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Tuga em Londres

A vida de uma Lisboeta recentemente Londrina.

2020 em revista

Bem sabemos como este ano foi tão diferente para todos, mas o fim do ano é uma boa altura para olhar para trás, e reflectir em tudo o que aconteceu ao longo do ano - e no meio de tanta coisa má, com certeza vão encontrar momentos bons também que vos vão fazer aperceber que o ano não foi totalmente para esquecer, se bem que esquecer-nos deste ano será difícil de qualquer forma. 

 

Aqui fica a reflexão de como vi este ano passar:

Comecei o ano no desemprego, ao ser informada dos cortes que iam fazer na empresa.  São coisas que acontecem, mas logo comecei a aproveitar o tempo livre para fazer o CV e começar a enviar currículos. Ao fim das primeiras semanas, já tinha as primeiras entrevistas marcadas para quando viesse da minha lua-de-mel. Lua-de-mel essa que nunca chegou a acontecer. Ao voltar de alguns dias de descanso alternativos em Littlehampton, começou o lockdown, e foram eliminadas todas as entrevistas que tinha alinhadas. 

 

Durante os meses seguintes, foi o que se sabe - entrevistas eram mentira, por isso aprendi a fazer pão, e os seguidores do @tugaemlondres no Instagram ainda se puderam entreter a ver muitas das minhas criações na altura; comecei a fazer ponto-cruz (ainda não terminei o projecto que comecei no lockdown 1); dei imensos passeios a pé e de bicicleta; dediquei-me a um grande novo projecto que sempre quis fazer, mas que não consegui terminar antes de começar o novo emprego pelo que ainda se encontra na lista de coisas a fazer quando voltar a ter tempo; dediquei-me à jardinagem; e fiz imensas vídeo-conferências com amigos, que até este ano, praticamente só fazia com o trabalho ou com a família. 

 

Durante aquela fase pior do lockdown 1 onde tudo estava parado, houve muita conversa de angústia e sensação de solidão, mas quando se anunciou que o lockdown estava prestes a terminar ao fim das 6-7 semanas, as pessoas já se tinham habituado tanto a essa nova forma de vida que, de repente, identificou-se que muitas não queriam sair do lockdown e notou-se uma nova onda de angústia e depressão devido à incerteza do que estava para acontecer. 

 

Entretanto com a morte de George Floyd surgiu um novo movimento das Black Lives Matter que criou um surgimento de manifestações ao longo do mundo contra todas as regras do Covid pelas pessoas se aperceberem que era urgente actuarem. Houveram muitos problemas associados com essas manifestações, a população ficou muito dividida entre o estar certo ou errado fazer estas manifestações no meio de uma pandemia, queimar-se estátuas e afins de personalidades históricas que contribuiram para o tráfego de escravos e afins. Muitos disseram que se estava a mutilar importantes momentos da história. Sinceramente, na minha opinião, esse movimento fez história e já se vêm muitas repercusões positivas desde que este movimento surgiu. 

 

Quando o lockdown terminou estávamos a entrar no verão, e as actividades sociais com outras pessoas começaram a ser permitidas novamente, primeiro com encontros no parque permitidos, e a partir de meados de Julho, os restaurantes e pubs voltaram também a abrir. Também comecei a ter mais respostas às minhas candidaturas a emprego a partir de inícios do verão, o que eventualmente deu em resultado positivo.

 

Ao fim dos primeiros 100 dias desde que o lockdown começou fiz um post com fotos em revista que foi uma boa representação de como passei esse tempo. Os casos do coronavirus estavam a diminuir significativamente e havia um certo optimismo pelo ar.

 

Comecei o meu novo emprego em meados de Julho, e ao fim de 5 meses de lá estar, ainda só conheci fisicamente 5 colegas. Tem sido sem dúvida estranho estar num emprego que faço praticamente todo online, sem conhecer os meus colegas em pessoa, mas fico a aguardar o momento em que eventualmente vou poder conhecê-los, espero que seja algures em 2021. 

 

Entre um emprego novo e uma pandemia, acabei por não viajar para lado nenhum este ano, aparte de uns poucos fins-de-semana prolongados passados na zona do campo de Inglaterra. Foram bem passados mas devo dizer que estou ansiosa para poder fazer uma viagem mais prolongada e mais distante algures em 2021 (talvez? se for possível?).

 

Como tomamos a decisão de comprar casa nova, essa decisão também pode influenciar a nossa possibilidade de virmos a tirar férias. Afinal, precisamos de juntar o máximo de dinheiro que conseguirmos para comprar uma propriedade que gostarmos, e gastar dinheiro em férias parece uma frivolidade nesta altura. Custa-me pensar que talvez ainda não seja para 2021 que vamos ter a oportunidade de fazer a nossa lua-de-mel, mas, vai depender do valor da casa que encontrarmos, da pandemia, de muitas coisas. Não quero desistir da ideia de ter uma lua-de-mel, mas quando a vamos poder fazer é outra história.

 

Durante todo o ano, o único local onde parecia que não havia lockdown era Broadway Market, em Hackney. Muitas pessoas, inclusive eu, estavam chocadas ao início ao ver o número de pessoas que se encontravam naquela rua durante todos os dias, mas sinceramente, ao fim de tanto tempo e de tanto lockdown, sabia-me bem passar por lá e ver o rebuliço nas ruas, e ter uma sensação de normalidade ao passar por lá. Como os muitos bares, cafés e restaurantes têm estado abertos para takeaway durante quase todo o ano, as pessoas gostam de passar por lá, para ir comprar o café durante a manhã, o Aperol Spritz durante o verão ou o Mulled Wine nas noites frias de inverno e ficar em pé no meio da rua a conversar com os amigos. E não foi por isso que a zona de Hackney tenha estado mais infectada que outras, porque não o esteve de todo. Em certa altura no verão, Hackney era até uma das zonas com menos infectados de Londres, o que reflecte como a socialização em espaços abertos é bem menos contagiosa do que em espaços fechados. Foi quando soube desses números que me comecei a sentir mais confortável de passar por lá para aproveitar aquela sensação de normalidade. 

 

Relativamente às regras que se têm estabelecido ao longo do ano, estas têm criado muita controvérsia entre amigos - há aqueles que respeitam as regras ao extremo, os outros que não querem saber, e aqueles que tomam decisões mais moderadas entre aquilo que acham que podem ou não fazer. Todas as pessoas são diferentes e todas têm razões para pensar de uma forma ou outra, mas o importante é que respeitem as decisões uns dos outros. 

 

Já passamos o lockdown 2 em Novembro, e duas semanas depois fomos colocados no Tier 4 que, basicamente, equivalente ao lockdown 3 (ou será que nunca chegamos a sair do lockdown 2 e aquelas duas semanas foram todas uma mentira para nos dar um bocadinho de energia apenas para continuarmos em lockdown durante mais uns meses?) 

 

Com o anúncio das novas vacinas, primeiro pela Pfizer e agora também pela Astrazeneca, há mais esperança de que o fim esteja próximo. Ainda não vai ser para já, e apesar de hoje terminar o ano de 2020 oficialmente, acho que a sensação que temos tido este ano ainda se vai prolongar pelos primeiros meses do ano. Tenho esperança que o próximo verão seja diferente do verão de 2020 e que sejam permitidas mais actividades sociais, que o teatro e os concertos voltem a ser permitidos,... eu tenho esperança nisso e quero pensar positivamente que tal vai acontecer. Até lá, é mais um esforço. Continuar a respeitar ao máximo possível as regras que temos, para que a sensação de liberdade social posso voltar o mais cedo possível. 

 

Feliz Ano Novo e que volte a haver liberdade social em 2021 são os meus desejos para o mundo. 

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Comprar casa em Londres - Parte II

Como tinha indicado neste post, escrito no fim de Novembro, demos início à procura de nova casa este Outono. Desde então conseguimos visitar mais umas 10 casas durante o mês de Dezembro, e fizemos mais uma oferta noutra casa que gostamos. A nossa oferta também não foi aceite pela segunda vez. Desta vez foi porque estamos numa 'chain', ou seja, temos um apartamento para vender antes de podermos comprar a próxima casa. Inicialmente até pensamos que tal não fosse preciso, mas quando colocamos a oferta nesta segunda casa, falamos com um 'mortgage adviser' que nos informou que, se não vendermos o nosso apartamento primeiro, vamos pagar o dobro do stamp duty. Ah, pois! Não sabíamos nada disso. E, por esta altura, mesmo que fossemos encontrar uma casa em Dezembro, provavelmente já não iríamos a tempo de conseguir fazer troca de contratos antes do final da 'stamp duty holiday', ou seja a isenção de imposto na compra de casa que o governo está a oferecer até Março, porque geralmente demora mais que 3 meses para se finalizar a compra de uma casa. Isto explica uma das razões porque os agentes imobiliários continuavam a insistir de que deveríamos falar com um 'mortgage adviser' o quanto antes (para sabermos informações desse género, e porque queriam introduzir-nos aos seus parceiros para receberem comissão na introdução, mas essa é outra história). 

 

Enfim, cá nos encontramos então numa nova situação - sabemos agora que vamos ter que vender o nosso apartamento antes de poder comprar nova casa. Porque para já, ter este apartamento, faz-nos compradores menos 'fortes' em comparação com outros que não tenham casa para vender, ou seja, estejam 'chain-free', e portanto, mais disponíveis para tratar do processo de compra mais rapidamente. Geralmente, os vendedores preferem sempre compradores que estejam dispostos a trocar contratos o mais depressa possível, principalmente se eles próprios estiverem numa chain, ou seja, têm que vender a sua propriedade, para poderem comprar outra. 

 

Assim sendo, a decisão foi feita por nós de que temos que vender primeiro. Então lá comecei o processo, e chamei um agente cá a casa para nos fazer a avaliação do valor do nosso apartamento. Em 4 anos o seu valor subiu £15000 o que não é mau de todo, mas como só comprei uma pequena percentagem da casa, apenas vou receber essa percentagem do aumento do valor, menos as despesas em advogados, taxas de venda etc, o que significa que provavelmente vou ficar com zero de lucro, mas desde que me cubra as custos da venda, seria muito bom. E se não perceberem o que quero dizer com ter apenas uma percentagem da casa, podem ler mais sobre shared ownership neste post.

 

Como este apartamento possuo em shared ownership, tenho que dar a oportunidade à organização que me vendeu o apartamento através deste esquema, para vendê-lo primeiro. Assim sendo, como o próximo passo, eles vão anunciar o apartamento e têm 8 semanas para o venderem. Se ao fim das 8 semanas ainda não conseguirem ter vendido, podemos então tentar vender no mercado aberto e escolher os nossos agentes imobiliários, mas sinceramente, espero que eles o consigam vender nas 8 semanas porque isso ia evitar taxas adicionais de venda através de um agente imobiliário. O problema que também temos, é que podemos encontrar alguém rapidamente para comprar este apartamento visto ser tão bem localizado perto do centro, do canal, de parques etc, mas ainda não termos encontrado uma outra casa para nos mudarmos. E aí é que a coisa se torna mais complicada. Porque ou temos que fazer o nosso comprador esperar, ou temos que nos mudar para acomodação alugada até encontrarmos a nossa próxima propriedade. De qualquer forma nenhuma dessas hipóteses é ideal, mas a ver vamos. A saga continua a partir de Janeiro. 

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Natal em Londres

Sendo dia de véspera de Natal, só quiz passar para desejar ao leitores do blog umas festas muito felizes. 

 

Penso que seremos muitos a ter um Natal diferente este ano, mas diferente não é necessariamente negativo. Nos últimos dias por Londres, apesar de muitas actividades Natalícias serem inexistentes, mesmo assim vêm-se decorações de Natal pelos ruas, e alguns mercados de Natal ainda se mantiveram em funcionamento. Por isso, mesmo só sair para fazer passeios, e passar pelos mercados existentes ou pelas ruas decoradas, traz um pouco do ambiente Natalício de que gostamos.

 

 

Gostei também do processo de fazer compras para as refeições de Natal, pensar em tudo o que queria servir, sem ter que deixar essa decisão para outros familiares. O plano cá por casa é que eu faço a refeição da consoada, e o meu Inglês faz a refeição de Natal. Quiz fazer a Consoada tradicional Portuguesa com o Bacalhau com Todos. Não consegui encontrar couve Portuguesa, mas encontrei o Bacalhau e mais alguns produtos deliciosos no Madeira Deli em Vauxhall. A entrada vai incluir camarões grelhados como a minha mãe sempre fez, e para sobremesa vai ser leite-creme e um cheesecake tdo País Basco. O cheesecake não tem nada de tradição Portuguesa, mas não sou grande fã de Bolo Rei, pelo que fica uma alternativa boa. 

 

Amanhã teremos frango no forno com todos os acompanhamentos essenciais de uma refeição de Natal Inglesa. Aparte da comida, pretendemos entreter-nos com filmes e jogos e conversa e Zooms, porque afinal, este é o ano do zoom e das vídeo conferências, portanto, nada como terminarmos o ano com a mesma tendência, para ao menos poder ter algum contacto com a família. 

 

E depois do Natal, bem, continuaremos à espera para receber algumas novidades positivas das negociações entre o Reino Unido e a União Europeia, para podermos chegar a algum tipo de acordo. Será possível? Isso é que ainda ninguém sabe, mas infelizmente com tão poucos dias até ao final do ano, a esperança não é muita. 

 

Que venham melhores dias para o futuro do Reino Unido, da União Europeia e do mundo, mas entretanto, que aproveitem os próximos dias para esquecerem dos problemas e aproveitarem a época de festas da melhor forma possível. Feliz Natal!

 

 

 

Viajar numa pandemia - ir ou não passar o Natal a Portugal?

Imagino que a maioria dos emigrantes como eu tenham feito a mesma pergunta a si próprios este ano - Vou ou não vou passar o Natal a Portugal? 

 

E ao fazermos essa pergunta, ouvimos as vozes na nossa cabeça conversar sobre o assunto. A primeira voz diz-nos - O Natal é para passar em família, e depois de tanto esforço que fizemos durante o ano, merecemos ao menos poder partilhar este momento com os nossos mais próximos. Se devemos abrir uma excepção ao longo de todo o ano, é esta a excepção a fazer. Eu não tenho o vírus, os meus familiares não estão com o vírus portanto, ao estarmos juntos não haverá problema de infecção. A não ser que apanhe o vírus a caminho de Portugal no voo cheio que vou apanhar. Mas isso será pouco provável, portanto o risco é pequeno.

E continua a segunda voz - Afinal passámos o ano inteiro a fazer inúmeros esforços para não ver a família e os amigos de forma a que todos ficássemos seguros e ajudar a evitar espalhar o vírus. Então, o que nos dá o direito de estragar todo o bem feito durante o ano e juntarmo-nos todos para levar a outro surjo de casos e consecutivamente o inevitável surjo de mortes? 

 

Continuei com este debate ao longo dos últimos meses. Tinha comprado o voo para passar o Natal em Lisboa já em Agosto, com as expectativas de que a situação talvez tivesse melhor nessa altura, mas esta semana que passou tive que tomar a decisão definitiva, e a decisão foi passar um Natal diferente longe da família. Não foi fácil, mas sei que me vou sentir melhor por tê-la tomado. Além de que, se fosse a Portugal, acho que ia passar o tempo a tentar distanciar-me dos meus pais o que seria muito estranho, portanto preferi evitar toda essa situação, e simplesmente continuar o ano como tem sido até agora - um ano mais solitário e estacionário do que qualquer outro. 

 

Os meus pais compreenderam perfeitamente quando lhes dei a notícia e acho, que de certa forma até estavam à espera que eu tomasse essa decisão. Sinceramente acredito que este vai ser o primeiro e último ano que vamos ter que tomar uma decisão destas porque com a vacina já a ser administrada, 2021 vai ser o ano da grande recuperação, e pelo Natal do próximo ano, já nos vamos poder voltar a abraçar sem remorsos, por isso vou esperar. 

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