Os altos e baixos de procurar emprego durante a pandemia
Fez no dia 14 de Julho exactamente 6 meses desde o dia em que soube que o meu cargo na empresa anterior ia desaparecer, e como tal eu ia ficar sem emprego. No dia 15 comecei o meu novo emprego.
Foram 6 meses de desemprego marcados por uma pandemia, pelos mesmos anúncios de emprego durante meses, por falta de resposta e por rejeição às aplicações.
Antes de levarmos com uma pandemia em cima, até que a procura de emprego não estava a correr mal. Tinha enviado umas 10 aplicações, começado a falar com os recrutadores e tinha sido chamada para uma entrevista. Depois veio o Covid. A entrevista foi adiada para uma data incerta, outros recrutadores informaram que os cargos tinham sido colocados em pausa, e comecei a ver uma redução significativa no número de empregos anunciados, ou via sempre os mesmos empregos anunciados. Pela altura de Abril-Maio, quase todos os empregos que via anunciados novos, eram anunciados por agências de recrutamento acerca de uma empresa com nome oculto, e quando aplicava para esses, quase nunca obtive resposta, o que me faz pensar que eram maioritariamente anúncios falsos pelas agências de recrutamento apenas para conseguirem continuar a receber CVs e manterem-nos nos ficheiros para eventualmente quando tivessem empresas clientes, pudessem ter também detalhes de candidatos.
Digamos que não foi o período ideal para procurar emprego, quando milhares de empresas estão a sofrer financeiramente para sobreviver, e têm que cortar cargos ou pedir aos empregados para não irem trabalhar e coloca-los em apoio financeiro através do Estado. O que me valeu mesmo é o facto da minha experiência profissional ter sido maioritariamente em empresas de tecnologia, por isso, quando a quarentena começou a aliviar em finais de Maio, também comecei a ver o número de ofertas de emprego na minha indústria a aumentar um pouco, e depois vim a descobrir que este cargo com que fiquei também já tinha sido publicitado no início do ano, mas com a pandemia, também o colocaram em pausa durante uns meses.
Não foi propriamente uma altura fácil a nível de emprego e sei perfeitamente que ainda não estamos numa situação muito melhor, mas aos poucos e poucos esperemos que as empresas se sintam mais confortáveis para voltar a recrutar. Acho que me ajudou o facto de ter tido perfeita consciência de que, o mais provável, era de ter que esperar alguns meses até conseguir novo emprego. Continuei durante todo o período a enviar CVs sempre que encontrasse algum anúncio relevante, mas também não dedicava muitas horas à procura porque sabia que estar sempre a pensar nisso não seria saudável. E também sabia que, eventualmente, iria encontrar um emprego, e que quando isso acontecesse, eu iria ter pena se não tivesse aproveitado o tempo que tive livre. Por isso dediquei-me a alguns projectos pessoais que já queria começar há muito, mas que nunca tinha tido tempo antes, e isto claro, para além de aprender a fazer pão em casa, e dar muitos passeios de bicicleta e a pé pelas mais variadas zonas de Londres. Agora, ao olhar para trás, gostei da forma como ocupei o meu tempo, e apesar de não ter feito tanto quanto queria, mesmo assim, acho que o aproveitei da melhor forma possível, tendo em consideração as condições em que estávamos.
Durante este período eu fui apontando todos os empregos a que me candidatei e o que estava a acontecer com cada um deles, e é um pouco decepcionante olhar para as estatísticas, mas acho que reflectem um pouco o mercado. Chateia-me é que a maioria das empresas nunca quiseram perder tempo sequer para dizer que não iam avançar com a aplicação. Perdi tanto tempo a preencher formulários e escrever cartas de apresentação para cada um desses empregos, que o mínimo que gostaria de receber em troca, seria uma resposta à minha aplicação. Acho que é uma grande falta de respeito para com os candidatos.
Ficam as minhas estatísticas dos últimos 6 meses:
- Empregos a que me candidatei: 60
- Não obtive resposta: 36
- Recebi email a rejeitar a aplicação: 15
- Recebi email a informar que o cargo já tinha sido ocupado: 4
- Recebi email a informar que o cargo tinha sido colocado em pausa: 4
- Empresas com que entrevistei: 2 (uma apenas entrevistei com o recrutador e nunca mais ouvi nada deles. A outra foi a com que fiquei com o emprego)
- Número de entrevistas: 6
- Diferentes versões do CV: 17
- Emprego conseguido: 1