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Tuga em Londres

A vida de uma Lisboeta recentemente Londrina.

Primeiras visitas aos retalhistas após o lockdown

Para os leitores que seguem o Tuga em Londres à algum tempo, concerteza que não se vão admirar de eu ser das primeiras pessoas a fazer visitas aos retalhistas após o lockdown. Mal podia esperar! Fico também muito grata por todas as pessoas que não pensam como eu, porque isso faz com que os retalhistas, neste momento estejam confortáveis e com muito espaço para se poder fazer o distanciamento social que se pretende. Não sei se a mesma coisa se vai verificar quando o bom tempo voltar a Londres, mas pelo menos, para já, tenho gostado das minhas experiências nos retalhistas. 

 

Não fui logo no sábado, quando as restrições foram levantadas, mas no Domingo, quando estava a voltar a casa de uma passeio de bicicleta, enviei uma mensagem ao meu Inglês, se queria voltar ao nosso pub local. Fazia parte da nossa rotina de Domingo, quando não tínhamos planos com outras pessoas, de passar uma ou duas horas no final do dia no pub local à conversa. O dia até que não estava muito frio, por isso lá fomos. No caso deste pub, ainda se mantém aberto apenas na zona exterior. Eles mantêm uma mesa à entrada do pub, que não permite a entrada de clientes, a não ser que queiram ir à casa-de-banho. Pedimos e pagámos as nossas bebidas e voltámos para o terraço. Quando chegámos, havia uma mesa vazia, e devo confessar que, se não houvesse nenhuma, nem sequer iria pedir a ninguém para partilhar mesa, apesar de serem mesas longas. Prefiro manter a tal distância e também não quero fazer ninguém desconfortável ao pedir para partilhar mesa. Mas lá ficámos durante um pouco de tempo a apreciar o momento em que podemos voltar ao nosso pub local depois de todos estes meses. Não me senti nada desconfortável porque até estava a mais de 2 metros da qualquer outra pessoa. 

 

No dia seguinte, no entanto, voltei a ir a outro pub com uns amigos e a experiência já foi mais próxima daquilo que se pode esperar de um pub durante os próximos tempos - tinham um sistema de um sentido para entrada e saída no pub, não era permitido estar parado em pé no meio do pub, e todos tinham que estar nas suas respectivas mesas, sentados a pelo menos 1 metro de distância das pessoas com quem estavam na mesa com quem não vivessem, e as mesas estavam todas espaçadas a mais de dois metros de cada uma. Isto também foi possível porque o pub em questão era bastante grande, com um grande terraço, onde estávamos. Não sei se funcionará tão bem em pubs mais pequenos. Outras coisas que notei diferentes, foi o facto de disponibilizarem gel para desinfetar as mãos, só poderem entrar duas pessoas de cada vez na casa-de-banho, e a colocação de setas e gráficos no chão para indicar o caminho a percorrer e a avisar do distanciamento de 1 metro necessário entre pessoas. novamente a experiência foi boa e senti-me perfeitamente segura em termos da distância necessária das outras pessoas.

 

Hoje, tive a minha primeira experiência de passar a tarde num café. Escolhi o Mare Street Market em Hackney porque tem um espaço enorme, e ainda não me sinto confortável para me sentar num café pequeno. Adoro estar a fazer os meus projectos no computador enquanto estou num ambiente de café, e sinceramente já estava mais que farta de estar a olhar para o mesmo local em casa, todos os dias, durante todos estes meses. Mais um bocado e dava em doida! Aqui foi o primeiro estabelecimento em que efectivamente fiquei lá dentro, por isso optei por me sentar numa mesa alta virada para a janela porque ali sabia que ninguém se iria sentar ao meu lado, e também não estava a ocupar uma mesa grande. A gerência também tinha tudo muito bem organizado - as pessoas têm que esperar para ser sentadas pelo staff, o que certifica que ninguém se vá sentar a menos de um metro de mais ninguém. Lá dentro também há um sistema de um sentido orientado por setas no chão, existe um limite de 6 pessoas por casa-de-banho (por existirem 6 cubículos), e na zona do Deli, todas as sandes e saladas estavam cobertas por um plástico, havia um painel de vidro entre os clientes e os empregados de forma a distanciar-nos e também ofereciam desinfectante para as mãos à entrada. Durante o tempo que lá estive, também me senti super confortável sem qualquer problema em que as pessoas conseguiam manter a distância e algumas mesas, até estavam vazias. 

 

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Saída de lá, fui para o cabeleireiro. OK, isto a escrever assim tudo, até parece que não tenho feito mais nada do que ir a retalhistas, mas calhou serem visitas próximas e, enfim, tinha saudades de me sentar num café e num pub. Só não tinha saudades do cabeleireiro mas esse foi mesmo por necessidade. No caso da experiência no cabeleireiro, esta foi um pouco diferente porque é mais difícil manter o distanciamento. Os trabalhadores estavam todos de máscara, mantinham a porta aberta para entrar o ar, e também tinham gel desinfectante disponível, mas por exemplo, quando lavei a cabeça, tive que tirar a minha máscara durante a lavagem para que fosse possível tirarem a tinta, e claro que, todo o tempo, alguém estava junto de mim para me tratar do cabelo. Houve um pouco menos conversa do que o normal porque, não só a máscara é inconveniente para se ter uma conversa, mas também existe mais perigo de transmissão quando se está a falar, por isso a conversa falhou. E também não houve a oferta do café ou chá habitual, nem haviam as revistas de fofoca do costume para ler, tudo com o seu intuito de evitar que várias pessoas toquem no mesmo material. Mas gostei de ver que, quando a cliente anterior a mim saiu, desinfectaram a cadeira e a prateleira em frente com um spray e outro produto. Mesmo assim, com todos os cuidados, se tivesse que escolher a experiência retalhista que achei menos segura, teria mesmo que dizer que as condições no cabeleireito foram as que me trouxeram menos segurança, mas acho que isso tem mesmo a haver com a natureza de proximidade que é inevitável nesta situação. 

 

Gostei de ver como os diferentes retalhistas estão a adaptar-se às mudanças e estão a tentar proporcionar as melhores condições possíveis para a segurança de todos nós.