Como trabalho numa empresa muito internacional, havia muitos colegas que ainda nunca tinha conhecido pessoalmente. Adicionando a situação da pandemia e a impossibilidade de viajar durante a maior parte do tempo que tenho estado a trabalhar para esta empresa (comecei por cá em Julho de 2020) isso tornou as coisas ainda mais difíceis. Tenho também o problema que trabalho muito com pessoas da costa Oeste dos Estados Unidos. Ou seja, as nossas 17h são as 9h da manhã deles, o que significa que tanto eu tenho que trabalhar bem depois das 18h quase todos os dias, quanto os meus colegas têm que começar a trabalhar bem cedo antes das 8h da manhã muitas vezes. Então os meus fins de tarde são sempre cheios de reuniões atrás de reuniões, e como todas têm na maioria 30minutos, para tratar de certos assuntos em que são necessárias várias pessoas, assim que começamos a estar mais dentro do assunto e a conversa começa a ser mais útil, já está o tempo da reunião a acabar. Logo, temos que continuar numa próxima reunião que não será até mais uns dias porque entretanto os calendários estão cheios, e as decisões acabam por demorar muito mais tempo a ser tomadas por causa desta situação. A tecnologia claro que ajuda muito a fazer o trabalho mais colaborativo entre o sistema de mensagem interna com o Slack, as videoconferências com o Zoom ou tecnologia de projectos como Asana, MAS... e isto é um grande MAS,... nenhuma delas consegue perfeitamente substituir a iteração em pessoa e a facilidade como se consegue chegar a decisões quando todas as pessoas que precisam de estar envolvidas se encontram num mesmo espaço.
Então finalmente tive a oportunidade de me encontrar com alguns dos meus colegas com quem trabalho mais frequentemente na semana passada. Encontrámo-nos em Santa Barbara, na Califórnia, onde temos um dos nossos escritórios. E foi tão útil!! Adorei poder finalmente conhecer pessoalmente pessoas com quem tenho andado a trabalhar virtualmente durante mais de um ano e alguns dos executivos com quem ainda não tinha interagido muito. Do grupo que lá esteve, ainda só tinha conhecido duas pessoas pessoalmente.
É sempre uma situação muito interessante aquele primeiro momento em que nos encontramos pessoalmente com alguém com quem falamos quase todos os dias e que temos visto no pequeno ecrã do computador durante tanto tempo. Há sempre aquela parte de surpresa relativamente à altura de uma pessoa (geralmente são eles surpresos com a minha altura que não esperam uma Portuguesa ser tão alta quanto eu); depois há aquela oportunidade para ter conversas fora do trabalho para efectivamente permitir conhecer melhor um indivíduo, principalmente depois de uns dois copos de vinho ao jantar, que ajudam sempre as pessoas a ficarem um pouco mais abertas. E principalmente aquela oportunidade para estarmos várias horas juntos a discutir assuntos que geralmente demoram semanas a acordarmos, e que, de repente, em duas ou três horas, e depois de um quadro branco cheios de gráficos e palavras, conseguimos chegar a conclusões, ideias, efectivamente fazemos progresso!
Esta viagem fez-me relembrar o quanto eu gosto de trabalhar num escritório e o quanto eu gosto da iteração com uma equipa que, sinceramente, tem sido muito pequena nesta empresa. Fazemos tudo online. Não ajuda que eu seja a única pessoa da equipa de marketing que tem a base em Londres, mas até com os meus outros colegas de outros departamentos que também têm como base o escritório de Londres, ninguém quer vir para o escritório. E desde que eu mudei de casa até que estou a minutos a pé de caminho até ao nosso escritório, mas para já, ainda só lá fui duas vezes desde que me mudei para este novo apartamento. Simplesmente os meus colegas estão demasiado confortáveis em casa e não querem vir para o escritório. Aparentemente, a situação era diferente antes da pandemia. Já havia a cultura de se trabalhar de casa mas, na maioria dos dias, as pessoas vinham para o escritório. Mas desde que se habituaram a ter um espaço mais permanente em casa, são poucos os que estão interessados em vir trabalhar a partir do escritório. Não ajuda o facto de que muitos vivem fora de Londres, e outros tantos tiveram bebés recentemente, logo todos parecem ter uma boa desculpa para não virem frequentemente. Muitas vezes, tenho sido eu sozinha no escritório, ou só com mais uma ou duas pessoas. É apenas nos dias em que há um evento oficial, ou que algum executivo vem a Londres, que as pessoas fazem o esforço de ir trabalhar a partir do escritório. Por um lado, eu até preferia que terminassem o nosso contrato com o escritório actual e que nos colocassem num escritório de co-working, porque ao menos, para aqueles que gostam de ir ao escritório, como eu, teríamos uma base, onde haveriam outras pessoas com quem interagir. Mas assim sendo, mantemo-nos com um espaço grande e vazio.
Imagino que ainda há muitos de vocês que estejam em situações semelhantes? A vossa vida de trabalho continua virtual desde a pandemia? Para mim, pelo menos, não acho ideal, mas ao menos, se poder começar a viajar um pouco mais frequentemente, ao menos já valerá mais a pena. Fica uma foto da margem da praia de Santa Barbara onde fui quase todas as manhãs antes do trabalho na semana passada, que é uma zona simplesmente linda com o mar dum lado, a pequena cidade e as montanhas do outro. A temperatura também estava de verão. Adorei lá passar uns dias.
Esta semana, estava eu no trabalho, quando uma rapariga entra pelo escritório a dentro à procura da zona da recepção, que não há.
Ela disse que já conhecia a nossa empresa há alguns anos e que vinha entregar o CV na esperança que houvesse alguma vaga de emprego em Account Management ou Marketing. Disse também que tinha já alguma experiência em Lisboa mas que pretendia mudar-se para Londres.
Um dos meus colegas apresentou-a logo à nossa recrutadora, que teve uma conversa inicial com ela e, mais tarde nesse mesmo dia, ela voltou para ter uma entrevista inicial com a Directora de Account Management. O facto é que, efectivamente, uma das nossas Account Managers despediu-se recentemente e iremos ter que substituí-la para o próximo ano. A vaga ainda não existe mas é possível que venha a existir para breve. Além disso, a rapariga Portuguesa disse que só estava em Londres durante dois dias e que tinha vindo propositadamente para entregar CVs às empresas onde estava interessada em trabalhar. Por isso mesmo, e como ela tinha um bom CV, achámos por bem aproveitar que ela estáva por cá e fazer logo a entrevista em pessoa caso o lugar venha a estar mesmo disponível.
Devo dizer que é preciso ter uma certa dedicação e empenho para ir directamente à porta das empresas entregar o CV e isso foi apreciado também pelos meus colegas, daí o interesse em darem-lhe atenção e ouvir o que ela tinha para oferecer.
Agora vocês perguntam-se se eu aconselho quem esteja interessado em encontrar um emprego em Londres a tomar este tipo de iniciativa? Nem digo que sim, nem que não à partida. Nem sempre este tipo de iniciativa apresenta os resultados esperados, mas até que poderá ser muito positivo em situações como esta. Vamos então ver os prós e os contras.
Prós:
Uma pessoa que faz isso demonstra coragem, entusiasmo, dedicação e extroversão.
As características associadas a esta atitude são óptimas para quem pretenda encontrar um trabalho em vendas, account management ou semelhantes. O nosso Director de Vendas achou logo que ela seria óptima para vendas.
Encontrar um candidato directamente, é positivo para a empresa por pouparem tempo e evitam os custos de empresas de recrutamento.
Ao vierem entregar o CV a uma empresa específica, significa que estão realmente interessados nessa empresa, e as organizações gostam de se sentir especiais.
Contras:
É estranho ter alguém a bater à porta a vir dar o CV e esta atitude é considerada mal prática. Ir entregar o CV no escritório de uma empresa não é o mesmo que ir fazer a ronda dos pubs para um trabalho de empregado de bar.
Há empresas e pessoas que podem achar essa atitude demasiado desesperada e os recrutadores podem considerar que um profissional que tome essa iniciativa não consegue que ninguém o empregue o que é visto negativamente por empregadores.
Não sabem o que está a acontecer na empresa no dia/momento em que decidem lá ir entregar o CV, e ao chegarem lá por horas de uma grande reunião ou em época de crise com clientes, a vossa presença poderá incomodar e ser muito mal vista.
A ter em consideração:
A época do ano ou o dia da semana em que vão à empresa é a considerar. A rapariga que veio à nossa empresa, veio no meio da semana, o que, se não fosse a última semana antes do Natal, onde as coisas estão a acalmar, poderia ser difícil de encontrar alguém relevante que lhe tomasse nota do CV e que tivesse tempo para falar com ela. Sextas-feiras ou épocas antes das férias ou feriados, geralmente são melhores porque as pessoas tentam evitar muitas reuniões no último dia antes das folgas.
A dimensão da empresa. Se tentarem ir a uma empresa tipo a Google ou até uma de tamanho médio, mas grande o suficiente para ter grandes processos, o vosso CV possivelmente nunca chegará às mãos certas porque nesse tipo de empresas, ou o edifício tem muita segurança e não vos deixam entrar sem terem uma reunião previamente marcada, ou a recepcionista diz-vos que têm que fazer o mesmo processo que todos os outros candidatos fazem, e enviarem a vossa aplicação através de um formulário gigantesco no website da empresa, etc.
Devem sentir-me mesmo seguros de que têm as qualificações necessárias para o tipo de cargo a que se pretendem candidatar porque senão as empresas apenas vão achar que a vossa atitude é triste.
Se entregarem o CV pessoalmente mas não tiverem a certeza que a pessoa certa o tenha recebido, vale a pena enviarem o CV através do website ou email também, indicando na carta de apresentação que passaram por lá pessoalmente. Já escrevi um post detalhado sobre como escrever um bom CV.
Em resumo, como quase ninguém toma esse tipo de atitude hoje em dia (de facto, eu era o única da empresa que conhecia alguém que já tinha ido dar o CV directamente a empresas – e ele também era Português, por isso não sei se é algo que apenas os Portugueses gostem de fazer), e o dia escolhido foi um bom dia, nós ficámos bem impressionados com a coragem e atitude da rapariga. Pensando nos prós e nos contras parece-me que desde que escolham as empresas muito bem, que as empresas sejam pequenas/médias e que tenham experiência muito relevante para as empresas escolhidas, até acho que as possíveis vantagens de tomar uma atitude semelhante podem ser mais significativas que as desvantagens.
No outro dia um dos meus colegas decide optar por fazer umas mudanças na secretária dele. - "I'm doing my standing desk" - diz ele. Fiquei sem perceber muito bem o que é que ele queria dizer com aquilo, até ao momento em que ele terminou as suas mudanças e continuou a trabalhar. Foi este o resultado:
Pois, tal como o nome indicava, ele criou uma secretária onde pode estar a trabalhar de pé. O objectivo? Razões de saúde e fitness, diz ele. Aparentemente esta é a nova moda dos escritórios pelo mundo que surgiu como forma de evitar a vida sedentária que tantos levamos. De acordo com o website Smithsonian, os benefícios de utilizar uma secretária de pé são os seguintes:
Reduzir o risco de obesidade
Reduzir a possibilidade de terem diabetes tipo II e outros problemas de metabolismo
Reduzir o risco de doenças cardiovasculares
Reduzir o risco de cancro
Aumentar a esperança média de vida
OK, essas podem ser todas boas razões, e claro que todos sabemos que nāo é positivo levarmos uma vida sedentária, mas daí a passar o dia a trabalhar levantado? Então eu que tenho que escrever imenso durante o meu trabalho, estar para ali a teclar de pé? E depois não estás bem de pé de um lado, e tens que passar o peso para a outra perna. Essa coisa de passar todo o peso do corpo para uma das pernas durante horas também não pode ser bom. É como estar a pedir para que apareçam varizes nas pernas. Que tal, comer-se comida saudável, fazer corridas, ir ao ginásio, trocar o carro por transportes e caminhadas? Não? Bem, cada um com a sua, mas a mim é que não me apanham numa secretária de pé como situação permanente.
Lembram-se de ter falado à uns poucos posts atrás acerca de umas entrevistas que andava a fazer para contratar uma pessoa especialista em escrita (não sei se existe algum melhor termo em Português para "Content Specialist"?)
Pois bem, eu lá encontrei uma candidata, fiz-lhe uma oferta e ela começou na semana passada. Ao chegar ao fim da semana apercebi-me do erro que fiz! - Elá é péssima!!! Não, não estou mesmo nada a exagerar. Como é que posso ter deixada passar uma pessoa péssima em escrita na entrevista, também não sei explicar muito bem O que sei é que fiz um grande erro ao tê-la contratado e agora sinto-me péssima por isso.
Não só ela tinha experiência como escritora para a BBC, como pareceu ser uma pessoa confiante e, claro está, pedi para fazer um caso de estudo exemplo para eu poder verificar o nível de escrita dela e o seu caso de estudo foi o melhor de entre as candidatas. OK, não era perfeito, mas estava bem escrito e achei que o resto poderia ser facilmente explicado e ela teria a capacidade para melhorar.
Depois, tenho que confessar também que ela veiu recomendada por outra colega minha. E, apesar de não me ter sentido influenciada pelo assunto, agora olhando para trás, acho que se não tivesse sido recomendada por uma colega eu não a teria contratado já que senti que haviam ali umas coisas que não batiam bem certo. Foi o facto de ter sido recomendada, foi o facto de ela ser a mãe de um filho deficiente, foi o facto de ela precisar de emprego, foi o facto de ela querer muito esta oportunidade. foi tudo isso combinado que me influenciou.
Claro que agora culpo-me por não ter pensado duas vezes; culpo-me por não ter tomado a minha decisão baseada em factores mais profissionais; mas acho que a experiência tem sido o má o suficiente nestes últimos dias para aprender que nunca mais volto a ser tão ligeira na minha escolha no futuro.
Porque é que a qualidade de trabalho dela não é boa? Bem, porque simplesmente os textos dela não sao fluídos, não contêm toda a informação necessária, não são atraentes, contêm alguns erros gramaticais - sim, erros gramaticais! E eu bem sei que faço alguns em Português, mas eu não sou uma escritora profissional como ela supostamente é, e estou aqui a escrever rapidamente no meu blog pessoal onde infelizmente não tenho o mesmo tempo para ter o rigor de escrita que alguém que o fizesse profissionalmente teria que ter.
Mas pior que tudo, mas mesmo muito mau é que ela escreveu o nome da minha empresa errado. Duas vezes! as duas vezes no mesmo caso de estudo onde também tinha o nome da empresa escrito correctamente. Isso simplesmente denota uma falta de atenção inacreditável por parte de uma "profissional".
Com isto tudo passei o fim-de-semana chateada a pensar no assunto. Eventualmente na segunda falei com ela sobre isto, apresentei-lhe as minhas preocupações e levei-a passo a passo sobre todos os erros que fez e a forma como o devia superar. A ideia é dar-lhe a oportunidade para melhorar e corrigir os seus erros até ao final da semana. O objectivo que lhe deu para o final da semana era o de fazer 8 casos de estudo. Até agora ainda só fez 2, e ainda nenhum dos dois está bom.
Hoje de manhã ela telefona-me a dizer que não se está a sentir bem e que tem que ficar em casa. A sério?!? Cá para mim ela só quer arranjar uma desculpa para não conseguir acabar os 8 casos de estudo no final da semana e eu assim dar-lhe mais outra semana de pagamento para ela acabar os 8. Nao me parece que isso vá acontecer.
Esta semana houveram grandes mudanças lá no trabalho. Mudámos de escritório. Continuamos no mesmo edifício mas passamos agora para o 3º andar visto que no 5º, onde estavamos, já não havia espaço para tanta gente. Até já tinhamos acabado com a nossa sala de reuniões principal para utilizá-la como espaço de escritório, por isso estávamos mesmo a precisar de mais espaço.
O 3º andar estava totalmente desocupado e como tal podemos fazer mudanças totais ao nível das cores das paredes, às carpetes, mobília, etc., para ficar tudo com o "look & feel" da empresa e de facto o resultado está bem bonitinho. Gosto do novo escritório apesar de agora ser tudo em open plan, ao qual não estou nada habituada. Nunca tinha trabalhado em open plan antes e receio um pouco do barulho das pessoas constantemente ao telefone na área de vendas, mas até agora ainda não houve problema nenhum, até porque tem havido sempre alguém que etem estado fora do escritório esta semana o que acho que ajudou a manter o nível de som a níveis suportáveis. A ver vamos quando toda a gente voltar ao escritório. Bem, mas de qualquer forma não terei remédio senão me habituar à ideia e ao volume do som.
A outra desvantagem e com a qual ainda estou fula é que apesar de meses a pedir isto, não fiquei com a porra de uma secretária à janela. Inicialmente era suposto ter ficado, mas depois tiveram que refazer o plano da distribuição nas mesas e eu acabei noutra mesa junta às dos gerentes de outros departamentos e eles é que ficaram com os lugares á janela. Ainda por cima ambos passam pouco tempo no escritório e, um deles até vive na Dinamarca e só fica cerca de 2 semanas por mês no escritório. Apesar disso, quando lhe enviei um email a perguntar se não se importava de mudar dado que eu queria mesmo o lugar da janela e estou quase sempre no escritório, ele respondeu indirectamente a dizer que precisa de um lugar calmo onde trabalhar na estratégia da empresa. É estratégia da empresa uma ova, é o que é. Impressionante como já mudei umas 4 vezes de lugar desde que lá estou a trabalhar e em nenhuma das vezes fiquei à janela. Impressionante!
Agora uma vantagem que acho que vai sair desta mudança será haver uma maior relação interdepartamental porque dantes muitas das pessoas de diferentes departamentos não se viam por estarem em escritórios separados, apesar de sermos poucos de nós. Mas agora com o open plan acho que será muito mais fácil de haver comunicação entre toda as pessoas que trabalham para a empresa.
E outra vantagem é que finalmente temos uma cozinha onde nos podemos efectivamente sentar e comer. A do 5º andar não só era partilhada com escritórios de outras empresas como também era pequena e não tinha espaço para uma mesa e cadeiras. Agora esta nova cozinha é só para nós, e tem espaço não só para 2 mesas e cadeiras mas também para um puff e um sofá o que é sempre agradável. Não sei se vou ter muito tempo para lá estar, mas é agradável ter a opção de ter uma zona de descanso caso haja a oportunidade para tal.
Aqui fica a foto para um dos lados do novo escritório.