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Tuga em Londres

A vida de uma Lisboeta recentemente Londrina.

Aviso de despedimento

pc425-youre-fired-alan-sugar.jpgOntem à tarde todos no meu escritório recebemos um email do CEO, com o título "Redundancy Notification". O meu coração parou quando li a primeira frase em que basicamente dizia que devido aos resultados do primeiro trimestre do ano não terem sido alcançados, e numa tentativa de reduzir custos na empresa, vão ser obrigados a fazer cortes no pessoal do nosso escritório.

 

Durante a próxima semana, cada um de nós vai ter uma reunião com o Director regional e com os Recursos Humanos para tentar provar que somos indispensáveis à empresa e porque é que deviamos ficar. A decisão final de quem vai sair será tomada na sexta-feira da próxima semana. 

                                                                                                                        Imagem retirada: The Lander Consultancy Blog

 

Devo dizer que tanto eu, como os meus colegas ficámos um bocado chocados com aquele email por não estarmos nada à espera de que tal fosse acontecer. Mas o facto é que já houveram outras duas rondas de despedimentos antes desta pela mesma razão, mas das outras vezes os despedimentos aconteceram nos EUA onde a empresa conta com mais de 200 pessoas. Agora decidiram passar os cortes para a Europa. Devido ao tom do email, dá para perceber que o número de cortes vai ser significativo. Como nós somos só 7 pessoas no escritório de Londres visto que umas saíram recentemente (sorte deles que sairam a tempo), isso significa que no mínimo 2 a 3 pessoas vão perder o seu emprego. Olhando para a situação de uma forma lógica, eu tenho plena consciência de que a decisão de eu ficar ou não na empresa, vai depender do número de salários que eles tiverem que cortar e, se efectivamente precisarem de despedir 3 pessoas eu tenho quase a certeza que irei ser uma delas. Isto da reunião é apenas um passo burocrático, mas o facto é que, a meu ver, existe uma ordem lógica de cargos que serão mais essenciais que outros para manter o escritório a funcionar. Portanto, penso que esta será a ordem de despedimentos:

 

  • 7˚ - o Director: alguém tem que gerir o escritório, portanto este será o último a sair;
  • 6˚ - a Gestora de Conta Senior: alguém tem que se assegurar que os nossos actuais clientes se mantêm satisfeitos e continuam a renovar o contrato. Será a penúltima a sair;
  • 5˚ - o Vendedor Senior: se o que precisam é de mais dinheiro, vão precisar de alguém para continuar a vender;
  • 4˚ - o Técnico de Implementação: estabelece a implementação da tecnologia no sistema de novos clientes, efectua treino e trata de eventuais problemas técnicos. Este trabalho poderia ser feito a partir dos EUA mas os custos associados a ter apoio dos EUA serão grandes, daí penso que ele só irá sair se precisarem de cortar no salário de 4 pessoas;
  • 3˚ - a Gestora de Marketing: Eu. Através do meu trabalho a empresa tem recebido muito reconhecimento no Reino Unido, principalmente através de artigos de impressa, parcerias, eventos e a geração de potenciais clientes para o vendedor júnior contactar. No entanto, a equipa de marketing dos EUA poderá manter pelo menos a geração de potenciais clientes, se bem que em números mais reduzidos, através de envio de conteúdo de marketing tipo whitepapers e ebooks para a nossa base de dados e através de SEO e PPC. Portanto eu serei a terceira a sair;
  • 2˚ - a Gestora de Conta Júnior: ela entrou à pouco tempo e, se necessário, a Gestora de Conta Senior poderá tomar conta dos clientes dela, embora vá ser complicado devido ao volume de trabalho.
  • 1˚ - o Vendedor Júnior: ele é a pessoa que está ao telefone o dia inteiro a tentar marcar reuniões entre potenciais clientes e o Vendedor Senior ou o Director. No entanto ele, não só está na empresa há poucos meses, como não tem tido uma boa performance, por isso ele irá ser o primeiro a sair.

 

Depois de termos recebido aquele email ontem, tivemos uma conversa com o Director sobre o assunto, parámos o trabalho e fomos todos para o pub. Afinal, ninguém estava com capacidade para pensar em dedicar as últimas duas horas do dia a trabalhar para uma empresa que acabou de nos informar que nos está a querer despedir. O próprio Director está mais que dissatisfeito com esta decisão e, quando o conselho executivo o informou que precisavam de cortar nos custos do nosso escritório ele deu sugestões alternativas, tais como mudar de escritório, visto que o nosso é caríssimo! Mas aparentemente a empresa está de mãos atadas relativamente ao contrato deste escritório e os custos de sair do contrato não compensariam, portanto essa proposta foi rejeitada e, em vez disso, acharam melhor cortar nos salários.

 

Uma coisa é certa, quer fique, quer não fique, vou começar a colocar em prática o que escrevi nos posts sobre 'como fazer um bom CV', 'procurar emprego em Londres', e 'como preparar para uma entrevista'. Vejo esta situação como um sinal e incentivo de que devo mudar e procurar algo melhor. Até lá, a minha procura de casa para comprar claro que vai ficar em standby. Nem pensar em custos elevados enquanto não estiver novamente numa situação estável com o emprego.