentos interessantes mas mantendo o seu carácter original. Nota-se que há um cuidado maior e apreciação pela cidade e por manter a tradição, se bem que com um toque mais moderno e original. Já tinha ouvido pessoas dizerem que Lisboa é considerada a nova Berlim, e parece-me que têm razão. Lisboa está a tornar-se mais apelativa como cidade de residência para artistas e pequenos empresários, que conseguem obter rendas de estabelecimentos e residência mais baratas que nas outras principais cidades Europeias, enquanto que tem a vantagem do bom clima, comida e simpatia dos Portugueses. Este factor está intimamente ligado ao aumento do turismo. Lembro-me que nos primeiros anos em que cá estive, sempre que ouvia alguém dizer que ía a Portugal, estavam a referir-se ao Algarve, mas hoje em dia, ambos Lisboa e Porto são frequentemente mencionados como as cidades de destino quando vêm a Portugal.
Parece-me que o Porto até está um pouco mais avançado em termos de ter estabelecimentos interessantes e apelativos ao turismo e aos residentes, pelo que tenho ouvido falar, mas já não vou ao Porto desde a minha época de universidade, por isso está na minha lista de locais a revisitar em breve.
No outro dia estava eu a tomar uma bebida no Broadway Market, quando ouço a conversa de um casal jovem Britânico ao meu lado que estavam a contar aos amigos como tinham apresentado a sua demissão no trabalho e se íam mudar para Lisboa, explicando todas as vantagens que eles encontram por se mudar para lá, tais como as que mencionei acima.
A minha chefe de Nova York também tem planeado fazer uma visita de 2 semanas com a família este verão por Lisboa, Porto e Algarve, e duas outras colegas de NYC também planearam uma viagem de 1 semana a Portugal este verão. Tenho outro casal amigo que foi passear ao Porto na semana passada, outro casal tinha vindo à duas semanas a Lisboa, etc, etc, etc. Só para verem a frequência com que isto está a acontecer. Adoro saber que os estrangeiros estão a apreciar cada vez mais visitar o nosso país, e depois desta minha passagem por Lisboa, ainda tenho mais locais para recomendar.
Alguns dos locais onde fui pela primeira vez que desconhecia incluem:
O bar da Duna da Cresmina com uma vista espectacular para o Guincho e com um DJ a animar o ambiente
Bar Procópio nas Amoreiras - já existe há muitos anos mas ainda não conhecia. Ambiente vintage e cocktails deliciosos
Embaixada LX no Príncipe Real - todo o carácter deste edifício do século XIX com lojinhas, restaurantes e bares muito giros e altamente populares
Pão à Mesa no Príncipe Real - restaurante com bom ambiente e cozinha
Vários bares e restaurantes no Cais do Sodré, perto da Rua Cor-de-rosa
Como alguns dos leitores indicaram num post anterior e muito bem, o pessoal da Ryanair mal olhou para o meu bilhete quando estava para entrar no avião no voo para Lisboa e como tal não repararam que duas letras do meu nome estavam diferentes das do passaporte. Uff! Pude respirar de alivio quando entrei para o avião. Depois de toda a organização não teria sido nada boa ideia ficar por Londres enquanto os meus amigos se passeavam por Lisboa sem mim.
Foi um bocado chato no dia que cheguei (sexta-feira) já que estava a chover imenso. Ao chegar ao apartamento que tinha alugado através do air bnb, as minhas amigas já lá estavam e tinham lá passado o dia inteiro, visto que estava a chover imenso e também porque o apartamento era tão bonito que nem apetecia sair de lá. Localizado num dos edifícios altos tradicionais Lisboetas mesmo na Baixa Pombalina, numa rua paralela à Rua Augusta, o apartamento era espaçoso, com tectos muito altos, janelas compridas e decoração tradicional.
Durante o resto do fim-de-semana passámos os dias a passear entre o castelo, a baixa e a zona de Belém. À noite estávamos no Atlantic Swing Festival que decorreu no Armazém F e no sábado à noite, antes de irmos para o festival, ainda os levei à Pensão do Amor onde ficaram deliciados com aqueles cocktails de gin espectaculares que eles por lá servem e, de onde não queriam sair porque a música estava tão boa. De facto aquele DJ era um espectáculo que misturou um pouco de soul com disco e alguns outros géneros. Uma das minhas amigas ainda lhe ficou com o cartão caso o consiga trazer para alguma noite a Londres.
O meu principal desafio foi mesmo encontrar restaurantes para o jantar. Sinceramente já não sei o que é bom por Lisboa. Pedi a alguns amigos e vi recomendações na Internet mas tudo o que me aparecia eram tipo restaurantes inspirados na comida tradicional mas que são modernos e assim com ar fino. Não era nada disso que eu queria. Queria levá-los a um daqueles restaurantes tradicionais normais, onde o pessoal come bem, os pratos são bem servidos, tradicionais e não são caros. Eu sei que ainda há imensos deles mas simplesmente não sabia onde ir. Acabei por ir ao Barrigas no Bairro Alto na primeira noite. Era OK, mas novamente daqueles em que fizeram uma cozinha tradicional moderna, em que os pratos são mais pequenos, um pouco mais caro que o normal e nota-se que é um restaurante relativamente novo. De qualquer forma o meu polvo estava muito bom, mas não era bem a experiência que pretendia. Depois no sábado ainda andei a ver os restaurantes na baixa, mas irritava-me profundamente cada vez que nos aproximamos de um restaurante e lá vêm os empregados tentar impingir que entremos para o restaurante. Tipo, deixem-me em paz! Isso dá uma sensação tão turística que não me deu vontade nenhuma de lá entrar. Acabei por ir nessa noite ao restaurante Faca e Garfo perto do Largo do Carmo. Foi OK. Tem ar menos turístico que o da noite anterior, mas quem pediu pratos de carne ficaram satisfeitos e quem pediu pratos de peixe ficaram insatisfeitos porque estes últimos eram servidos com dois bocadinhos de brócolos e com 3 batatas. Mesmo muito fraco, além das lulas estarem duras. Felizmente a maioria das pessoas pediram carne, cujos pratos eram bem servidos por isso, esses tiveram uma boa experiência.
Uma coisa interessante é que acabei por ir a um sítio onde também ainda nunca tinha ido antes nem fazia ideia que existia. Foi uma das minha amigas que passou por lá e reparou numa tabuleta que indicava um bar no terraço do edifício. Foi no terraço do Hotel Eden, junto ao Rossio. O terraço está aberto ao público e tem esta vista espectacular sobre Lisboa:
Uma vez quando estava a conversar com uma amigo Inglês que costuma dançar comigo, ele perguntou-me se eu já tinha dançado muito Swing em Portugal. Respondi-lhe que não e que nunca sequer tinha ouvido falar de locais onde se dance Lindy Hop ou outros tipos de dança Swing em Portugal. Ao que ele pareceu muito espantado porque disse-me que existe um grupo considerável de bons dançarinos em Portugal, já que ele até veiu a um festival de Lindy que houve neste verão passado no Porto.
Disse-me então que me colocaria em contacto com os contactos Portugueses dele que conheceu nos dias em que esteve no tal festival no Porto. Colocou, e um dos contactos dele informou-me que ontem mesmo ía haver em Lisboa uma festa de Natal de Lindy Hop com aula incluída. Ora, nem mais, claro que tive que ir experimentar e convidei os meus pais para virem também comigo como intuito de que eles começassem a fazer ums aulas caso gostassem, já que é um hobbie muito agradável.
Decorreu no Teatro da Comuna e até contou com um número significativo de pessoas, muitas delas que sem dúvida já dançam há bastante tempo, e muitas também que eram principiantes. Não deixa de ser um baile relativamente pequeno comparado com o número de pessoas que geralmente se vêm num baile de Swing em Londres. mas de qualquer forma, para quem, como eu, nem sequer sabia que existiam eventos organizados de Lindy Hop por cá, até que fiquei muito bem impressionada.
Uma coisa engraçada que aconteceu é que acabei por descobrir que a primeira pessoa com quem dancei ontem à noite, também é um Português que vive em Londres e dança nos meus sítios que eu, conhece pessoas que eu conheço e também estava a dançar em Lisboa pela primeira vez já que está por cá a para passar o Natal com a família. É mais uma coincidência daquelas engraçadas que só acontecem muito de vez em quando.
Fiquei também a saber que este grupo de dança que organizou o baile de Natal, chamado lindy Hop Portugal, dá aulas regulares de Lindy Hop em diferentes locais em Lisboa e Porto. Fica aqui o link do site Lindy Hop Portugal para os interessados.
Desde o momento em que saí de minha casa em Londres até ao momento que cheguei à casa dos meus pais, passaram exactamente 9 horas! Parece estranho, não é, visto que Londres e Lisboa apenas se encontram a 2:30h de vôo. Mas claro está, esse curto espaço de tempo verifica-se se não tiver que parar em Madrid a meio do caminho. Ao todo desde o aeroporto de Londres ao de Lisboa foram 5 horas passadas, o que não parece assim tão mau, mas tendo que estar 2 horas com antecedência no aeroporto, e mais a espera das malas em Lisboa e as viagens de e para o aeroporto também não ajudam a fazer a viagem mais rápida.
Depois da longa viajei lá finalmente cheguei a casa bem para o final da noite, e hoje tenho-me estado a deliciar por estar num meio Português. Estava eu às compras hoje com a minha mãe, quando por um momento parei e claramente reparei que todas as pessoas à minha volta falavam Português - Claro que falam Português. Estou em Portugal! Mas essa percepção, quando realmente parei para apreciar tudo o que se passava à minha volta, soube-me diferente, soube-me bem. É o facto de estar num sítio rodeada de pessoas que têm algum em comum comigo apesar de nunca as ter visto antes. O facto de eu própria não ter um sotaque quando estou a falar. O facto de sentir uma empatia com quem me rodeava e ter uma noçao de familiaridade traz um certo conforto.
Não me lembro de ter tido outras vezes em que realmente apreciei tanto esse facto de estar num ambiente Português antes. Imagino que tenha a haver com a quantidade de anos em que já vivo fora do país onde cresci, e claro que quanto mais tempo estou longe, mais aprecio cada vez que cá volto.
Bem, ainda tenho mais uns 9 dias para apreciar tudo o que Portugal tem para me oferecer, por isso bem que penso aproveitar este tempo ao máximo.