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Tuga em Londres

A vida de uma Lisboeta recentemente Londrina.

Primeiro Natal celebrado em Londres

OK, eu sei que o título deste post é um pouco enganador porque também celebrei o Natal em Londres em 2020 quando estivemos em lockdown, mas não sei bem se consigo contar com esse ano por ter sido tão diferente da experiência de um Natal num ano normal. Portanto, em condições normais, posso contar com este como o primeiro que celebrei em Londres. 

 

Era a vez de irmos passar com os meus pais. Vamos alternando os anos, entre visitar os meus pais ou os pais do meu Inglês. Para os pais dele já lhes custa muito viajar, mas os meus pais ainda estão felizmente bem o suficiente para viajar por isso, quando lhes propusemos virem passar a nossa casa este ano, após pensaram um pouco no assunto, decidiram aceitar. Adorei a ideia de poder passar as celebrações cá por casa e ser eu a receber e preparar as decorações, a comida, etc. 

 

Eles chegaram na quinta-feira à noite por isso, na sexta ainda tivemos oportunidade de ir passear ao centro - ver uma exposição, passear pela Southbank e terminámos o dia a ver o Show Musical 'Tina' que retrata a vida da Tina Turner. Sendo um musical, e como os meus pais já conheciam a história dela, apesar de não saberem falar Inglês, conseguiram perceber tudo o que estava a acontecer e gostaram muito do espectáculo. Musicais, de forma geral, costumam ser uma boa opção de shows a ver quando há uma barreira de língua, mas é sem dúvida melhor, quando conseguem seguir a acção por já conhecer a história que está a ser contada em palco. 

 

Os dias de Sábado e Domingo foram passados em casa ou na nossa zona local, entre preparativos para o Natal e colocar a conversa em dia. 

 

No dia 24 quisemos celebrar a Consoada como fazemos em Portugal, por isso os meus pais trouxeram bacalhau para podermos comer nessa noite. Mas decidi que gostava de lhes apresentar o Natal Britânico por isso, tudo o resto foi passado mais à tradição local - abrimos os presentes na manhã de Natal e fizemos o assado tradicional. A minha sogra também tinha feito o bolo de Natal tradicional de frutas que nos ofereceu, por isso também chegaram a experimentar essa sobremesa.

 

Foi um Natal bem passado e adorei celebrá-lo em Londres, em casa, com calma, sem os stresses e a perca de tempo com as viagens. Não sei se vamos voltar a passar outro por cá nos próximos anos por isso foi bom ter podido experimentar este ano. 

 

Tirei também esta semana entre o Natal e o Ano Novo de férias. Muitas pessoas preferem trabalhar esta semana e guardar as férias para outras alturas em que possam viajar. Eu percebo perfeitamente isso mas sinceramente, esta é talvez a única semana do ano em que posso tirar férias em que posso mesmo desconectar do trabalho. Em qualquer outra altura do ano, quando vou de férias, tenho sempre que estar a olhar para os emails e para as mensagens de Slack, que há sempre algo urgente; há sempre alguma questão que está há minha espera e eu não quero atrasar os projectos por estar de férias. Mas agora, há calma... E adoro esta calma. Esta manhã acordei mais tarde, fui correr, e na volta parei num café local para ler as notícias e ver a manhã passar. Agora estou a aproveitar para, finalmente, fazer um update no blog e de seguida tenho mais algumas actividades que quero fazer no computador que nunca tenho a oportunidade de fazer hoje em dia. Ando sempre a 1,000! Sempre a correr. Nunca tenho tempo para os meus projectos porque passo a maior parte a trabalhar e, quando paro, não quero olhar mais para o computador, por isso todos os meus projectos pessoais, acabo por atrasar, ou simplesmente não fazer.

 

Por isso, sim, sem dúvida que quis tirar esta semana de férias e ficar por casa estes dias, em que, dedico os meus dias aos meus projectos pessoais e, algumas noites posso encontrar-me com amigos que tenham também ficado por cá.  É uma semana calma, mas útil, e também relaxante e divertida em iguais quantidades. Adoro!

 

Espero que passem esta altura do ano da melhor forma para vocês, e desejos de um ano de 2024 com tudo o que mais desejarem!

 

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Como celebrar os 40

E já entrei na nova década! Já tinha falado aqui e aqui sobre como me estava a sentir com a ideia de entrar na nova década e, acho que foi por altura dos 38 quando me senti mais estranha e apreensiva quando pensava no assunto. Mas talvez por ter começado a pensar nisso, comecei a habituar-me à ideia e agora que passei pelo meu 40o aniversário à dois dias atrás, passei um dia feliz e contente por estar a passar por uma ocasião especial e essa coisa da nova década não me afectou negativamente. Pelo contrário. Organizei várias celebrações com grupos de pessoas diferentes o que ajudou a ficar entusiasmada com a antecipação dos eventos e não me soube a pouco. Claro que fazer várias celebrações não é para todos mas para mim resultou bem por isso aqui fica a indicação das ideas que tive que podem ser boas sugestões para quem ainda estiver para decidir como celebrar um aniversário especial. 

 

  • Comecei a celebrar a partir do final de Agosto - um fim-de-semana prolongado com um pequeno grupo de amigas onde alugámos uma casa no Sul de França no meio do campo e aproveitámos para dar muitos passeios, conversar muito, descansar, ler e comer comida deliciosa. É uma forma relaxada de passar um tempo de qualidade com amigas e ter tempo de qualidade juntas. Geralmente este tipo de viagens é ideal com um grupo que se conheça muito bem mas no meu caso eu juntei amigas que ainda nem todas se conheciam bem entre elas. Como eu as conheço todas bem eu sabia que as suas  personalidades se iam dar bem, por isso foi uma forma de algumas delas também fazerem novas amizades. 

 

  • A segunda celebração foi dupla com outra amiga que também fez os 40 uns dias antes de mim. Por isso fomos com o nosso grupo de amigos comum passar um fim-de-semana prolongado numa vila em Espanha para ainda aproveitar o bom tempo, BBQs e tempo de piscina e de praia. 

 

  • No meu dia de aniversário tirei o dia de folga do trabalho e aproveitei-o para fazer um 'me day'. Gosto sempre de começar o meu aniversário com uma corrida mas depois andei  sozinha a passear por Londres e aproveitar o dia por locais que gosto. Ao fim do dia o meu Inglês levou-me a jantar a um restaurante surpresa o que foi uma óptima forma de finalizar um dia especial. 

 

  • E no dia seguinte que foi sábado, fiz a minha festa 'oficial' para todos os amigos que puderam vir que incluiu uma festa mais típica de aniversário com uma zona privada num bar/restaurante, comida, música, muita conversa e um pouco de dança. Organizei uma festa temática com o tema 'sunshine' porque dias de sol dão-me muita alegria por isso achei que seria um bom tema e, também é uma forma engraçada de dar um pouco que pensar aos convidados sobre o que vestir além de que ter um tema especial também ajuda a fazer a festa um pouco mais divertida e diferente. 

 

E foi assim! Para organizar tudo isto comecei a planear há um ano atrás e isso fez com que essas minhas pequenas viagens fossem basicamente parte das minhas férias de verão. Ao dar muito tempo às pessoas que estiveram envolvidas nos vários eventos também ajudou a que marcassem logo as datas nos calendários, marcámos casa e voos com quase um ano de antecedência que fez com que tudo ficasse muito mais barato e havia maior disponibilidade de locais bons ao marcar com antecedência. Portanto essa seria uma das minhas recomendações se quiserem fazer celebrações semelhantes para datas importantes, é marcar tudo com bastante tempo de antecedência. Fica mais fácil e este tipo de eventos tendem a correr melhor quando são planeados com tempo. 

 

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As diferenças que encontrei na Comporta

Passei duas semanas em Portugal agora em Julho. Soube-me muito bem, e não foi só pelo facto de ter tido lá aquele calorzinho bom que fez tanta falta no Reino Unido durante o mês de Julho (que aparentemente foi o mais frio dos últimos 8 anos). 

 

Queria passar um pouco mais tempo do que é habitual mas ia ser difícil tirar duas semanas seguidas de férias. Como tal, tirei a primeira semana de férias, e a segunda fiquei a trabalhar a partir da 'terra do meu pai' no Alentejo. 

 

Então, pensando que queríamos ficar a uma distância relativamente pequena da zona de Montemor-o-Novo, decidi marcar a nossa primeira semana na Comporta visto que já há muito que não ia lá e tem boa praia. Mas o que eu não estava era nada à espera do que por lá encontrei. 

 

Em vez da pequena aldeia Alentejana que tinha em mente, deparei-me com uma aldeia altamente gentrificada com imensos restaurantes de alta qualidade, bares giros que passavam música soft-jazz que nos embalou naquelas noites quentes, e um grande número de estrangeiros, não só turistas como também residentes. 

 

Rapidamente cheguei à conclusão de que a Comporta é uma das zonas da moda do momento. Se se é um estrangeiro com cultura o suficiente para conhecer este pedaço do Alentejo, vai estar lá; e se se é Português e vive em Cascais, também vai para lá. Isto para dizer que umas férias na Comporta, ao contrário do que esperava, não é propriamente barato. Só consegui encontrar dois restaurantes que tinham preços mais razoáveis relativamente ao que se espera de um restaurante numa aldeia da costa Alentejana. Tudo o resto tinha os preços bem elevados a cerca de £20-£30 por um prato principal de uma dose que efectivamente só dá para uma pessoa. 

 

E eu que dizia ao meu Inglês que ele podia esperar grandes doses de comida muito boa a uma pechincha. Nada disso! OK, a comida era boa, sim senhora, mas o preço é que não. 

 

Depois na praia, se queria almoçar, ou tinha que ir às 16h ou tinha que marcar mesa assim que chegasse à praia, e o melhor era marcar logo para vários dias seguidos se queríamos almoçar numa mesa lá fora. A alternativa seria ir comer ao segundo restaurante que lá está ao lado, mas esse parece ser ainda mais formal e não tem a decoração agradável que o Comporta Café tem, nem as mesas na areia, nem o DJ nem nada disso. Portanto, se querem ir almoçar ao sítio mais giro, há que fazer reserva. Nunca eu antes tive que fazer reserva para almoçar em nenhum bar de praia!

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Na primeira noite em que lá chegámos eu tinha pensado em reservar mesa para jantar por ser o nosso aniversário de casamento civil, logo queria ter garantido um restaurante que achasse que fosse bom. Tinha encontrado no Google o Sublime Beach Club que, ficava um pouco mais distante da aldeia da Comporta mas que parecia valer a pena o percurso de carro. E valeu! Foi perfeito para uma jantar especial a ver o pôr-do-sol. na praia e a ocasião assim o merecia. O que eu não esperava é que aquilo viessem a ser restaurantes especiais quase todas as noites porque são os únicos tipos de restaurantes que lá há. 

 

Mas entre os restaurantes e bares giros, e as lojas de decoração e design cheias de coisas bonitas que apetece levar tudo mas que na realidade não se sabe o que se vai fazer com aquilo que a sua funcionalidade é mais visual do que factual, ouve outro factor que me surpreendeu. - Os empregados dos variados locais falavam connosco imediatamente em Inglês sem verificar primeiro se éramos estrangeiros ou se não. E quando eu lhes falava primeiro em Português, muitas vezes respondiam-me em Inglês na mesma, ou respondiam em Português mas com um sotaque estrangeiro, porque efectivamente eram estrangeiros. Resultado, as minhas expectativas de colocar o meu Inglês (marido) a praticar o Português para sair destas duas semanas com um melhor vocabulário, foram altamente postas de lado ao verificar que metade da Comporta não falava Português. 

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Outra surpresa - com esta situação de encontrar uma aldeia tão atraente e com tanto potencial de investimento ficámos curiosos para ver o preço das casas que afinal, nada como encontrar uma aldeia Portuguesa com bom potencial de crescimento onde apostar numa casinha para alugar. Mas qual potencial?! Os preços das casas já estão mais que avançados que parece que todos já tinham chegada à conclusão de que esta aldeia era bom investimento à uns anos atrás e agora toca de lucrar com o assunto. Provavelmente há uns 5-10 anos atrás compraram uma casa pequena de três assoalhadas sem piscina por uns €200.000, e agora já estão a mais de €700.000. É ridículo! 

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Resultado, a minha estadia na Comporta foi uma caixinha de surpresas com todo este desenvolvimento inesperado. 

 

Se não gostei de lá estar? Gostei, sim senhora! OK, não gostei nada dos preços que já escrevi uma quantidade de parágrafos a desbaratar sobre os mesmos, mas adorei passar férias por lá. A aldeia está bonita, bem arranjada, é agradável de se estar em qualquer restaurante ou bar, o serviço foi impecável em todo o lado incluindo o hotel onde ficámos, o Alma Lusa, onde fomos recebidos com sorrisos simpáticos e até a gerente nos veio dar as boas-vindas à entrada. Depois temos a praia excelente ali ao lado, e muitas coisas para visitar na zona. Era difícil não gostar. É certo, a aldeia está gentrificada, e isso sempre vem com várias desvantagens principalmente aquelas associadas ao preço, mas o desenvolvimento da aldeia foi feito com o cuidado de preservar o seu aspecto original em vez de simplesmente construirem imensos edifícios altos como muitas vezes fazem para atrair o máximo de turismo mas sem nenhum respeito pela história da zona. Acho que esse desenvolvimento ao menos foi bem feito para já e proporcionou-nos uns dias calmos e super agradáveis na zona. 

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Festas de rua Inglesas - Uma tradição que quis abraçar

As festas de rua são altamente populares durante o verão um pouco por todo o país. Frequentemente são associadas a celebrações reais tais como a coroação do rei Charles que decorreu em Maio, ou a um casamento real etc., mas não é só para acompanhar esses eventos que se fazem festas de rua. Cada vez mais, com a divisão de opiniões no país relativamente à existência de uma família real, até se considera melhor fazer estas festas em alturas diferentes das festividades reais. Afinal, o objectivo principal é mesmo para que as comunidades locais se possam conhecer e fazer novas amizades entre vizinhos.

 

As ruas onde mais facilmente se fazem festas são aquelas que já tenham pouco trânsito e que não oferecem problemas para fechar durante uma tarde. Apesar de já ter vivido em ruas com essas características antes, talvez por serem ruas onde maioritariamente viviam pessoas em casas partilhadas, nunca ninguém iniciou as tais festas de rua e eu também nunca tinha pensado nisso, até me mudar para a rua onde resido actualmente. 

 

Quando me mudei para a zona e comecei a conhecer alguns dos vizinhos, disseram-me que antes da pandemia costumavam fazer festas aqui na rua. Eram festas simples - alguns dos vizinhos decidiam uma data, colocavam cartas nos correios para informar os outros e, no dia, as pessoas saíam à rua, colocavam algumas cadeiras e mesas em frente das suas casas, cada um trazia uns comes e bebes e entretinham-se a comer e beber na rua enquanto conversavam com os vizinhos. Perguntei se existia algum grupo de residentes ou no WhatsApp ou no Facebook para poder conversar com os outros vizinhos sobre a possível ideia de se reavivar a tal festa de rua, mas tal grupo nunca existiu. Achei que era pena porque, estar em contacto com os vizinhos tem muitas outras vantagens, tais como haver uma maior noção de comunidade e possibilidade de nos ajudar-mos uns aos outros, quer em caso de perigo ou para partilhar informações úteis tais como recomendações locais, electricistas, carpinteiros, poder oferecer produtos que uma pessoa não precise mas que seja útil para outra, etc. Então rapidamente cheguei à conclusão de, que se queria ter esses benefícios de fazer parte de uma comunidade local, teria que começar por criar um grupo para conversa entre vizinhos. 

 

E assim fiz. Escrevi uma nota a apresentar-me e a sugerir a criação de um grupo de WhatsApp. Coloquei as notas em envelopes e fui distribuí-las na caixa de correio de todas as casas. Devo confessar que nessa manhã em que decidi distribuir as notas fiquei um pouco na dúvida se devia ou não fazê-lo. Afinal, os vizinhos podiam preferir não conhecer os outros vizinhos e manter-se mais privados. Mas no fim, cheguei à conclusão de que quem não quisesse juntar-se ao grupo simplesmente podia ignorar a minha nota, mas ao menos, para os interessados, podíamos começar a comunicar. E sinceramente, não queria ficar com aquela dúvida do resultado que a minha nota ía receber, por isso já não podia voltar atrás e lá fui porta-a-porta entregá-las. 

 

Dentro da primeira meia-hora de ter colocado as notas nas casas comecei a receber as primeiras mensagens a demonstrar interesse em juntarem-se ao grupo. Duas pessoas, com idade mais avançada, telefonaram-me nesse dia com o interesse de conversar e contar-me um pouco sobre a história da rua. Pelo fim do dia cerca de 7-8 pessoas tinham respondido à nota. E na semana seguinte fui recebendo mais mensagens cada dia. Uma semana depois, no início de Abril, criei o grupo, e neste momento já temos 52 pessoas no grupo. 

 

Começamos a conversar sobre a festa de rua, e a maioria votou para um Sábado em Junho. Pedi por voluntários para ajudarem na organização, e ao fim de uma reunião, muitas mensagens e alguns telefonemas, estava tudo pronto para o dia da festa. Até a Junta de Freguesia tinha-nos deixado uns sinais de trânsito a postos para fecharmos a rua nesse dia e podermos colocar as mesas e cadeiras na rua, fazer um BBQ, e partilhar comidas e bebidas enquanto nos conhecíamos. 

 

Um vizinho organizou uma corrida de bicicleta lenta em que, o último ciclista a chegar ao final da rua sem colocar os pés no chão ganhava. As crianças da rua também organizaram umas rifas; e um dos pais tinha uma máquina de fazer bolas de sabão para entretenimento das crianças. Houve actividades o dia todo e como estava uma noite tão boa, os últimos a terminarem a festa ficaram na conversa até depois do bater da meia-noite. 

 

Adorei a minha primeira experiência de organização da festa de rua e foi óptimo poder ter conhecido muitos dos vizinhos. Agora quando ando pela rua já reconheço muitos dos vizinhos e tenho dito muitos mais 'olás' durante esta última. Sempre valeu a pena ter colocado as tais notas nas caixas de correio dos vizinhos.

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Ser mãe ou não ser mãe - eis a questão

Quando chegamos à década dos 30 é quase inevitável que, para uma mulher que não tenha filhos comece a pensar seriamente no assunto. Pela minha experiência há três tipos de atitude relativamente ao assunto:

  1. Aquelas que decididamente querem ter filhos mais cedo ou mais tarde, e a ideia de não os ter nem está em questão. - Parece-me este ser o caso da maioria das mulheres. 
  2. Aquelas que estão na dúvida se querem ou não ter filhos. Podem não sentir aquela vontade imediata de os terem, mas reconhecem os benefícios de os terem e como tal, não querem colocar a ideia de parte - Parece-me que este seja o segundo caso mais frequente mas que, ao encontrarem um parceiro permanente, a maioria destas mulheres acabam por ter filhos.
  3. Aquelas que decididamente não querem ter filhos - Acho que esta situação é muito menos frequente no início da década dos 30.

 

Quando pesquisei por estatísticas sobre o assunto verifiquei que no Reino Unido apenas 18% das mulheres não têm crianças ao chegar à menopausa, de acordo com um estudo do Office de National Statistics publicado em 2022.  E em Portugal por volta de 2011 esse número era pequeno com menos de 10% de mulheres que tinham mais de 49 anos a não terem filhos de acordo a Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD). Essa percentagem tem vindo a aumentar nos últimos anos com mais casais a decidirem não ter filhos em Portugal, sendo que por volta de 2017 essa percentagem tinha aumentado para os 13% segundo a Population Europe. 

 

Quero fazer só aqui um aparte que, durante a pesquisa de estatísticas tentei procurar por dados relativamente a casais, porque afinal, não são só as mulheres que tomam a decisão de terem ou não crianças, mas talvez ou por influência sócio-cultural ou pela simplicidade de se calcular estatísticas baseadas nas mães por ser mais fácil de se provar se tiveram ou não crianças, a maioria dos estudos apresentados são baseados nas mulheres. 

 

Devo dizer que quando vi essas percentagens fiquei um bocado espantada. Apenas 18% das mulheres no Reino Unido nunca chegam a ter filhos!? “Não pode ser” - pensei eu. Conheço tantas mulheres solteiras, com preferências homossexuais ou que tenham decidido não ter filhos, que chegar a um total de 18% sem filhos parece pouquíssimo! Pensei que os estudos estavam errados ou tivessem como base uma pequena amostra da população. Mas depois encontrei as fontes retiradas dos censos e comecei a pensar melhor no assunto. Será mesmo possível que o número de mulheres que nunca venham a ser mães seja assim tão pequeno? 

 

Comecei a pensar melhor no que vejo à minha volta entre o meu grupo de amigos. Entre os casais com idades semelhantes à nossa ou mais velhos, conheço apenas dois outros casais que não têm filhos. Conheço muitas mulheres solteiras mas conheço mais que estejam em relações. Entre as solteiras, duas estão a considerar ser mães solteiras e entre as outras, a maioria demonstra querer ter filhos um dia quando encontrar o parceiro certo. Portanto entre a minha rede de amizades próximas talvez 40% das minhas amigas neste momento ainda não tenha filhos mas ainda podem vir a ter. Depois o fato de que vivo em Londres talvez também tenha uma influência nesta percentagem por haverem mais mulheres que priorizam as suas carreiras do que encontrar um parceiro ou ter filhos, mas isso não é necessariamente uma realidade no resto do país. Portanto, depois de ter dado o devido tempo para pensar sobre o assunto, começo a acreditar mais nessa estatística. 

 

Eu sem dúvida que me encontrei na situação número dois mencionada acima por volta do início da década dos 30. Não sabia bem se queria vir a ter filhos ou se não, mas pensei que eventualmente um dia eu iria ter aquela sensação que muitas mulheres têm de um desejo irresistível de ter crianças e aquela vontade forte de ser mãe. Até lá, achei que não devia preocupar-me muito com o assunto que tinha tempo para deixar as coisas acontecerem. Quando conheci o meu Inglês aos 32 anos comecei a debater-me com essa dúvida cada vez mais porque quanto mais séria ficava a relação, mais séria ficava a perspectiva de ter filhos. 

 

Pensava muito na listagem de vantagem e desvantagens. Acho que andava a pensar sobre o assunto todos os dias, algumas vezes mais do que uma vez ao dia. As razões mais fortes para ser mãe era o facto de que os meus pais iam gostar muito de ser avós, e o facto de que gostaria de ter filhos adultos a visitarem-me em alturas como o Natal e de talvez me ajudarem ou fazer companhia na idade idosa. As desvantagens mais fortes que encontrava na lista estavam relacionadas com o facto de ainda não ter vontade de ser mãe ou sentir a necessidade de dedicar a minha vida a fazer outra vida crescer. Até cheguei a escrever um pouco sobre o assunto à 5 anos atrás.

 

Até termos ficado noivos acho que ambos evitamos falar sobre o assunto das crianças, mas pouco tempo depois, essa conversa surgiu porque acho que nenhum de nós achou certo entrarmos num casamento sem discutirmos um assunto tão importante quanto as crianças. A conversa demorou menos tempo do que imaginei. Ambos concordamos que iríamos acordar com a ideia de termos filhos se o outro quisesse muito mas que nenhum de nós queria ser a força que ia levar com a ideia de termos filhos em frente. 

 

No dia seguinte a termos essa conversa, em vez de andar a pensar às voltas nas vantagens e desvantagens de ter crianças, senti uma sensação de alívio como se um peso me tivesse saído da consciência. Foi nesse momento que me apercebi que a ideia de nunca vir a ter filhos me agradava muito mais do que a ideia de os ter. 

 

Ao fim de contas, os seres humanos sentem-se melhor, de forma geral, quando têm certezas na vida - certezas do trabalho, na casa, nas amizades com que podem contar, etc. - e esta dúvida e incerteza constante estava-me a deixar ansiosa, mas ao ter essa dúvida eliminada senti-me finalmente em paz com essa questão. 

 

Eu sei que a maioria das pessoas não percebem a nossa decisão, principalmente quando me apercebi, ao fazer a pesquisa para este post, de quanto tão pequena é a percentagem de mulheres que nunca chega a ter filhos, mas para mim, custa-me perceber o porque é que tantas pessoas querem tanto ter filhos, quando todos dizem que a experiência é extremamente difícil e muda-lhes a vida completamente, etc, etc. 

 

Eu tenho muita pena de não dar aos meus pais o neto que queriam, mas nós é que seríamos os pais a cuidar do neto 98% do tempo, pelo que acho que essa razão não deve ter força significativa de influência na nossa decisão. 

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Como agora moramos numa zona muito residencial com famílias, inevitavelmente perguntam-nos ocasionalmente se temos crianças e ao dizermos que não, noto por vezes que as pessoas ficam com aquele ar de que têm pena de nós ou ficam meio desconfortáveis sem saber o que dizer e tentam mudar de conversa o mais rapidamente possível. Outros fazem comentários tais como - “vocês só querem viajar” ou “vocês querem estar livres para socializar” e eu interpreto esses comentários como pejorativos porque as pessoas estão a tentar racionalizar a nossa decisão por haver outra razão que priorizamos mais do que ter crianças, tal como se ter crianças fosse um dever fundamental. Nós simplesmente tomamos esta decisão porque é o que nos parece certo para nós. Não é porque queríamos fazer mais isto ou aquilo em vez de ter crianças. É simplesmente porque não tivemos aquela sensação forte de que ter filhos era algo que fosse certo para nós e que nos fizesse falta na vida. 

 

Quando vamos a Portugal é ainda pior porque uma das perguntas que a família faz é quando vamos ter filhos e mesmo que eu diga que não vamos ter, eles insistem que um dia vai acontecer. Acho que talvez lhes faça sentir melhor a ideia de que esta decisão não seja final e que possamos mudar de ideias. Quando me dizem isso eu não insisto, porque se lhes faz sentir melhor, deixa-os estar. Até já recebi um comentário de como sou uma decepção por ainda não ter tido filhos. Esse comentário não me afectou, porque eu sei que as mentalidades e idades são diferentes, mas não deixa de ser desagradável de se ouvir um comentário como esse. 

 

Decidi escrever este post porque já li muitos artigos de mulheres na década dos 30 e 40 que não são mães e que querem ser, mas raramente encontro artigos sobre pessoas que conscientemente tomaram a decisão de não terem filhos. Portanto quis partilhar a minha experiência para talvez ajudar outros que estejam na mesma fase de indecisão em que eu estive há 5 anos atrás. A hipótese de se viver em casal sem filhos, ou solteiro sem vontade de se ter filhos também existe, e não é só porque a maioria prefere tomar uma decisão diferente que se devem sentir pressionados a fazer o mesmo. Só temos esta vida pelo que devemos vivê-la da melhor forma para nós.

 

Não quero que este post seja visto como uma ofensa para pais, nem para aqueles que querem ter filhos mas que não os podem ter porque essa definitivamente não é a intenção. Eu estou a escrever para demonstrar que há opiniões e decisões de vida diferentes e que estas devem ser respeitadas pelo que são. Escrevo também porque este blog tem acompanhado momentos importantes da minha vida desde que me mudei para Londres e quero que esta experiência também fique aqui marcada.

 

A proximidade dos quarenta

Ontem celebrei mais dois aniversários de 40 anos numa festa conjunta. Com estes, já vão ser quatro pessoas próximas que, neste ano, celebram o início desta nova década das suas vidas. E ainda estamos no início do ano! Este também vai ser o meu ano de entrada da nova década, e talvez por isso, conheça tantas pessoas que também nasceram em 1983. Sempre fui uma das mais novas nos grupos em que me encontrava, mas agora,... agora já não sou. 

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Esta ideia de idade e envelhecer é um pouco estranha porque, com o número associado à idade, existem também certas expectativas associadas às pessoas com essa idade - o que devem ou não devem fazer; como se devem comportar; aquilo que já deviam ter atingido e feito ao chegar a esta fase da vida. E a entrada nos 40 tem um peso talvez mais especial do que qualquer outra década porque esta é a década de entrada na meia-idade. É aquela idade em que a maioria das pessoas pára para reflectir a sua vida, o que fez e deixou de fazer. Até agora, houve sempre a ideia de termos todo o tempo no futuro - tempo para estudar mais; tempo de se decidir o que se quer fazer da vida; tempo para encontrar amor; tempo para estabelecer família; tempo para nos divertirmos mais; tempo para fazer todas aquelas viagens que se pretende; tempo para subir na carreira; tempo para estar com a família mais idosa.... mas agora... agora o tempo começa a contar mais porque já não se tem a vida toda pela frente. Tem-se a outra metade da vida pela frente (ou pelo menos esperemos que assim seja). As boas notícias é que ainda temos tempo para todas as coisas mencionadas em cima. Só temos é menos tempo do que tínhamos antes para fazer erros e tomar más decisões. Mas também não me parece que só porque chegamos aos 40 vamos ter de repente tudo resolvido e super claro na nossa mente sobre o que queremos ou deixamos de querer na vida. Mas uma coisa é certa, com a idade também temos experiência de vida, e talvez por isso os erros que fazemos nesta fase não sejam tão frequentes quanto os que fazíamos à uns anos atrás porque simplesmente já aprendemos com os erros anteriores. 

 

No outro dia estive a falar com uma amiga que também vai entrar nos 40 este ano sobre esta fase. Ela não parecia muito positiva com o final da década dos 30, o que percebo perfeitamente, mas ao mesmo tempo eu fiz-lhe a questão - "Se pudesses hoje voltar a ter 30 anos, tendo em conta que tudo o que aconteceu nos teus últimos 10 anos teria que desaparecer, voltavas atrás?" A resposta foi que não. E a minha resposta a essa questão é exactamente a mesma. Claro que em teoria, a ideia de se ter 30 anos novamente é boa, porque é aquele início da vida adulta mais séria mas quando ainda se é novo suficiente para ter toda a energia e muitos objectivos por alcançar. No entanto a ideia de que simplesmente os últimos 10 anos desaparecessem é péssima! Tudo aquilo porque passámos, as pessoas que conhecemos, as experiências que vivemos, tudo ia desaparecer. Teríamos que começar de novo, com novas pessoas, ter as mesmas dúvidas que já tínhamos ultrapassado e tudo mais... Oh não! Não quero isso!

 

A vida não volta atrás para ninguém pelo que é justo que todos tenhamos que passar pelas diferentes fases da vida. E em vez de ficarmos descontentes com o avançar da idade, há que celebrar esse avanço, e ter uma mente aberta e positiva para o que está à nossa frente. Todas as décadas podem-nos trazer coisas boas e diferentes e sinceramente, quer reste muito ou pouco tempo até ao final da nossa vida, a única coisa que nos impede de fazer aquilo que queremos fazer e que ainda não alcançamos, é simplesmente a nossa mente. Chegar à década dos 40 é chegar o início de uma nova década que pode estar cheia de oportunidades se assim o quisermos que seja!

 

Entre os leitores do blog há por aqui mais alguns bebés de 1983? Como é que estão a lidar com a entrada em 2023? Ou como é que outros que já entraram nos 40 lidaram com a mudança de década? Adorava ler sobre os vossos testemunhos e opiniões nos comentários se quiserem partilhar. 

 

Entretanto ficam as memórias das celebrações de ontem para mais tarde recordar:

 

 

Um início de ano difícil

Passado umas horas depois de ter escrito o meu primeiro post do ano no dia 1, recebi as notícias que andava já há alguns dias a temer. A minha avó tinha falecido. Aos 94 anos, ela foi a última dos meus avós a falecer. E a última sobrevivente de doze filhos que os meus bisavós tiveram. 

 

A minha avó teve uma presença muito significante na minha vida porque ajudou os meus pais a criarem-me. Enquanto eles trabalhavam eu ficava com a minha avó. Ela brincava comigo; íamos passear muitas vezes; ela ensinou-me a fazer renda e bordados; rimo-nos muito, éramos muito amigas, e mesmo quando cresci sempre mantemos uma relação muito próxima. 

 

Aprendi muito com a minha avó, mas inevitavelmente cresci numa pessoa muito diferente dadas as gerações. Mas talvez a diferença mais significativa que identifiquei entre nós tenham sido mesmo os nossos hábitos. A minha avó sempre gostou dos seus hábitos constantes, das coisas a que estava habituada e da certeza de ambientes conhecidos, enquanto que eu sempre gostei de descobrir coisas diferentes e diversidade. Todas as manhãs e todas as noites bebia um copo de água quente com açúcar. Vestia-se de preto (por luto do meu avô) ou cinzento nos anos mais recentes, e com uma bata por cima da roupa. Passava horas e horas a fazer renda com o objectivo de terminar as decorações arrendadas de muitas toalhas e lençóis para o enxoval dos netos todos (somos cinco entre os seus três filhos). As refeições que fazia eram também regulares e nunca me lembro de ter cozinhado algo que eu não tivesse experimentado antes. Quanto a doces - ou fazia o 'Bolo d'Avó' ou fazia Arroz Doce em dias de festa. Ahhhh, o bolo d'avó!! Agora que penso nele vem-me o sabor à boca e sinto aquela consistência esponjosa e fofa que ele tinha. Podia ser sempre o mesmo bolo, e era muito simples - ovos, farinha açúcar e fermento, com uma espremidela de laranja por cima depois de estar cozido - mas era absolutamente delicioso e eu adorava sempre que ela nos fazia o bolo d'avó'. 

 

Vêm-me as lágrimas aos olhos ao pensar que nunca mais o vou poder comer. 

 

Este post está a custar-me mais a escrever do que pensei por isso vai terminar por aqui. Ficam algumas memórias.

 

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Reflexões do ano

Gosto sempre de aproveitar esta altura do ano para reflectir sobre tudo o que aconteceu ao longo do ano, o que alcancei e o que deixei de fazer mas queria ter feito. 

 

Quando se faz a revisão do ano, as actividades que ocuparam a maior parte do nosso tempo e da mente são as que se salientam mais, inevitavelmente, mas o ano é feito também de muitos outros pequenos momentos que dão uma perspectiva diferente ao ano e ajudam a definirmos aquilo de que gostaríamos de fazer mais ou evitar voltar a fazer.

 

Ao pensar nisto, conseguimos ter também uma melhor ideia daquilo que nos faltou para conseguirmos ter um ano ainda melhor e podermos entrar no ano seguinte com uma boa perspectiva do que queremos que esse ano seja para nós. Devia tentar fazer este tipo de reflexão até mais frequentemente, mas ao menos nesta altura calma do ano em que todo o mundo parecer abrandar um bocadinho, ajuda para termos este espaço de reflexão. 

 

A minha conclusão do meu ano é que muito do meu tempo foi dedicado à nova casa e ao trabalho. A casa em si teve os seus momentos stressantes mas agora nesta fase em que já cá moro, é mais divertida com a evolvente da decoração etc.  Quanto ao trabalho, gosto do que faço mas as horas que lhe dedico são demasiadas. Quantos almoços passei a 'enchuvanhar' uma comida rápida pela boca abaixo em menos de 10 minutos por esse ser o único tempo que tinha entre reuniões. Ando sempre a correr, tenho que estar super alerta, disposta a ter reuniões com os EUA pela minha noite dentro enquanto me mantenho motivada e energética para motivar outros, bem-disposta, e sinceramente, este tipo de dia-a-dia é exaustante. A qualidade vida-trabalho sem dúvida que beneficiava com algumas alterações. 

 

Quando comecei a olhar para os outros aspectos do meu ano encontrei muitas falhas em termos de actividades que gostaria de ter feito e não fiz, mas também houve alguns momentos salientados pela positiva principalmente os momentos passados com amigos que são momentos que valorizo bastante. E também fiz uma nova amizade este ano. Não sei com que frequência a maior parte das pessoas consegue fazer novas amizades quando se está na idade adulta mas eu não faço muitas hoje em dia. Conheço muitas pessoas todos os anos, amigos de amigos, colegas de trabalho e afins, mas fazer amizades a sério, que posso considerar como novos amigos, não é frequente. Por isso, esse foi um dos momentos a salientar do ano também. 

 

Tenho algumas boas ideias da direcção em que quero levar o meu ano de 2023. Tenho é que continuar com a consciência daquilo que pretendo alcançar porque se deixar o ano arrastar é demasiado fácil que os dias e meses passem com a rotina habitual sem sentir diferenças positivas. Mas este ano não vou deixar que seja assim.

 

Que venha o ano de 2023! 

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As primeiras semanas na nova casa

Não me tinha apercebido de há quanto tempo não vinha aqui escrever mas já passaram 7 semanas! Sei que de forma normal, já não consigo vir escrever tão frequentemente como o fazia há alguns anos atrás, mas 7 semanas?! É o que faz fazer uma mudança de casa tão significativa que me consome todo o tempo em que não estou a trabalhar. 

 

Fizemos a mudança a 27 de Agosto. Apesar dos construtores terem prometido que tudo estaria completo em termos das remodelações que tinham para fazer, quando nos mudámos ainda não tinham terminado. Algumas coisas essenciais como pintar escadas, chão da cozinha e algumas paredes ainda estavam por fazer. Então durante as primeiras duas semanas ainda tivemos pessoas a trabalhar na casa diariamente. Isso atrasou a possibilidade de arrumarmos as coisas e tivemos que viver a tentar descobrir em que caixa é que estava aquilo que queríamos. 

 

Quando eventualmente o trabalho principal terminou, depois ainda haviam os vários acabamentos finais que, sendo trabalhos pequenos, eles demoraram a voltar para os acabar, e finalmente terminaram na semana passada ao mudarem a caixa do autoclismo que eu tinha mencionado no post anterior que estava extremamente descontente com ela. Mas ao menos entre as últimas semanas já deu para ir arrumando as coisas, comprar os electrodomésticos essenciais etc. 

 

No primeiro fim-de-semana de Outubro íamos receber as primeiras pessoas em casa para a minha festa de aniversário, combinada com a nossa 'house warming' portanto tínhamos essa data como um marco para nos incentivar a ter a casa o mais organizada possível, e conseguimos livrar-nos das caixas todas que ainda estavam no meio de um quarto a tempo. OK, sinceramente algumas dessas caixas simplesmente foram colocadas na arrecadação que ainda não temos mobília suficiente para colocar tudo organizado nos respectivos locais, mas ao menos, os quartos estavam todos com ar organizado. Altamente minimalistas com quase nenhuma mobília, mas ao menos não tinham caixas no meio. E a partir dessa data finalmente comecei a sentir-me mais confortável em casa. 

 

Também sabe bem poder passar algum tempo fora do trabalho em que não estou a pesquisar por mobília online. Ainda falta muita coisa mas já nada é super urgente por isso torna o processo mais descansado agora. 

 

Algo que ainda queria resolver o mais rapidamente possível são os roupeiros que, neste momento, ainda temos a roupa pendurada naqueles charriots do IKEA e não consigo encontrar ninguém que me construa os roupeiros. O espaço para roupeiros é pequeno pelo que queremos construí-los à medida para aproveitar o espaço ao máximo. Idealmente queria contactar um carpinteiro local por serem mais baratos, e talvez mais prestativos que uma grande empresa, mas estes carpinteiros locais estão com trabalho marcado com meses de avanço e demoram um tempão para responder, e alguns nem nunca responderam. Comecei então também a pesquisar por empresas que fazem esse tipo da carpintaria, mas são caríssimas! Então não sei muito bem o que fazer. Tenho que continuar a contactar mais carpintarias e ver o que se consegue, mas para já ainda não tenho isso marcado, e a partir da data de marcação ainda vão ser pelo menos mais 1-2 meses até poderem vir construí-los. 

 

Aparte desta coisa entre organizações e mobílias, estou a gostar de descobrir mais o novo bairro que é bem calmo e quase parece que não estamos na cidade por ser tão residencial. Adoro também o nosso rio e parques locais e estou ansiosa para poder ter mais fins-de-semana livres para poder começar a aproveitar melhor a zona local. 

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As renovações da casa - Parte II

Quando fomos ver o progresso da casa na semana passada quase que me ia dando uma coisinha má quando entrei na casa-de-banho. Tinham-nos instalado uma sanita com um botão de descarregar água gigantesco. Nunca tinha pedido para que tal fosse instalado, e é simplesmente horrível! Mas agora já estava. Encontramos-nos a dias da mudança para a nova casa e estamos agora com uma sanita instalada que me vai fazer confusão todas as vezes que entrar naquela casa-de-banho. Não pode ser! 

 

O fornecedor da casa-de-banho estava de férias, logo que não podia fazer nada nessa altura. Falei com ele ontem. Aparentemente o botão gigante é necessário porque é através do botão que se consegue aceder ao sistema de descarga para arranjar se for necessário. E eu tinha pedido um sistema que fosse acessível pela parte de cima! Enfim, enviaram esse porque era o que estava em stock sem perguntarem se o queria ou se não. Resultado, não foi o que encomendei e não gostamos portanto vai ter que ser trocado, mas vamos ter que trocar já depois de estarmos a viver na casa que claro que isto vai adiar toda a finalização da casa-de-banho. 

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Mas essa não foi a única coisa com que não fiquei satisfeita com a casa-de-banho. Outros detalhes também não são como queria e, sinceramente, algumas das falhas são culpa minha, mas muito está relacionado com o factor de pressa que houve para que tudo fosse fornecido o mais rapidamente possível e houve certas coisas que tive que aceitar porque era o que havia em stock. Olhando agora para trás, teria feito as coisas de forma diferente desde o início. Devia ter ido visitar mais showrooms e escolher uma casa-de-banho que tivesse visto ao vivo em vez de me basear em desenhos de computador e fotos. A cor dos móveis ao vivo é diferente do que queria/imaginava, houve um erro no desenho em termos do alinhamento do aquecedor, e devia ter comprado os azulejos que queria, que eram mais caros, mas muito mais bonitos! Os azulejos vão ficar colocados na parede durante anos! Essa poupança foi uma ideia parva que não devia ter feito. Devia ter comprado os azulejos que gostava mais independentemente do preço e, se tivesse que demorar mais para comprar outras coisas mais tarde, demorava, mas esse investimento teria valido a pena. 

 

Aparte da casa-de-banho, o resto da casa já estava na sua fase final mas ainda não tinham tocado na cozinha quando lá fui na quinta-feira passada e partes do chão pela casa também faltavam finalizar. Sendo que nos vamos mudar já neste sábado ainda estou para saber o que vai estar finalizado e o que não vai estar mas possivelmente ainda vamos ter que viver lá enquanto algumas obras forem finalizadas. 

 

E estamos a esperar mudar-nos para poder mobilar a casa. Já encomendamos o sofá que só vai ser entregue em Outubro. Temos encomendada uma mesa e cadeiras de jardim e uma cama e é só. Não queríamos estar a entregar muitas coisas na casa enquanto ainda não estivermos lá a viver e também será mais fácil perceber bem o que vai ser necessário, o espaço que temos disponível, o estilo que vamos querer ter, etc. quando estivermos lá a viver. Com a mobília vou tentar não fazer o mesmo erro que com a casa-de-banho em que foi tudo comprado à pressa e sem pensar bem no assunto. 

 

Planeamos fazer a visita típica de nova mudança de casa ao IKEA para comprar algumas das coisas básicas iniciais e o resto, depois virá com o tempo. Até lá, vou continuando a fazer os meus 'moodboards' de inspiração no Pinterest que ajudam a ter uma ideia do estilo pretendido para cada parte da casa. 

 

Esta coisa de renovar e decorar uma casa é agradável e interessante, mas quando se toma as decisões erradas também pode ser muito enervante e stressante. Vou tentar tomar decisões mais ponderadas a partir de agora.