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Tuga em Londres

A vida de uma Lisboeta recentemente Londrina.

Lockdown Parte II

E lá foi anunciado novamente! Mais uma vez vamos ter que entrar em lockdown. Em Portugal vai ser a partir de quarta-feira, e no Reino Unido vai ser a partir de quinta-feira. Novamente todos os pubs, restaurantes, cabeleireiros e lojas não essenciais vão voltar a fechar durante pelo menos um mês aqui pelo Reino Unido até dia 2 de Dezembro. 

 

Outra vez....

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Durante a tarde quando estavamos à espera do anúncio, os meus grupos de WhatsApp não paravam de falar sobre o assunto, e especular o tipo de lockdown. Quando eventualmente foi anunciado, já ninguém quiz dizer nada. Pararam os comentários porque de repente todos tivemos a realização de que isto vai mesmo acontecer novamente e vai ser intenso novamente. E desta vez estamos no inverno o que torna as coisas ainda piores porque nem vamos ter a possibilidade de ir passear todos os dias para apanhar sol. 

 

Eu própria sinto-me a ir a baixo um pouco com o anúncio. Eu sabia que era mais ou menos esse o anúncio que iria ser feito mas acho que ainda tinha esperança que não fosse tão restricto assim. Já vimos os efeitos negativos que o primeiro lockdown trouxe a tantas pessoas e negócios, mas OK, lá teve que ser. Neste momento, apesar dos casos estarem a aumentar, as mortes são consideravelmente mais baixas. Faz sentido voltar à mesma situação em que estavamos em Março e voltar a colocar tanta pressão no país novamente? Não sei. Não sei o que pensar de momento. A minha mente está a mil e como tudo acabou de acontecer ainda estou a assimilar a informação e ainda me custa acreditar que isto vai mesmo acontecer novamente. 

 

Este ano já tem sido um ano de nada, um ano sem viagens, sem festas, sem grandes agrupamentos de amigos, um ano de muita calma e de certa monotonia. Mas ao menos estavamos numa fase em que nos podiamos encontrar com o amigo ocasional, ir a restaurantes, ir ao pub. Agora não podemos fazer nada disso novamente? Peço desculpa pela negatividade do post de hoje, mas custam-me estas notícias. E notícias essas oferecidas também na noite de Halloween. Muito oportunas para o tema da noite. 

 

Eu sei que vou ter que aceitar e ter que me habituar porque não há nada que possa fazer contra, mas hoje estou chateada. Tenho o direito de estar chateada com estas notícias, e é assim mesmo que vou ficar para já. Preciso deitar para fora este sentimento. Não concordo, não gosto, não quero, e tenho o direito de discordar.

E as melhores cidades do mundo em 2020 são...

Parece que foi num mundo totalmente diferente atrás quando escrevi este post com título "Qual é a melhor cidade para se viver no mundo em 2020". Estávamos a 24 de Fevereiro, e a ideia era adivinhar o resultado do ranking anual da TimeOut baseado nas respostas que os leitores deram no seu questionário. Os resultados foram lançados em Setembro (apesar de só os ter visto agora), mas pergunto-me qual é o significado destes resultados agora, baseados num questionário que foi lançado antes de tudo o que nos afectou durante este ano mudou a vida que conhecemos nas nossas cidades. Será que os resultados teriam sido os mesmos se o questionário tivesse sido feito hoje? Duvido! 

 

Quanto eu e tantos outros milhares de pessoas pelo mundo responderam ao questionário, estavamos baseados numa realidade muito diferente daquela que nos rodeia hoje. E possivelmente as respostas que dariamos hoje às mesmas questões de cultura, bares, sexo, amizade, restaurantes, dinheiro, etc, teriam sido altamente influenciadas pelo facto de termos tido a oportunidade de aproveitar algumas delas, dependendo das regulamentações locais. 

 

Se eu teria dado as mesmas respostas que dei sobre Londres? Concerteza que não. Como um amigo meu que voltou para Barcelona durante o lockdown disse-me no outro dia - "claro que tenho saudades de Londres, mas todos temos saudades de Londres, mesmo os que estão aí, porque Londres não é o que era." E ele tem razão. Houve tantos elementos de Londres que não pude aproveitar este ano. E não sei quando, e se vou voltar a poder aproveitar algum dia. Mas tal como digo de Londres, digo concerteza de muitas outras cidades, e provavelmente, vão ser as cidades que conseguiram lidar melhor com a pandemia e manter os números reduzidos que vão subir nos rankings do próximo ano. 

Os resultados do questionário deste ano: não querem dizer muito, mas afinal baseam-se na opinião que tinhamos desde o ano anterior. Se estiverem interessados podem vê-los aqui. 

Só por curiosidade, e visto que vos pedi os vossos palpites para os resultados destas três cidades - Londres, Lisboa e Porto ficaram em 4, 19 e 28 lugares respectivamente. Os leitores mais próximos dos resultados foram a Madalena e a Carmen com 15 pontos de diferença no total. Obrigada pelos vossos palpites. Acho que para o ano Londres vai descer consideravelmente de posição, e o mesmo irá acontecer com Nova York que ficou no primeiro lugar desta vez. 

 

Para o próximo questionário? O meu palpite vai para as cidades de países Nordicos como Oslo, que conseguiu lidar relativamente bem com a pandemica, ou talvez Sydney que também conseguiu manter casos reduzidos. 

 

Engraçado ou até assustador como no desenrolar de alguns meses, a nossa idade de qualidade de vida numa cidade, passa de categorias variadas como restaurantes, bares, amizades, cultura, para uma categoria apenas - qual a cidade que lidou melhor com a pandemia?

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As novas restrições Covid até às 22h

A partir do dia 24 de Setembro que o Governo Britânico lançou novas regras aplicáveis a todos os restaurantes, bares e pubs - têm que encerrar às 10h da noite. A razão? O número de casos Covid tem aumentado exponencialmente e com esta nova regra estão a tentar reduzir o número de horas de actividades sociais e reduzir o tempo em que as pessoas passam a consumir alcóol, porque quando o alcóol está presente, esquecem-se as regras de distanciamento mais facilmente. 

 

O resultado? As ruas e os transportes públicos estão cheios ao bater das 22h, principalmente às sextas e sábados à noite. Não sei o quanto é que ajuda a redução das horas de operação dos estabelecimentos em comparação com um metro ou autocarro cheio de gente à mesma hora. Ao menos podiam ter separado um pouco os horários, e por exemplo fechar os pubs pelas 22h, mas os restaurantes só fechavam pelas 22:30h, para distribuir as pessoas um pouco mais e escolher o estabelecimento em que se come como o último a fechar. Mas não, fecha tudo ao mesmo horário, logo vai tudo para casa ao mesmo tempo que é para se misturar tudo muito bem nos ambientes fechados dos transportes públicos. Que bela ideia Senhor Boris  

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Fonte: AFP via Getty Images

Agora a última regra foi lançada ontem - que permite definir diferentes zonas do país pelo seu estado de gravidade de casos como zonas de perigo médio, elevado ou muito elevado. As zonas de perigo médio representam a maioria do país, e as regras aí mantêm-se com o facto destes estabelecimentos mencionados fecharem às 22h e poder haver um máximo de 6 pessoas num grupo. 

 

Para zonas de perigo elevado, vão também deixar de permitir haver encontros de pessoas de casas diferentes em locais fechados mas continuam a ser permitidos encontros de 6 pessoas em jardins privados. 

 

Para zonas de perigo muito elevado, os grupos de 6 pessoas apenas vão ser permitidos em lugares exteriores públicos como parques, os pubs e bares são obrigados a fechar a não ser que sirvam refeições, mas nesse caso, só será permitido o consumo de alcóol com as refeições. 

 

Ao menos as nova regras sempre ajudam um pouco a manter a actividade nas zonas menos afectadas, enquanto que aquelas com maior perigo tentam tomar medidas mais restritas para tentar evitar a transmissão. Mas essas regras são suficientes? Deviamos todos ter que andar com máscara na rua? Deviamos todos entrar já em lockdown novamente? Não me parece que essas duas últimas medidas sejam efectivas o suficiente, baseada no que se viu noutros países que foram super restritos com exigência de máscara em todo o lado, e mesmo assim os casos também lá estão a aumentar significativamente como é o caso de Espanha.  Quanto a um lockdown? Isso afecta tantas mas tantas pessoas de tão variadas formas quer a nível profissional, económico ou de saúde mental, que também não me parece que seja a solução ideal. 

 

O melhor para já, quaisquer que sejam as regras, talvez seja mesmo tentarmos todos evitar esse contacto social próximo ao máximo possível para conseguirmos manter a sociedade que temos no momento e continuar a viver com este virus até se encontrar uma vacina ou uma forma de teste regular, eficiente e rápida para todos. Quanto tempo vai demorar ninguém sabe ao certo mas só espero que a situação não continue a piorar como se prevê. 

 

Aniversário numa pandemia

Quando estávamos em Março e presenciei os primeiros aniversários de amigos que tiveram que ser cancelados ou adiados, eu esperava que pela altura que chegasse o meu, já poderia ter a minha festa habitual, mas estava enganada. 

 

As restrições actualmente indicam que apenas nos podemos encontrar em grupos de 6 pessoas o que é um número muito mais restrito do que as minhas festas habituais. Torna-se difícil também 'escolher' quais vão ser as pessoas com quem partilhar o jantar de aniversário, por isso optei por fazer três jantares. Cumpro às regras, mas celebro na mesma com algumas das pessoas mais próximas. 

 

O meu aniversário foi na terça-feira e, pela primeira vez tirei o dia de férias. Geralmente não tiro porque costumo fazer um almoço com os colegas, levo um bolo etc e é sempre um dia um pouco diferente no escritório. No entanto, estando a trabalhar de casa, não via qualquer vantagem em ficar a trabalhar por isso aproveitei o dia para mim, e adorei a experiência - comecei o dia com uma das minhas corridas habituais mas sem pressa para voltar para casa. O meu Inglês não tirou o dia de férias mas fomos almoçar fora e depois continuei a aproveitar a tarde para visitar uma galeria de arte, fazer umas compras, dar uma volta de bicicleta, e no fim do dia organizei o tal primeiro jantar. Foi um dia muito agradável, e sendo o meu aniversário trouxe-me aquela sensação de que tinha o direito de fazer aquilo que quisesse, mesmo que isso envolvesse gastar mais dinheiro do que o que normalmente faria num outro dia normal. Algumas amigas já me tinham dito que costumam tirar um dia especial para elas também, e agora percebo porque o fazem. Adorei a experiência e, acho que a partir de agora vou começar a tirar sempre o meu dia de aniversário de férias. Afinal, se temos que adicionar mais um número à nossa idade, mais vale fazer do aniversário a melhor experiência possível. 

 

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Jantar de aniversário junto ao canal 

O problema da tecnologia e redes sociais

Uma das coisas que sempre me fez evitar dedicar-me demasiado às redes sociais foi o conflito que tenho visto consecutivamente a ser demonstrado nas mesmas. Pessoas que não se conhecem de lado nenhum começam a ter discussões agressivas sem muita razão aparente. Talvez levadas pela força da natureza humana de não querermos perder. E ao não querermos perder, mas discordando das opiniões dos outros, começamos num debate online que muitas vezes torna-se ofensivo porque nenhuma das partes se quer dar por vencida, e ao sentir-se ofendida, ofende ainda mais, e começa uma bola de ofensas que nunca mais acaba. 

 

Um assunto sobre o qual nunca tinha pensado muito, apesar de saber perfeitamente que é assim que a tecnologia funciona, é o porquê de haver tantas pessoas com tantas certezas de que têm toda a razão. E ao ver o novo documentário do Netflix intitulado 'The Social Dilemma' fez-me pensar mais nisso - a tecnologia com que o consumidor interage no dia-a-dia, nomeadamente a tecnologia relacionada com as redes sociais, mas não só, funciona de forma a identificar os interesses de cada indivíduo, de forma a fornecer-lhe informação sobre as coisas que lhe interessam, e outras coisas que o indivíduo ainda não saiba, mas que sejam de teor semelhante. É aquela ideia da tecnologia criada pela Amazon de que, ao comprares o produto X, a Amazon oferece-te a hipótese de também comprares os produtos Y e Z, porque identificou, através da sua base de dados, que a maioria de pessoas que comprou o produto X também comprou ou esteve interessado em comprar os produtos Y ou Z. A ideia é a mesma com outros tipos de informação encontrada online - se viste um vídeo no YouTube sobre o facto de que o Coronavirus é uma completa mentira inventada pelos Governos para nos manterem todos em casa enquanto eles estão a tramar umas coisas más, os algoritmos do YouTube vão identificar que tu és o tipo de pessoa que talvez se deixe influenciar por teorias da conspiração e, como tal, vai imediatamente sugerir que vejas outros vídeos relacionados sobre as manipulações de certos Governos, etc., etc. E enquanto passas o tempo a ver esses vídeos e a assimilar toda essa informação, estás exactamente a passar muito mais tempo na dita rede social, o que permite a essa rede social servir-te mais anúncios de produtos ou serviços que geralmente outras pessoas que gostam de ver esse tipo de vídeos que estás a ver, também têm tendência a clicar e/ou comprar.

 

Portanto ficam todos contentes - o indivíduo está contente porque ficou mais informado sobre assuntos que lhe interessam, os publicadores dos tais vídeos estão contentes porque têm mais pessoas a ver o seu conteúdo, e como tal vão receber mais comissão dos anúncios que aparecem nos seus vídeos; os anunciantes ficam contentes porque mais pessoas estão a clicar nos anúncios e fazem compras; e a rede social fica contente porque os anunciantes vão continuar a gastar mais dinheiro em publicidade no canal. Bom para todos, correcto? - Errado! 

É errado porque no momento em que o algoritmo da plataforma em questão, qualquer que ela seja, oferece mais do mesmo tipo de conteúdo, está a transformar aos poucos e poucos a opinião dessas pessoas, e sendo que essas pessoas continuam a ser servidas mais e mais conteúdo do mesmo género, vão ficando com opiniões formadas mais fortes sobre um determinado assunto e, quando de repente se deparam com alguém que discorda com elas, acham que essa pessoa é completamente estúpida por não compreender a sua opinião, e daí começarem as muitas discussões agressivas online. 

 

Isto está relacionado com o contínuo surgimento de extremismo nos últimos anos - o extremismo por parte de grupos religiosos que conseguem encontrar apoiantes mais facilmente, o extremismo das opiniões políticas da sociedade que se encontram cada vez mais divididas, o extremismo sobre as coisas que nos fazem bem e nos fazem mal à saúde, etc etc. E estas divisões de opiniões passam do ambiente online para a vida real, e vêm-se mais manifestações e conflitos e nota-se que vivemos numa sociedade mais dispersa e mais conflituosa. E muito disso porque várias tecnologias decidiram por nós o conteúdo que nos interessa mais e que devemos ver, ler e ouvir, e que inevitavelmente nos influenciam. E depois, quando nos deparamos com pessoas com opiniões diferentes achamos inacreditável como é que elas não nos percebem - 'claramente não estão nada informadas se não sabem aquilo que nós sabemos' - elas não sabem porque nunca lhes foi servida essa informação, mas outra completamente diferente. 

 

Para quem ainda não viu, aconselho dedicarem tempo para ver esse documentário porque trás perspectivas muito interessantes. Se vou já apagar as minhas redes sociais depois de ver visto este documentário? - Não. Eu gosto dos benefícios que as redes sociais me oferecem mas também estou perfeitamente alerta para o facto das más influências que elas podem trazer, e simplesmente evito passar muito tempo nelas, evitando também os tais conflitos de que falei ao início do post. E quando as pessoas vêm tentar criar os tais conflitos, eu simplesmente corto a conversa quando começar a ficar desconfortável. Não tenho paciência para andar em longas conversas conflituosas com pessoas que não conheço de lado nenhum e que parece que não têm mais nada que fazer que discutir tudo e mais alguma coisa. 

 

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