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Tuga em Londres

A vida de uma Lisboeta recentemente Londrina.

Comunidade para quem vive sozinho

Apesar de eu não viver sozinha, durante o primeiro lockdown no ano passado, eu descobri através do Twitter uma jornalista que escreve o The Single Supplement. Esta é uma newsletter que ela lançou por finais de 2019, para comunicar sobre tudo o que lhe ia na alma, relacionado com o facto dela própria ser solteira e viver sozinha, e achar que não havia uma comunidade ou meio onde as pessoas falavam abertamente sobre a vida a um. Haviam sim fóruns e afins para pessoas que vivem sozinhas falarem sobre dating, encontrar um(a) companheiro(a), etc., mas não era esse o objectivo dela. O objectivo era criar uma comunidade entre pessoas que vivem sozinhas ou que são solteiras para entre elas trocarem experiências, falarem de coisas que as preocupam ou de coisas que adoram, e discutirem sobre como viver bem consigo próprias. Por isso, para além da newsletter, onde ela partilha as suas próprias opiniões, e a opinião de alguns escritores convidados, ela também criou um grupo do facebook para que pudesse haver essa interacção de ideias entre pessoas da comunidade. 

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Quando descobri a newsletter, acabei por ler quase todas as newsletters anteriores, e devo dizer que fiquei fã. Gostei muito porque os temas que ela abordou lembraram-me perfeitamente aquilo de que gostava ou me preocupava quando eu própria era solteira, desde pequenas coisas como ir comer a um restaurante sozinha a estar bem comigo própria de forma geral. Adorava que essa newsletter já existisse nessa altura porque acho que me ía ajudar bastante, e acho que já a comuniquei a todas as minhas amigas que vivem sozinhas actualmente porque penso que também as pode vir a ajudar. E vivendo sozinha ou não, acho que a newsletter é muito interessante, e tenho-a lido quase todas as semanas desde que me subscrevi à newsletter por volta de Abril do ano passado. 

 

Principalmente com este ano de pandemia, onde o distanciamento social é essencial, viver sozinho tomou uma perspectiva bem diferente de qualquer outro ano por isso decidi comunicar esta newsletter e comunidade aqui também, que acho que pode ser útil para as pessoas que se sintam sozinhas neste momento. 

Estamos a exagerar com o Coronavirus?

Como estive uns diazinhos nesta coisa de vai-não-vai da lua-de-mel com escapadela no sul de Inglaterra, sinto que estive um pouco à parte dos desenvolvimentos do coronavirus durante esse período de tempo, e ao voltar a Londres, parece que tudo caiu em cima de repente, relativamente à preocupação e prevenção do coronavirus.  

 

Chegámos a Londres através da estação de Victoria e apanhámos o metro para voltar para casa. Ali, comecei logo a sentir as primeiras diferenças, mas mais diferenças ainda presenciei eu ou contaram-me amigos, apenas nestes 3 dias que tenho estado de volta :

 

No metro: Não estava tão cheio como é habitual àquela hora quando as pessoas começam a sair do trabalho, e a maioria das pessoas que se encontrava em pé, estavam encostadas às paredes do metro, em vez de se agarrarem aos postes.

 

No museu: Entrou um pó qualquer para garganta duma amiga e ela tossiu. Uma senhora de mais idade olha para ela repentinamente, faz um som de desagrado e abana a cabeça com ar de desdenho, como se estivesse a dizer que ela não devia estar ali.

 

No táxi/Uber: Uma amiga deu um espirro e o condutor do Uber disse-lhe que tinha que sair do carro. Ela explicou que é do perfume que ela colocou naquele dia, que já há muito que não o utilizava e quando deu aquele espirro, lembrou-se o porquê. Ela estava a enviar-me a mensagem sobre o que estava a acontecer, no momento em que acontecia, e disse-me que tinha outra vez vontade de espirrar mas que se estava a esforçar para controlar porque já estava atrasada para uma reunião e não teria tempo para encontrar outro táxi se ele a tirasse do carro. - Mas espirrou. - Disse que o condutor fez uns sons de desagrado e deu-lhe um bocado no acelerador mas não a mandou para fora do carro. Felizmente ela conseguiu não voltar a espirrar. Mas entenda-se que espirrar nem sequer é um dos sintomas de quem tem o Covid-19. 

 

Na padaria: Ontem fui correr de manhã para o parque, e finalizei a corrida numa padaria para comprar o pão para o pequeno-almoço. Como é habitual quando termino as minhas corridas ao ar-livre, principalmente quando está frio, tendo a tossir e espirrar. E foi exactamente quando cheguei à padaria que essa sensação começou. A padaria estava cheia de pessoas, inclusive com mães e bebés. Eu sabia perfeitamente que aquela vontade era resultado do final da corrida ao ar frio, mas as pessoas que ali estavam não sabem disso, e o facto é que com a actual sensação de medo do vírus, eu não queria tossir nem espirrar naquele ambiente social, em frente de todas aquelas pessoas. Felizmente consegui conter-me, mas isto só demonstra a situação em que nos encontramos. 

 

No trabalho: Ontem, sexta-feira, foi o dia em que uma grande quantidade de amigos disseram que tinham ficado a trabalhar de casa e a maioria das empresas que conseguem ter os empregados a trabalhar de casa fizeram-no. O meu Inglês também ficou a trabalhar de casa o que é uma situação nunca antes vista na empresa dele por ter um standard de segurança tão forte que nunca antes tinham deixado os trabalhadores aceder à rede interna remotamente. 

 

Na procura de trabalho: Ontem também fui informada que uma entrevista importante que tinha marcada para a semana foi adiada sem nova data prevista devido ao facto de todos dessa empresa também estarem a trabalhar a partir de casa até a situação se acalmar. 

 

Nos eventos: Tinha 4 eventos relacionados com o meu desenvolvimento pessoal e profissional marcados para as próximas duas semanas e também todos eles foram cancelados. 

 

Nos encontros sociais: Tenho a festa de aniversário surpresa do meu Inglês marcada para a próxima sexta-feira. Acho que o facto de ela poder continuar a ser realizada vai depender se o pub em questão estiver aberto, se a vontade dos amigos assim se mantiver, e se não estivermos todos em quarentena em casa. 

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De forma geral, já são muitos os governos de vários países da Europa que colocaram restrições relativas à quarentena dos indivíduos e negócios neste momento. O Reino Unido ainda não tomou tais restrições, mas o público já lançou uma petição para pedir ao governo para fazer essas restrições tal como nos outros países. Claro que não será bom para o país estar parado durante 1 semana ou mais, mas também pode ser pior se deixarmos que o vírus se espalhe e isto afecte muitos mais negócios, eventos e a vida de forma geral durante muito mais tempo. 

 

Cuidem de vocês e dos vossos mas só peço que não me acabem com o papel higiénico nos supermercados que só tenho mais um rolo em casa e ontem não consegui encontrar em lado nenhum à venda. Vou ter que voltar 'à caça' hoje.

 

Operação limpeza

Após os grandes confrontos, assaltos e destruição de segunda-feira fiquei muito satisfeita quando soube que Londres encheu-se de voluntários para ajudar a limpar as ruas desta nossa cidade em que vivemos. Em forte espírito comunitário, as pessoas sairam às ruas com as suas vassouras para conseguirem limpar rapidamente as ruas e voltar a dar um ambiente mais acolhedor à cidade. Foram tantas pessoas que se ofereceram para a operação limpeza que alguns voluntários chegaram a não ser necessários e foram direccionados para outras zonas de Londres onde mais ajuda era necessária. Ficam algumas images:

 

Limpeza em Clapham Junction

 Operação limpeza em Clapham Junction

 

Looters are scum

 Looters are scum

 

Residentes de Hackney limpam as suas ruas

 Residentes de Hackney limpam as suas ruas