A minha última procura de emprego em Londres - parte II
Retomando ao post anterior, como eu mandava tantos curriculums todos os dias, acabei por me fartar de escrever cartas de apresentação e, experimentei enviar só o CV sem carta de apresentação ou então apenas com algo muito breve tipo "Caro Sr./Sra, vi o anúncio para o emprego X no local Y, para o qual me gostaria de candidatar. Por favor encontre o meu CV em anexo." Pensei que apenas enviando o meu CV seria suficiente visto que, afinal, na carta de apresentação apenas estava a resumir aquilo que tinha escrito no CV, por isso mais valia a pena as agências de recrutamento verem o meu CV e ficavam logo com a informação toda.
Lá andei então eu a fazer assim as minhas candidaturas durante uns tempos até que houve uma altura em que eu própria estava a ajudar um amigo que tem uma empresa na selecção de candidatos a um emprego que ele tinha disponível e como tinha recebido muitos CVs, para grande surpresa minha, eu estava a colocar de lado, todos aqueles que ou não tinham carta de apresentação ou que tinham uma carta de apresentação fraquinha ou mal escrita. Ora dessa não estava eu nada à espera! Mas afinal, se eu própria punha de lado os candidatos que não apresentavam logo uma carta de apresentação que rapidamente resumisse a sua experiência, então com certeza que muitos empregadores e agências a quem eu tinha enviado só o CV terão feito o mesmo com a minha candidatura. O facto é que, sem carta de apresentação, parece que os candidatos não estão muito interessados naquele emprego e que apenas enviaram o curriculum para aquele emprego tal como para muitos outros (o que era verdade no meu caso, obviamente, mas que dá logo uma imagem negativa ao empregador, isso dá).
O que percebi também quando estava a ajudar o meu amigo na pesquisa pelos melhores candidatos é que eu queria ler cartas de apresentação que fossem sucintas. Cartas demasiado longas tinham sempre demasiada informação que era completamente desnecessária e dão logo aquela sensação negativa ao olhar para elas quando via que eram longas porque não me apetecia estar a ler aquilo tudo. Afinal, há que não esquecer que as pessoas que estão a ler os curriculums são humanas, logo, é normal que se sintam aborrecidas ao lerem longas cartas sem o mínimo interesse e que demoram tempo a ler sendo que, poderão ou não demonstrar estar um bom candidato por detrás dessa carta.
Assim sendo, a partir daí, passei a:
- candidatar-me apenas para empregos que requerem um candidato com experiência igual ou muito semelhante à minha (no post anterior falei sobre isto)
- enviar sempre uma carta de apresentação juntamente com o CV
- a carta de apresentação segue sempre uma estrutura formal mas sucinta
- na carta de apresentação indicava apenas experiência ou qualificações que tenho que fossem relevantes para o emprego ao qual me estava a candidatar
- escrevia sempre cada carta específica para o emprego em questão (anteriormente a isso tinha utilizado o sistema de criar uma carta padrão em que fazia copiar+colar para cada candidatura nova e apenas mudava o nome da empresa, mas rapidamente cheguei à conclusão que, com esse método, poucos telefonemas recebia. Nota-se quando se faz um copiar+colar de uma carta de apresentação standard e, notei isso também quando estava a ajudar o meu amigo, nas cartas que li dos candidatos). Ao fim de alguns dias já estava tão habituada a escrever as cartas de apresentação que já sabia sempre o que escrever e escrevia cada carta em cerca de 5 minutos.
- Além de personalisar a carta ao emprego a que me estava a candidatar, muitas vezes personalizava também o CV de forma a que a experiência e conhecimentos mais relevantes para o emprego que me estava a candidatar estivessem mais fortemente identificados no topo do CV. Aí já fazia copiar+colar CVs que tinha gravados separadamente mais específicos para cada área. Por exemplo, quando me estava a candidatar a um emprego com funções gerais de marketing, enumerava diferentes experiências que tocava em todos os pontos do marketing mix; quando me candidatava a empregos mais relacionados com online marketing, colocava mais foco no CV na minha experiência em Pay-per-click, Search Engine Optimisation, Google Analytics, etc; quando me candidatava a empregos mais virados para a comunicação, indicava mais a minha experiência de relações públicas, social media, e-mail marketing e por aí adiante. Isso significa que eu tenho ampla experiência em todas essas áreas, perguntam vocês? Não - é a resposta. Em online marketing, por exemplo, a minha experiência de PPC e SEO foi apenas uma pequena parte das minhas funções, mas quem sabe disso? Sei eu, e sabem vocês agora. Mas os empregadores não sabiam, pois não? Por isso mesmo, não há problema colocar essa experiência como a parte mais sobressalente no curriculum para atrair a atenção do empregador. Só assim teria hipóteses de ser chamada para entrevista e, uma vez lá, poderia explicar exactamente até que ponto tenho conhecimentos nessa área. Também sem exagerar, claro. Nunca iria dizer que a minha experiência na área tinha sido mínima. Mas também, atenção, caso eu visse, logo pelo anuncio que as expectativas do empregador fugissem muito aos meus conhecimentos efectivos então nem me chegava a candidatar sequer. Portanto, eu não estou aqui a sugerir a ninguém que se ponham a inventar coisas que nunca fizeram ou que não têm quaisquer conhecimentos sobre o assunto. Apenas não é preciso que dominem totalmente essa área, mas convém que tenham conhecimentos e experiência palpável porque senão, em entrevista a vossa mentira será descoberta o que se transformará não só numa perca de tempo para vocês como também para o empregador.
Bem, e com este último tópico dou por concluído mais este post sobre a minha saga de procura de novo emprego que já são horas de ir dormir. Mas a minha experiência não acabou por aqui, por isso ainda haverá mais num próximo post.