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Tuga em Londres

A vida de uma Lisboeta recentemente Londrina.

Ter "housemates" não é bem como se vê na série "Friends"

Sinceramente uma das coisas que mais me atraiu em Londres desde o início foi o facto de estar a viver numa casa partilhada com outros jovens todos +- da minha idade.

 

Inspirada no filme "A residência Espanhola" quando vim para Londres em Erasmus (há uns anos atrás) estava mesmo a querer ter a experiencia de viver com outros estudantes universitários, passar a vida em festas e conhecer pessoas novas todos os dias. E até que foi parecido com esse filme, mas lá está, em Erasmus somos estudantes, temos todo o tempo do mundo, todos estão com o mesmo espirito e as coisas tornam-se mais faceis de acontecerem tal como nos filmes. No entanto, quando se está a viver numa casa partilhada em que todos trabalham a coisa já muda um pouco de figura. Afinal o tempo para estarmos juntos passa apenas por alguns momentos ao fim-de-semana e o resto dos dias todos estão cansados e o que querem é descanso e pouco barulho.

 

Com a sorte de ter ficado com alguns conhecimentos da minha época de erasmus, encontrar sítio onde ficar e "housemates" não foi tarefa difícil. Cada qual com as suas pequenas diferenças, já que afinal temos culturas e idades um pouco diferentes, mas mesmo assim com muitas semelhanças ao nível da educação e ao modo de estar na vida. Como tal, temos vivido todos bem sem grandes complicações nem problemas aparte dos dias em que alguém se esquece de comprar o leite o deixa a roupa dentro da máquina. Aparte desses problemas menores, por vezes estavamos tão bem e divertidos que até pareciamos vindos da série "Friends".

 

Ok, até aqui tudo bem. Tudo bem ATÉ HOJE!

Pois muito bem, estava eu muito bem nas minhas tarefas domésticas da hora do jantar quando a namorada de um dos meus "housemates" que passa a vida cá em casa a visitá-lo sai de casa antes do namorado ter chegado a dizer que se vai encontrar com uma amiga. Ora isso deixou-me um bocado intrigada. Porque raio de razão é que afinal, se o namorado não está cá, e ela veiu cá a casa ter com ele, se vai embora antes de ele chegar?? Não é situação muito normal de uma VISITA, pois não? E porque raio de razão é que dantes ela vinha cá umas 2 ou 3 vezes à semana e agora vem cá todos os dias??

 

Ora ouço o Anthony na cozinha atrapalhado com a preparação do jantar e lembro-me de lhe perguntar -- "Oh Anthony, estava cá a pensar pra comigo e...olha lá...a Carrie está a viver cá em casa?" Ao que ele me responde: "Está. Tu não sabias?"

 

Arghhhhhh, e é claro que não sabia, mas o que não posso acreditar é como é que ninguém me disse nada! Aliás era o namorado dela que devia primeiro perguntar a todos os restantes se não nos importavamos que ela ficasse ca a morar até Setembro. Tudo bem que são só uns meses, mas mesmo assim!!! Não é correcto!! Será que não é de senso comum perguntar às pessoas com quem se está a viver se não se importam que a namorada venha viver cá para casa? Mais um a ocupar a casa de banho, mais um a querer ter um lugar na sala onde já só havia lugar mesmo à conta e era se estivessemos bem apertadinhos.

 

Quer dizer, afinal é uma mais pessoa com quem eu vou de facto estar A VIVER!!! Será que só eu é que acho que isso é um assunto importante? Será que é uma noção que me foi incuntida pela cultura Portuguesa como não sendo correcto? Se bem que o Anthony também não parecia extremamente feliz com o acontecimento. Ao que parece a ele também não lhe pediram autorização, a Carrie apenas lhe mencionou isso no outro dia como um facto consumado. Será que o facto de ela simplesmente anunciar o facto tem a ver com o a sua cultura Americana? Quero, faço e posso! Talvez seja esta a regra pela qual os Norte-Americanos se orientam. Não sei porquê mas não me parece nada desajustada para os Americanos. E o namorado dela é Austriaco...Hitler também era Austriaco... Humm...belo par!

 

Vi muita coisa estranha acontecer na série "Friends" mas sinceramente nada deste género! Falta de consideração impressionante. Ah, mas isto não fica assim! Quando o vir da próxima vez lá vou eu de mãos à cintura, bater com a pé no chão e de voz bem alta se for preciso (que isto de se ser natural de um país do sul da Europa tem-se fama de falar bem alto e regatear, portanto ao menos que uma vez eu ao menos dê uso à fama) para lhe dar a minha opinião do assunto.

 

Bem, eu claro que não vou dizer para a rapariga sair de cá de casa nem nada disso. Também não vamos exagerar. Não consigo fazer "peixeirada" a esse ponto. Mas vou sem dúvida mostrar bem a minha indignação que isto aqui não é a casa da Joana e eles têm que se aperceber bem disso para não abusarem. Só acho é que não vou usar o termo da "casa da Joana" que acho que eles lá nós países deles ainda não são avançados o suficiente para conseguirem compreender estas sábias expressões do povo Português.

Eu, Portuga

Estava em de férias no Alentejo com os meus pais quando recebo o telefonema que foi mudar radicalmente a minha vida até então:

"Congratulations, we would like you to come to a second interview!"

 

E assim foi. Voltei a Londres para uma segunda entrevista para um programa internacional de licenciados na área de gestão. Na sexta seguinte estava em Londres para a minha segunda entrevista, no sábado de volta a Portugal para fazer as malas e no domingo cheguei à Alemanha para o início do programa de treino na sede da empresa até ir definitivamente para Londres uma semana depois.

 

Um mês antes, quando estava a sair da última apresentação de projecto do meu curso e chorava barba e ranho pelos optimos quatro anos da minha vida de estudante universitária que tinham acabado, sabia lá eu que me ía mudar para Londres em tão pouco tempo...mas quase dois anos depois ainda cá estou.

 

Trouxe na mala o bacalhau, o chouriço, o salame de chocolate e a música dos Clã e do Pedro Abrunhosa que ouço muito mais desde que estou em Inglaterra do que alguma vez ouvi enquanto vivia em Portugal.

 

O meu repertório de música Portuguesa vai crescendo cada vez mais e o bacalhau e enchidos tornaram-se parte dos essenciais a trazer cada vez que venho de Portugal. Hehe...E eu que sempre achei isso de levar comidas tão rídiculo. Achava típico desses emigrantes todos da santa terrinha que não sabém viver sem os comes e bebes tradicionais e que vivem enclausurados num país estrangeiro no meio de uma pequena comunidade Portuguesa. Oh mas como os entendo tão bem agora em relação aos comes e bebes! Quando a saudade bate sabe tão bem o "Bacalhau com todos" que eu sempre detestei e pedia à minha mãe para não fazer. Mas o pior de tudo e que não me conformo mesmo nada é que agora também eu sou uma EMIGRANTE!!! Ou como os Britânicos gostam amavelmente de chamar: "A bloody foreigner"!