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Tuga em Londres

A vida de uma Lisboeta recentemente Londrina.

Conversas de mulheres

Acabei de vir de uma noite de conversa feminina num bar. E entre as várias conversas passou pela mesa a conversa dos bebés. Nós as 4 estamos naquela idade em que muitos dos nossos amigos já andam a ter bébés. Nenhuma de nós demonstrou qualquer tipo de interesse em ter um em nenhum momento próximo, nem mesmo aquela que já tem casamento marcado para o ano que vem. Talvez estejamos a ser um pouco do contra, mas a nossa conclusão geral é que é pena que hoje em dia quando queremos ter uma conversa com uma amiga próxima que já é mãe, já não é bem o mesmo tipo de conversa que teriamos há pouco tempo atrás. Além de outros temas, falar sobre a criança é um tópico inevitável, isto se a criança não estiver perto de nós, porque aí, sem dúvida que não vai haver espaço para falar sobre o que quer outra coisa seja. Parece que a mudança da vida de uma pessoa a partir do momento em que se decide a ter uma criança é inevitável, e possívelmente se alguma vez alguma de nós decidir ter uma, até talvez a nossa maneira de ver as coisas mude também. Ao menos espero que sim, e que aquele instinto maternal surja para que o dar dedicação e tempo à criança seja uma coisa feita com prazer e não como um frete como agora nos parece. 

 

De qualquer forma, após toda esta conversa de crianças e, ah e tal ainda bem que não estamos nessa situação, e que venha o mais longe possível, se alguma vez vier, chego a casa, ligo o meu Facebook, e quais são os alertas que vejo:

1 - Fotos do meu bébé que faz hoje 1 ano com um chapéu com a bandeira do Reino unido para lembrar o tempo em que vivemos em Londres (postado por uma amiga Americana).

 

2 - Foto da mãe e bebé recém-nascido também já de há um ano atrás em celebração do seu primeiro ano de vida.

 

3 - Uma ex-colega Portuguesa que também colocou um post sobre o seu bebé que faz hoje um ano de vida. 

 

Irónico, não é?

 

Os 3 posts apareceram assim no topo da página seguidinhos. Porra! Mas isto é tudo do contra? Porque nós dizemos que não queremos bébés, de repente aparecem-me fotos de amigas contentes a falar do seu bebé de 1 ano - as 3 no mesmo dia é impressionante! Há um ano e 9 meses era inverno, estava frio e tal, toca de fazer bébés. 

 

Uma das coisas mencionadas na conversa de hoje é que, quando estamos em grupo, principalmente com amigos de infância que optaram por ter a vida pacata e ficar-se pela zona onde crescemos, casar e ter filhos por ali mesmo, e eles perguntam-nos como estamos de maridos, crianças e afins, e lhes dizemos que não temos nada disso, eles olham para nós com pena e dizem - "ah, não te preocupes, que um dia há-de acontecer". - Ahh, para vossa informação nós não estamos preocupadas! Não percebem? Eu odiava ter essa vida neste momento, e o mesmo sei que não seria desejado pelas amigas com quem estive hoje. Eu é que nao consigo compreender o pessoal que trocou os anos de juventude para começar família cedo. OK, são escolhas, mas não me olhem com piedade, porque não queria nada estar nessa situação de momento. Não poderia ir aos meus festivais, às minhas festas, sair com amigas, conhecer pessoas novas, viajar, sair de casa de manhã e passear sem destino sem dar justificações a ninguém, dedicar tanto tempo à minha pós graduação como tenho dedicado,... Sei lá, são tantas coisas que não poderia fazer se estivesse numa situação de criar família. Escolhas são escolhas. Cada um faz aquelas que prefere mas eu mantenho-me muito contente com as que fiz até agora.