Durante estes últimos meses, com a falta da interacção social cara-a-cara, restou-nos a muitos, a oportunidade de fazermos festas virtuais com amigos. Claro que não é o mesmo que estar numa festa em casa de alguém ou num bar. A interacção nunca é a mesma, até porque enquanto numa festa pessoal, várias conversas podem acontecer em simultâneo, no caso de uma festa virtual isso torna-se mais complicado, mas não deixou de ser uma boa alternativa. Já aqui tinha falado antes no tipo de jogos que muitas pessoas têm estado a fazer em video-conferências, mas desta vez queria antes falar das festas com live streams de música, que também têm sido muito populares.
Nem todos os live stream serão associados a uma 'festa', mas podem sê-lo quando, ou têm um dos vossos amigos a tocar música para vós ou combinam ouvir o mesmo live stream enquanto estão a falar no zoom. Fui a duas festas virtuais desse género. Na primeira, um amigo estava a tocar directamente a partir do zoom, o que não foi ideal, porque o som era transmitido apenas a partir do som do computador, e como tal não se ouvia a música claramente. Mas da segunda vez, outro amigo fez uma sessão de DJ transmitida através de um live stream no Twitch, a partir do qual conseguiu que o som passasse directamente do sistema de DJ para o software do Twitch, e como tal, a qualidade estava perfeita. É necessário alguma preparação para fazer um live stream por ser necessário ter certo equipamento como um 'encoder', e a música tocada não poder infringir os direitos de copyright dos autores da música, mas existem vários tutoriais online que explicam como fazer um live stream a partir do Twitch, Facebook ou Youtube.
De qualquer forma, sintonizarem com amigos ao mesmo livestream também pode ser uma boa ideia para poderem fazer a vossa própria festa virtual sem terem que lidar com a organização de um live stream.
Tal como numa festa presencial, a virtual também começou com conversa em que íamos mandando mensagens uns aos outros no zoom (visto que tinhamos que manter os nossos microfones em silêncio para conseguir ouvir a música), mas depois de algum tempo e algumas bebidas, as pessoas começam a levantar-se e dançar nas suas respectivas casas, como se tivessemos a dançar numa festa no mesmo espaço. É um pouco estranho ao início, mas passado pouco tempo estava tudo habituado à ideia e a dançar ao som da música nas respectivas salas.
Quanto aos live streams, encontram de todo o género de música. Basta irem à secção 'Live' no Facebook ou Youtube e pesquisarem entre os variados live streams que estejam a haver no momento por aqueles que mais gostarem. Ou organizações como o Sofar Sounds também estão a fazer live streams de artistas menos conhecidos espalhados pelo mundo todos os dias.
Empresas também têm organizado festas de zoom com acesso a centenas de pessoas e encontrei esta gravação de uma delas no youtube:
Uma das coisas boas relacionadas com o Covid-19 de que se tem ouvido muito falar tem sido a entreajuda entre pessoas, com os vários grupos de voluntários entre vizinhos e outras comunidades a surgirem para apoiar as pessoas que mais necessitam de que já falei aqui e também aproximou pessoas que já se conheciam mas que se mantiveram mais em contacto durante o lockdown, sobre o que falei aqui. Por outro lado, apercebi-me no outro dia que, ao longo deste tempo, também tenho presenciado exactamente o oposto. E sinto isso mais ainda, agora que começamos a sair do lockdown. Sinto que as pessoas tanto têm estado unidas quanto têm estado mais sensíveis e críticas às atitudes dos outros, chegando até a ser abusivas umas com as outras.
Comecei então a pensar nos vários eventos em que encontrei esse tipo de abuso:
#StayTheFuckHome foi uma campanha lançada durante o lockdown e que foi utilizada não só em países de língua inglesa, mas como outros, inclusive em Portugal. O objectivo - incentivar as pessoas a ficarem em casa, e consequentemente ajudar a não espalhar o virús. Tudo perfeito quanto ao objectivo. Mas reparem na escolha de palavras - Stay THE FUCK home. Porque é que teve que ser adicionado o 'the fuck'? O governo e o NHS tinham lançado já a campanha #StayAtHome que transmite exactamente a mesma mensagem. O facto de se adicionar o 'the fuck' transmite logo um factor negativo e rude à campanha. E consequentemente, sendo que as pessoas viram tanto essa campanha, é normal que sentirem que fazer essa exigência é perfeitamente aceitável, e que é perfeitamente aceitável de certa forma 'maltratar' os outros ao utilizar palavras tão fortes (pode não ser um maltrato físico, mas não deixa de poder ter consequências negativas para quem o recebe). E agora algum de vocês perguntam - "mas o que é que tens contra isso? Não achas que foi correcto as pessoas ficarem em casa?" - Claro que sim. Concordo plenamente que isso tenha sido uma medida necessária. Mas para algumas pessoas ficar em casa o tempo todo não é uma hipótese tão fácil como para outras - possivelmente para as pessoas que vivem sozinhas ou que vivem com pessoas com quem não se dão bem tenha sido mais difícil passar o lockdown, do que pessoas que vivem com parceiros e em famílias felizes. Pessoas que vivem em más condições, em quartos pequenos, com famílias abusivas, todas elas terão achado mais difícil passar todo o tempo em casa do que os outros que vivem em casas grandes, com espaço, jardim privado e afins. E agora imaginem serem uma dessas pessoas que precisavam mesmo de sair um pouco mais que a maioria para o bem da sua saúde mental, e ser bombardeados com a mensagem 'stay the fuck home'.
Envergonhar pessoas nas redes sociais por terem ido a zonas de afluência de pessoas durante o lockdown - quase todos os fins-de-semana via-se imagens a percorrer as redes sociais dos parques de Londres cheios de pessoa, o que levava a um total choque por parte de todas as outras pessoas que viam essas imagens e que começavam a escrever todo o tipo de mensagens abusivas nas redes sociais. E tenho que confessar que eu própria partilhei uma imagem de um parque cheio na altura do lockdown que também achei péssimo (mas não fiz comentários abusivos). Mas agora olhando para trás e pensando melhor sobre o assunto - se as pessoas não fossem a esses parques será que conseguiam andar até outro local que lhes trouxesse a mesma sensação de calma que um parque? É normal que as pessoas escolham o seu local de passeio como o local próximo que seja mais bonito, mais calmo, e geralmente, na maioria dos conselhos de Londres, esse local será o parque. E também, as pessoas não sabem se o parque vai estar cheio antes de lá chegarem, e mesmo que cheguem e vejam que estejam lá muitas pessoas, desde que sintam que estão com mais de 2 metros de qualquer outra pessoa, sentem-se seguros e continuam o seu passeio. E a outra situação é que as próprias pessoas que partilhavam fotos dos parques cheios, também tinham estado no parque, portanto estavam a contribuir para o parque cheio.
Protestos - uma morte injusta de um cidadão dos EUA levou a que milhares de pessoas pelo mundo despertassem a anos de injustiça e viessem para as ruas em protesto para exigir mais igualdade e justiça. O que recebem? Abuso.
Festas clandestinas - agora que começaram a haver reduções de restrições começaram também a haver pessoas a fazer festas. Congregam-sem em casas, em parques e afins. As pessoas que foram até podem ter pensado que seriam festas pequenas, com distancia social, mas depois chegaram lá e tal, e se calhar a festa estava boa, e já há tanto tempo que não podiam ir a uma festa, e tinham saudades que deixaram-se estar. Receberam também abuso por ter ido às festas.
Abriram as lojas - E ao abrirem as lojas parece que as pessoas não têm podido comprar tudo aquilo que queriam online durante este tempo todo, que de repente as filas e encontrões para as pessoas visitarem centros comerciais, a Primark, a loja da Nike e tudo mais, foi uma loucura. O motivo das pessoas que foram? Talvez gostem muito da experiência de compras numa loja, talvez não gostem de comprar online. Mas o que receberam? Abuso!
Porque é que eu estou a escrever este post a defender esta gente toda que não cumpriu com as regras? Não estou. Não é esse o meu objectivo. O meu objectivo é alertar para o inúmero abuso que tem havido ao longo dos últimos meses. As pessoas são todas diferentes e todas têm os seus motivos para tomar certas atitudes com as quais, nem todos concordamos. Mas o nível de abuso de tem resultado não faz bem a ninguém - nem a quem o recebe, nem a quem o dá. As opiniões podem ser dadas. Críticas construtivas e discussões de pontos de vista devem continuar sempre a ser debatidos, mas não é preciso ser com abuso. E com a variedade de exemplos que dei deve dar para perceber que não são sempre as mesmas pessoas a quebrar todas as regras mencionadas. Aqueles que foram agora à Primark, talvez tenham estado a comentar abusos para os outros que estavam no parque durante o lockdown, e os que foram às festas possivelmente andavam a partilhar #staythefuckhome durante o mês de Abril. Basicamente, com este post apenas quero alertar para que pensem na melhor forma como dar a vossa opinião sem ser preciso utilizarem formas e palavras abusivas e confrontais negativas. Afinal, quem não desrespeitou uma única regra do governo durante esta pandemia até agora, que atire a primeira pedra.
Todos estamos bem cientes do que está a ocorrer no mundo neste momento, com o nascimento do movimento Black Lives Matter para alertar e lutar contra as injustiças raciais que infelizmente, ainda hoje existem.
Penso que uma das melhores maneiras de ajudar a causa neste momento é falar sobre o assunto. Falar com os vossos familiares, amigos, colegas e em social media, porque ao falarmos abertamente e partilharmos o que sabemos sobre o assunto ajuda a que todos o percebam melhor. Ajuda a perceberem o porquê deste movimento apesar de estarmos no meio de uma pandemia, e porque é que é tão urgente ocorrer agora.
O que temos visto pela história muitas e muitas vezes, é que são movimentos como este que levam à acção por parte dos governos e das sociedades, tais como o movimento das sufragettes no início do século passado, que também levou a muitos protestos, muitos deles de forma violenta; levando ao resultado que as mulheres hoje em dia têm direito ao voto.
Tenho andado a ver e ler imenso sobre o assunto e devo dizer que fiquei espantada por algumas coisas que encontrei mas que demonstram a evidência deste racismo inerente à nossa sociedade:
Vejam este exemplo em que uma jornalista chamou a polícia para lidar com os protestantes que tinham assaltado uma loja, e a polícia prendeu os donos que eram negros.
Ou este exemplo em que uma jornalista descreve o acto em que uma mulher branca está a aproveitar os protestos para assaltar uma loja, com a desculpa de que talvez a mulher trabalhe na loja (ela nunca diria isso se a côr da pele da mulher fosse diferente).
Em baixo vou deixar um dos vídeos que achei que explicavam melhor a corrente situação, que foi criado pelo comediante Sul Africano Trevor Noah, apresentador do the Daily Show, se bem que neste caso o vídeo não pretende ser humoristico. Vou deixar-vos com ele:
Hoje é o World Cycling Day, e como promotido no último post, eu venho desta vez escrever sobre recomendações de rotas que vos vão ajudar a descobrir Londres de bicicleta. Eu pedi-vos para darem também as vossas sugestões de rotas de bicicleta, por isso, este post vai combinar algumas das minhas e das vossas rotas de bicicleta favoritas.
Como alguns sabem, o meu amor de andar de bicicleta em Londres começou em 2013 por opção pessoal, mas agora, em que estamos a aprender a viver com o Covid-19, é aconselhado a que mais pessoas utilizem a bicicleta como modo de transporte principal, para poderem evitar os transportes públicos que são mais aptos à transmissão do virús. No último post, falei sobre as medidas que o Presidente da Câmara está a fazer para tornar as ruas mais seguras para ciclistas. Neste post, pretendo oferecer-vos algumas ideias de passeios de bicicleta em Londres que sejam bonitos e calmos e sugerir alguns websites que podem utilizar para planear as vossas próprias rotas.
Para criarem as vossas rotas:
RidewithGPS.com - permite utilizar pins para ajustarem a vossa rota de bicicleta por onde quizerem. Podem gravar a rota e fazer o download para o móvel com uma conta.
CityMapper - apenas vos permite planear uma rota do local A ao local B, mas podem escolher entre ruas calmas ou percurso mais rápido.
E quanto às recomendações de percursos de bicicleta em Londres, aqui ficam elas por zonas:
Rotas de bicicleta no Norte de Londres
1. Crouch End - Hampstead - Camden Town
Distância: 15km
Grau de dificuldade: Média (146m elevação)
Descrição: Percorrem ruas lindíssimas de ruas residenciais de vários estilos arquitectónicos, passam por Hampstead Garden Suburb que é uma zona onde o planeamento foi feito com ruas largas e terrenos grandes para cada casa. Nessa mesma zona encontram a Bishop's Avenue que é a segunda rua mais cara para se viver em Londres. Depois passam por Hampstead Heat até ao centro de Hampstead e continuam pelas ruas bonitas dessa zona e de Belsize Park até chegarem a Camden Town.
2. Finsbury Park - Parkland Walk - Alexandra Palace
Distância: 6.5km
Dificuldade: Média (110m de elevação)
Descrição: Comecando em Finsbury Park, vão apanhar o percurso do Parkland Walk, que é um parque na zona onde esteve em tempos uma linha de comboio, e terminam em Alexandra Palace onde podem ter uma vista espectacular de Londres.
3. Blackheat - Shooters Hill - Eltham - Chilehurst
Distância: 15km
Dificuldade: Elevada (183m de elevação)
Descrição: Passeio entre parques bonitos, e com uma vista excelente de Shooters Hill. Passam depois pelo Palácio de Eltham e terminam nas caves de Chislehurst.
Ideal para: Apreciadores de vistas em altitude, palácios e natureza.
Passeio recomendado pela Patita.Rocha. Podem fazer o download aqui
4. Wandle Trail: Wandsworth - Croydon
Distância: 18.3km
Dificuldade: Fácil (99m de elevação)
Descrição: O Wandle Trail é um conhecido percurso de bicicleta por passar quase toda a rota entre parques (10 parques para ser precisa) e junto a canais. É muito bonito e fácil com pouca elevação.
Ideal para: Apreciadores de parques e natureza
Pode aceder e fazer download do mapa criado por Rozzas aqui
Rotas de bicicleta no Este de Londres
5. Victoria Park - Hackney Wick - Hackney Marshes - Walthamstow Marshes - Tottenham Marshes - Epping Forest
Distância: 26.3km
Dificuldade: Médio (141m de elevação)
Descrição: Passeio muito agradável por entre um parque real, vários parques mais selvagens, várias barragens e uma floresta.
Ideal para: Apreciadores de natureza mais selvagem
Passeio combinado entre as recomendações da Rita Lopes e do João Fernandes via Facebook. Para um percurso menor e com pouca elevação, terminem em Tottenham. Para um percurso mais longo e difícil continuem até Epping Forest. Podem fazer o download do percurso aqui
6. Mile End - Stratford - Three Mills Island - Limehouse - Tower Bridge
Distância: 12.8km
Dificuldade: Fácil (50m elevação)
Descrição: Começando a partir do Mile End Park, e em direcção a Stratford, apanhando aí o canal até Three Mills Island e, depois continuando ao longo do canal até Limehouse, quando se juntam ao lado norte do Tamisa, percorrendo o percurso pela zona das Docklands junto ao rio até Tower Bridge.
Descrição: Passeio na margem sul ao longo do Tamisa com vistas impressionantes para a margem norte da cidade e percurso com muito pouco trânsito.
Ideal para: Apreciadores das margens do Tamisa
Passeio recomendado pela Maria Santos via Facebook e podem fazer o download da rota aqui. Notem que o Diogo Domingues via Instagram aconselha que a continuação desse passeio de Richmond até Kingston também vale muito a pena
8. Primrose Hill - Little Venice - Hyde Park
Distância: 9.5km
Dificuldade: Fácil (34m de elevação)
Descrição: Bonita rota pela zona central-oeste de Londres, começando por ver a vista do centro de Londres a partir de Primrose Hill, passando depois ao longo do canal até Little Venice, e passando por Paddington até Hyde Park.