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Tuga em Londres

A vida de uma Lisboeta recentemente Londrina.

Começar um novo emprego durante a pandemia

Recebi um e-mail do meu novo chefe no dia anterior a começar o novo emprego com um documento onde descrevia o meu 'onboarding'. Ao ler ao longo do documento comecei a ficar entusiasmada com o que me esperava - as coisas novas que ia aprender, as novas pessoas que ia conhecer, e pôr o meu cérebro a funcionar em modo de trabalho novamente. Mas até aí, aquela sensação de entusiasmo que geralmente marca os dias anteriores a começar um novo trabalho, era quase inexistente. Afinal, ia começar a trabalhar de casa, num ambiente virtual, através de reuniões de Zoom, mas rodeada pelo espaço habitual no meu próprio quarto. Como foi a experiência de começar um novo trabalho a partir de casa? Foi melhor do que pensei, mas sem dúvida que teria preferido começar num escritório. Ficam as principais diferenças:

 

O vestuário

Foi a primeira vez em que comecei um novo emprego em que não me deu vontade para ir às compras para fazer um update do guarda-roupa. Afinal, para quê? Ninguém vê o que tenho vestido para baixo da zona dos ombros. Também não preciso de ter aquela sensação de estar 'power dressed' para entrar no escritório pela primeira vez e começar a conhecer os novos colegas. Isso não quer dizer que eu fosse escolher ficar de calções do pijama no meu primeiro dia de trabalho que, mesmo que os meus colegas não vissem isso, eu sabia o que tinha vestido, por isso quis usar roupa em que me senti-se profissional. Talvez se já lá estivesse a trabalhar há imenso tempo, a roupa que usasse não fizesse qualquer diferença. Imagino que as pessoas quando começaram a trabalhar em casa durante o lockdown em empresas onde já estivessem confortáveis, tenham colocado o seu guarda-roupa profissional de parte, ou pelo menos a parte debaixo. Mas esse não é o meu caso. Por isso quis vestir-me adequadamente como se fosse para o escritório, e usei maquilhagem para conseguir disfarçar aquele ar de quem acabou de sair da cama. Esta sexta-feira que passou fizeram 8 dias desde que comecei o novo emprego, e pelo menos para já, tenho continuado com o mesmo hábito de me vestir mais ou menos como se fosse para o escritório - menos os sapatos e o soutien, que depois desde meses todos de 'liberdade' acho que já não sou capaz de passar o dia todo apertada. 

 

O escritório

Eu sempre soube que o meu apartamento não era muito grande, mas desde o lockdown, parece mais pequeno do que sempre, por não ter o espaço suficiente para se criar uma zona de 'escritório' separada, sem ter que influenciar negativamente a decoração do espaço. O meu Inglês já tinha ocupado a mesa de jantar, que se encontra no nosso open plan entre a cozinha e a sala de estar, como a sua secretária. Substituiu uma das nossas cadeiras bonitas em volta da mesa, por uma cadeira de escritório, e tem um segundo ecrã que coloca em cima da mesa todas as manhãs e tira ao final do dia para podermos utilizar como mesa de jantar. 

Eu tive que encomendar uma mesa de secretária pequena para colocar num canto do quarto, que se dobra à noite para não ocupar espaço, e tenho também uma cadeira de escritório. Durante o lockdown sentava-me maioritariamente nas cadeiras da mesa da varanda ou no sofá, mas nenhum dos casos é confortável para estar horas a fio sentada no mesmo local. Portanto, tivemos mesmo que ter as cadeiras de escritório apesar de não terem qualquer lógica estética para estarem cá em casa. Com esta situação agora também não sei quando nos vamos poder livrar daquelas cadeiras porque mesmo quando se voltar ao escritório, não será todos os dias. Portanto, ou tem que haver uma vacina para o Covid, ou temos que mudar para uma casa maior. Até lá, vamos ter que continuar a viver num espaço pequeno com dois semi-escritórios totalmente fora do contexto, e para mim que adoro um design de interiores minimalista, não é nada ideal.

 

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Os colegas

Entre reuniões de Zoom e conversas no Slack, tenho vindo a conhecer os colegas aos poucos e poucos e para já tem sido uma experiência agradável. Na minha primeira semana organizaram um Zoom Happy hour para os novos colegas, que fui eu e outra rapariga que também começou na mesma semana que eu, mas não deixou de ser um Zoom um pouco estranho, porque de repente está-se numa chamada com imensas pessoas e onde cada uma tem que falar de cada vez. Quando ninguém fala há aquele silêncio desconfortável. E sendo que a maioria dos colegas se encontra no horário do Pacífico na costa oeste dos EUA, apesar de ser 'happy hour', ninguém está a beber álcool por ser de manhã para eles. Não é bem como os 'welcome drinks' no pub habituais que se costuma ter com os colegas na sua primeira semana num novo emprego. 

 

O trabalho em si

Começou em força. Talvez até demais porque ainda não consegui terminar às 18h que é o meu horário de saída. Numa situação ideal adorava ter mais tempo para fazer uma boa análise da situação actual da empresa, preparar a estratégia e o plano para o resto do ano e só depois começar nas actividades do dia-a-dia, mas claro que isso não é possível porque já existem imensas coisas planeadas para acontecer, e tenho que tratar delas enquanto defino os novos projectos também, portanto há imenso que fazer, mas de forma geral estou a gostar da experiência. 

Os altos e baixos de procurar emprego durante a pandemia

Fez no dia 14 de Julho exactamente 6 meses desde o dia em que soube que o meu cargo na empresa anterior ia desaparecer, e como tal eu ia ficar sem emprego. No dia 15 comecei o meu novo emprego. 

 

Foram 6 meses de desemprego marcados por uma pandemia, pelos mesmos anúncios de emprego durante meses, por falta de resposta e por rejeição às aplicações. 

 

Antes de levarmos com uma pandemia em cima, até que a procura de emprego não estava a correr mal. Tinha enviado umas 10 aplicações, começado a falar com os recrutadores e tinha sido chamada para uma entrevista. Depois veio o Covid. A entrevista foi adiada para uma data incerta, outros recrutadores informaram que os cargos tinham sido colocados em pausa, e comecei a ver uma redução significativa no número de empregos anunciados, ou via sempre os mesmos empregos anunciados. Pela altura de Abril-Maio, quase todos os empregos que via anunciados novos, eram anunciados por agências de recrutamento acerca de uma empresa com nome oculto, e quando aplicava para esses, quase nunca obtive resposta, o que me faz pensar que eram maioritariamente anúncios falsos pelas agências de recrutamento apenas para conseguirem continuar a receber CVs e manterem-nos nos ficheiros para eventualmente quando tivessem empresas clientes, pudessem ter também detalhes de candidatos. 

 

Digamos que não foi o período ideal para procurar emprego, quando milhares de empresas estão a sofrer financeiramente para sobreviver, e têm que cortar cargos ou pedir aos empregados para não irem trabalhar e coloca-los em apoio financeiro através do Estado. O que me valeu mesmo é o facto da minha experiência profissional ter sido maioritariamente em empresas de tecnologia, por isso, quando a quarentena começou a aliviar em finais de Maio, também comecei a ver o número de ofertas de emprego na minha indústria a aumentar um pouco, e depois vim a descobrir que este cargo com que fiquei também já tinha sido publicitado no início do ano, mas com a pandemia, também o colocaram em pausa durante uns meses. 

 

Não foi propriamente uma altura fácil a nível de emprego e sei perfeitamente que ainda não estamos numa situação muito melhor, mas aos poucos e poucos esperemos que as empresas se sintam mais confortáveis para voltar a recrutar. Acho que me ajudou o facto de ter tido perfeita consciência de que, o mais provável, era de ter que esperar alguns meses até conseguir novo emprego. Continuei durante todo o período a enviar CVs  sempre que encontrasse algum anúncio relevante, mas também não dedicava muitas horas à procura porque sabia que estar sempre a pensar nisso não seria saudável. E também sabia que, eventualmente, iria encontrar um emprego, e que quando isso acontecesse, eu iria ter pena se não tivesse aproveitado o tempo que tive livre. Por isso dediquei-me a alguns projectos pessoais que já queria começar há muito, mas que nunca tinha tido tempo antes, e isto claro, para além de aprender a fazer pão em casa, e dar muitos passeios de bicicleta e a pé pelas mais variadas zonas de Londres. Agora, ao olhar para trás, gostei da forma como ocupei o meu tempo, e apesar de não ter feito tanto quanto queria, mesmo assim, acho que o aproveitei da melhor forma possível, tendo em consideração as condições em que estávamos. 

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Durante este período eu fui apontando todos os empregos a que me candidatei e o que estava a acontecer com cada um deles, e é um pouco decepcionante olhar para as estatísticas, mas acho que reflectem um pouco o mercado. Chateia-me é que a maioria das empresas nunca quiseram perder tempo sequer para dizer que não iam avançar com a aplicação. Perdi tanto tempo a preencher formulários e escrever cartas de apresentação para cada um desses empregos, que o mínimo que gostaria de receber em troca, seria uma resposta à minha aplicação. Acho que é uma grande falta de respeito para com os candidatos. 

 

Ficam as minhas estatísticas dos últimos 6 meses: 

  • Empregos a que me candidatei: 60
  • Não obtive resposta: 36
  • Recebi email a rejeitar a aplicação: 15
  • Recebi email a informar que o cargo já tinha sido ocupado: 4
  • Recebi email a informar que o cargo tinha sido colocado em pausa: 4
  • Empresas com que entrevistei: 2 (uma apenas entrevistei com o recrutador e nunca mais ouvi nada deles. A outra foi a com que fiquei com o emprego)
  • Número de entrevistas: 6
  • Diferentes versões do CV: 17
  • Emprego conseguido: 1

 

Nova ronda de cortes na empresa

Depois da empresa A em que trabalhava ter sido comprada pela empresa B, eu tive que cortar o emprego de duas pessoas na minha equipa. Entretanto, em finais do ano passado a empresa B foi comprada pela empresa C, e desta, foi a minha vez de ficar sem trabalho. 

 

A minha chefe informou-me da notícia em finais de Janeiro e o meu último dia oficial foi mesmo esta semana. Desde que fomos comprados, os auditores têm andado na empresa a ver onde podiam reduzir custos e 'optimizar eficiências' e decidiram centralizar a equipa de marketing para os Estados Unidos e, como tal, já não precisavam de uma Directora de Marketing na Europa, como tal, desapareceu o meu emprego. 

 

Esta é uma das grandes diferenças de como a lei do trabalho funciona no Reino Unido em comparação a Portugal. Em Portugal não seria permitido simplesmente fazer esta eliminação de cargos a empregados permanentes sem causa justa e com efeito quase imediato. No entanto, o facto de ser muito mais fácil de se recrutar e despedir pessoas e fazer reestruturações de departamento a toda a hora, também permite que existe muita maior flexibilidade para as pessoas mudarem de emprego, e não existe tanto aquele medo de não se conseguir outro trabalho permanente facilmente. Portanto, de forma geral, eu continuo a preferir a forma como a lei do trabalho mais flexível existe por cá, apesar de saber que isso me pode afectar de vez em quando. 

 

Quando recebi as notícias claro que não fiquei contente. Nunca sabe bem receber essas notícias. Mas surpreendentemente também não fiquei muito chateada e comecei antes a pensar nas oportunidades que a mudança de trabalho me podiam trazer. É daquelas situações em que não vale a pena chorar pelo leite derramado. Não há nada a fazer para trazer aquele emprego de volta, pelo que a melhor solução é mesmo ver as coisas pelo lado positivo:

  • a empresa está a pagar-me uma indemnização pela eliminação do cargo, pelo que efectivamente estão a pagar-me para procurar outro trabalho;
  • já lá estava à quase 5 anos pelo que era tempo de ter uma mudança para fazer novas coisas, aprender com novas pessoas e com uma indústria diferente, mas estava a precisar de um empurrão para sair da empresa;
  • com o tempo que tenho enquanto procuro novo emprego posso também aproveitar para dedicar a mim própria. Quantas vezes na vida temos uns meses de pausa? Não muito frequentemente. No meu caso, acho que tive no máximo 1 mês de pausa entre empregos desde que saí da faculdade. Por isso, desta vez não vou apressar-me. Quero encontrar algo que me deixe mesmo entusiasmada e quero também aproveitar para descansar e recarregar energias antes de começar algo novo.

 

Claro que não estou à espera que encontrar um novo emprego entusiasmante seja muito fácil, mas eu tenho um plano de acção:

  • Primeiro listei tudo aquilo que gostava e não gostava do meu emprego e empresa;
  • Depois listei o tipo de indústrias e empresas de que gosto muito; 
  • Comparei os resultados com as qualificações e experiência que tenho para conseguir identificar o tipo de empregos aos quais me quero candidatar e que tenho hipóteses de conseguir. O resultado foram empregos na área do marketing e parcerias para empresas de tecnologia ou agências/consultorias de marketing que ofereçam serviços a empresas de tecnologia ou empresas da área de design e arquitectura ou eventos ou empresas que façam apoio a startups de alguma forma. 
  • Uma vez identificadas essas áreas, refiz o meu CV focando os pontos mais importantes que achei que seria de relevância para o tipo de empresas e empregos a que me quero candidatar.
  • E depois foi começar a ir aos websites das empresas de que gosto, pesquisar na secção de carreiras se procuram pessoas com a minha experiência e cada vez que encontro algo que me interessa escrevo uma carta de apresentação totalmente personalizada para aquela empresa explicando as razões pelas quais eu sou a candidata ideal àquele trabalho em questão. 
  • Também tenho pesquisado através dos anúncios de emprego no LinkedIn e a próxima fase é colocar o meu CV nos vários sites de emprego que sejam relevantes às áreas que me interessam, para que as empresas certas possam encontrar o meu perfil. 
  • E tenho informado a todas as pessoas possível sobre a minha situação porque muitas empresas preferem recomendações internas, portanto faço questão de ir informando as pessoas que conheço, principalmente as que trabalham nas minhas áreas de interesse, porque não quero perder oportunidades apenas pela falta dos meus amigos e conhecidos não saberem que estou à procura de novo emprego. 

 

Claro que este processo de cuidado na selecção e aplicação a cada empresa também significa que cada uma demora imenso tempo a preparar, mas acho que vai valer a pena. Entretanto, tenho aproveitado o meu tempo para ir a todo o tipo de eventos e seminários a que nunca tenho tempo para ir e que me ajudam a conhecer algo novo. Desde que recebi a notícia do emprego já fui a 7 eventos sobre os mais variados temas, como por exemplo, fui a um de técnicas para fazer apresentações em público, outro sobre optimização de emails, outro sobre optimização de visualização de dados, etc etc. O que vale é que existem sempre inúmeros eventos sobre tudo e mais alguma coisa em Londres, e muitos deles são gratuitos portanto há que aproveitar. 

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Evento organizado pelo YCN e Founders Factory dedicado a startups

 

Depois vou dando notícias de como a pesquisa for correndo. 

Entrega de CVs porta-a-porta - os prós e contras

Esta semana, estava eu no trabalho, quando uma rapariga entra pelo escritório a dentro à procura da zona da recepção, que não há. 

 

 Ela disse que já conhecia a nossa empresa há alguns anos e que vinha entregar o CV na esperança que houvesse alguma vaga de emprego em Account Management ou Marketing. Disse também que tinha já alguma experiência em Lisboa mas que pretendia mudar-se para Londres.

 

Um dos meus colegas apresentou-a logo à nossa recrutadora, que teve uma conversa inicial com ela e, mais tarde nesse mesmo dia, ela voltou para ter uma entrevista inicial com a Directora de Account Management. O facto é que, efectivamente, uma das nossas Account Managers despediu-se recentemente e iremos ter que substituí-la para o próximo ano. A vaga ainda não existe mas é possível que venha a existir para breve. Além disso, a rapariga Portuguesa disse que só estava em Londres durante dois dias e que tinha vindo propositadamente para entregar CVs às empresas onde estava interessada em trabalhar.  Por isso mesmo, e como ela tinha um bom CV, achámos por bem aproveitar que ela estáva por cá e fazer logo a entrevista em pessoa caso o lugar venha a estar mesmo disponível.

 

Devo dizer que é preciso ter uma certa dedicação e empenho para ir directamente à porta das empresas entregar o CV e isso foi apreciado também pelos meus colegas, daí o interesse em darem-lhe atenção e ouvir o que ela tinha para oferecer.

 

Agora vocês perguntam-se se eu aconselho quem esteja interessado em encontrar um emprego em Londres a tomar este tipo de iniciativa? Nem digo que sim, nem que não à partida. Nem sempre este tipo de iniciativa apresenta os resultados esperados, mas até que poderá ser muito positivo em situações como esta. Vamos então ver os prós e os contras.

 

Prós:

  • Uma pessoa que faz isso demonstra coragem, entusiasmo, dedicação e extroversão.
  • As características associadas a esta atitude são óptimas para quem pretenda encontrar um trabalho em vendas, account management ou semelhantes. O nosso Director de Vendas achou logo que ela seria óptima para vendas.
  • Encontrar um candidato directamente, é positivo para a empresa por pouparem tempo e evitam os custos de empresas de recrutamento.
  • Ao vierem entregar o CV a uma empresa específica, significa que estão realmente interessados nessa empresa, e as organizações gostam de se sentir especiais.

 

Contras:

  • É estranho ter alguém a bater à porta a vir dar o CV e esta atitude é considerada mal prática. Ir entregar o CV no escritório de uma empresa não é o mesmo que ir fazer a ronda dos pubs para um trabalho de empregado de bar.
  • Há empresas e pessoas que podem achar essa atitude demasiado desesperada e os recrutadores podem considerar que um profissional que tome essa iniciativa não consegue que ninguém o empregue o que é visto negativamente por empregadores.
  • Não sabem o que está a acontecer na empresa no dia/momento em que decidem lá ir entregar o CV, e ao chegarem lá por horas de uma grande reunião ou em época de crise com clientes, a vossa presença poderá incomodar e ser muito mal vista.

 

A ter em consideração:

  • A época do ano ou o dia da semana em que vão à empresa é a considerar. A rapariga que veio à nossa empresa, veio no meio da semana, o que, se não fosse a última semana antes do Natal, onde as coisas estão a acalmar, poderia ser difícil de encontrar alguém relevante que lhe tomasse nota do CV e que tivesse tempo para falar com ela. Sextas-feiras ou épocas antes das férias ou feriados, geralmente são melhores porque as pessoas tentam evitar muitas reuniões no último dia antes das folgas.
  • A dimensão da empresa. Se tentarem ir a uma empresa tipo a Google ou até uma de tamanho médio, mas grande o suficiente para ter grandes processos, o vosso CV possivelmente nunca chegará às mãos certas porque nesse tipo de empresas, ou o edifício tem muita segurança e não vos deixam entrar sem terem uma reunião previamente marcada, ou a recepcionista diz-vos que têm que fazer o mesmo processo que todos os outros candidatos fazem, e enviarem a vossa aplicação através de um formulário gigantesco no website da empresa, etc.
  • Devem sentir-me mesmo seguros de que têm as qualificações necessárias para o tipo de cargo a que se pretendem candidatar porque senão as empresas apenas vão achar que a vossa atitude é triste.
  • Se entregarem o CV pessoalmente mas não tiverem a certeza que a pessoa certa o tenha recebido, vale a pena enviarem o CV através do website ou email também, indicando na carta de apresentação que passaram por lá pessoalmente. Já escrevi um post detalhado sobre como escrever um bom CV.

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Em resumo, como quase ninguém toma esse tipo de atitude hoje em dia (de facto, eu era o única da empresa que conhecia alguém que já tinha ido dar o CV directamente a empresas – e ele também era Português, por isso não sei se é algo que apenas os Portugueses gostem de fazer), e o dia escolhido foi um bom dia, nós ficámos bem impressionados com a coragem e atitude da rapariga. Pensando nos prós e nos contras parece-me que desde que escolham as empresas muito bem, que as empresas sejam pequenas/médias e que tenham experiência muito relevante para as empresas escolhidas, até acho que as possíveis vantagens de tomar uma atitude semelhante podem ser mais significativas que as desvantagens.

Um dia difícil

Hoje foi um dia complicado no trabalho. Apeteceu-me escrever sobre o assunto porque quero deitar fora o que tenho cá dentro. Desde os despedimentos que houve na empresa por finais do ano passado que um dos membros da minha equipa, de que falei nesse post que lidou muito mal com a notícia, nunca mais foi o mesmo. Ele basicamente mudou-se para outra equipa onde o seu chefe estava baseado nos EUA e nunca acho que a nova equipa dele lhe deu a direcção que queria, nunca voltou a estar satisfeito ou sentir-se realizado e, pelo contrário, estava descontente com as diferenças que a nova função trouxe. Eu conseguia ver isso e falei com ele várias vezes sobre o assunto, mas nunca havia uma resolução imediata. Ele queria que as coisas voltassem como estavam antes, mas infelizmente isso não era possível. Estava desmotivado e isso notava-se no dia-a-dia. Mesmo nos projectos que trabalhava com a nossa equipa, não dava o seu 100% como costumava dar antes. Ele próprio era vocal sobre o seu descontentamento e dizia não ter trabalho o suficiente, o que é importante que tenha apresentado para que as coisas podessem mudar. Mas isso também contribuiu para o facto que a minha chefe ontem me desse a notícia de que íam fazer a função dele desaparecer da empresa e, como tal a sua função já não ía ser necessária. 

 

Custou-me saber isso e, apesar de perceber toda a lógica da decisão, eu tenho trabalhado com ele ao longo dos últimos 2 anos e meio, ele foi a primeira pessoa que contratei, já passámos por muita coisa juntos na empresa, por isso a ideia de que ele não vai estar lá mais, principalmente numa situação destas em que basicamente ele vai ter que sair por decisão da empresa, custa ainda mais. 

 

Desta vez não era eu que ía ter que ter essa conversa, mas eu estive nervosa o dia todo a pensar na reação dele ao ouvir as notícias ao final do dia. E tive que passar o dia a conversar com ele de forma normal como se nada estivesse a acontecer. Não foi fácil.  

 

Quando ele saiu da reunião onde eu soube que ele ía ser informado, eu perguntei-lhe se ele queria conversar, o que ele quiz. Felizmente ele viu a decisão como algo positivo para ele e tratou tudo de forma muito menos emocional do que tratou a situação das últimas vezes quando houveram despedimentos na empresa. Ele sabia que queria sair, e este foi o empurrão que precisava, para além de que lhe dava o tempo que precisava para procurar novo emprego enquanto continuava a ser pago. Eu sei que ele não vai ter problema nenhum em encontrar novo emprego por todas as qualidades que ele tem, mas não consigo deixar de sentir um aperto no peito por o deixar ir. Obrigada Mark, por tudo. 

O crescer profissional significa uma regressão social?

Eu sinto uma diferença considerável no meu dia-a-dia, principalmente nos últimos meses. Vejo-me a cancelar ou chegar mais tarde que o habitual a encontros com amigos durante a semana, tenho menos tempo para os meus hobbies incluíndo a minha dança a que ía todas as semanas, e noto que o efeito está a ser reflectido também na frequência com que consigo postar aqui no blog. E quando me perguntam o porquê desta diferença, a minha resposta é só uma - não tenho tempo. E ao começar a pensar bem na razão porque não tenho tempo a razão principal é sem dúvida o emprego. Comecei a ter mais responsabilidades este ano, o que é óptimo, mas isso também significa que tenho que lidar com muitas mais pessoas, e estou em reuniões quase constantemente durante o dia, deixando-me pouco tempo para efectivamente fazer trabalho e, ao mesmo tempo os emails vão-se empilhando. Ou seja, o tempo que tenho para simplesmente parar e tratar dessas coisas é depois das 18h ou antes das 9h. O que significa que saio do trabalho em média pelas 20h e entro o mais tardar pelas 8:30h para conseguir estar concentrada. Eu continuo a adorar o que faço, mas não gosto do facto de chegar sempre exausta a casa, sem energia para quase nada, sentar-me um bocadinho e ir para a cama porque no dia seguinte tenho que novamente acordar cedo para ir ao ginásio (nos dias em que vou) mais cedo do que o que ía dantes para conseguir estar sentada na secretária antes das 9h. 

 

Dantes, até por vezes chegava ao trabalho depois de ter dormido só umas horas porque tinha ido sair na noite anterior, e passava um dia de trabalho assim mais calminho a ver emails e tal. Hoje em dia, tal não é possível. Não que queira ir sair até às tantas a um dia de semana, mas se houver uma festa ou evento, simplesmente sei que tenho que ter imenso cuidado e ser daquelas pessoas mais chatas que saem cedo das festas. Porque o dia seguinte vai ser cheio de tudo e mais alguma coisa e estar a 'esconder-me atrás dos meus emails' simplesmente já não funciona. 

 

Não me estou a queixar mas por vezes precisava mesmo de ter mais horas de trabalho e menos de reuniões para conseguir fazer tudo dentro das horas normais. E hoje em dia nem pensar ir passar férias sem estar a ler e responder a emails todos os dias. Ía-me demorar pelo menos um dia inteiro de volta ao trabalho para os responder a todos se não me mantivesse em cima do acontecimento durante as férias. Agora já percebo melhor porque é que é sempre o pessoal da gerência que trabalha de casa mais frequentemente. Não é que estejam a tentar fazer menos trabalho. É porque assim evitam de estar no ambiente do escritório onde estão constantemente a ser interrompidos. 

 

Estou consciente desta mudança, mas estou também consciente de que não quero ficar sem tempo para mim, para a minha vida social e para os meus hobbies. Tenho que encontrar uma fórmula que ajude a tornar as coisas o mais eficientes possível. Se alguém já tiver encontrado essa fórmula, agradecia saber qual é que encontraram.

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10º aniversário da primeira turma de Marketing do ISCTE

Fez este ano 10 anos que terminei a minha licenciatura de Marketing e como tal, eu, os meus colegas e alguns professores tentámos marcar um reencontro ao fim destes anos todos. Aproveitámos a altura do Natal para o fazer com o intuito de tentar juntar o maior número de pessoas possível, inclusivé os emigrantes que, como eu, só voltam a Portugal ocasionalmente, sendo que a época do Natal é a data mais certa para estarmos todos em Portugal. Mesmo assim, a coisa não resultou lá muito bem. Ao fim de 10 anos, já muitos têm família e estão ocupados com os mais pequenitos, outros estão emigrados e pretenderam ficar no estrangeiro nesta altura, outros estavam nas terras dos pais, outros a viajar, etc. Portanto, acabámos por ser 7 ex-colegas mais 2 professores. 

 

Apesar dos números serem pequenos gostei muito de voltar a reencontrar-me com os ex-colegas, alguns deles que já não via desde o fim da licenciatura. Interessante também ver os diferentes caminhos que cada um tomou, mas o que achei mais interessante é que mais de metade dos que ali estavam mantinham-se na mesma empresa por onde iniciaram a sua carreira quando saíram da universidade. Imagino que isso talvez esteja um pouco relacionado com o que é habitual em Portugal. Os meus pais também trabalharam na mesma empresa a maior parte das suas vidas. Eu, no entanto, talvez por estar em Londres e, a rotatividade de empregos ser maior, nem me passaria pela cabeça ficar tanto tempo na mesma empresa. Eu acho que cresci imenso como profissional por ter tido experiência a trabalhar em diferentes empresas. No meu trabalho actual estou a aplicar os processos e actividades que achei melhores/mais eficientes de outros empregos e apercebo-me de certas coisas que não eram tão efectivas em trabalhos anteriores simplesmente porque não as sabia fazer de outra maneira. Foi a possibilidade de trabalhar com tantas pessoas diferentes, tantas tecnologias, que me permite fazer melhores seleções hoje em dia. Para além de que acho que ficaria super aborrecida de estar sempre a trabalhar na mesma indústria, a comunicar sobre os mesmos produtos, a ir aos mesmos eventos. Adoro a diferença que a possibilidade de novos trabalhos nos oferecem. Além disso, é quando se muda de emprego que, geralmente, se consegue melhorar consideravelmente de salário, o que também é importante.

 

Por outro lado, bem sei que, dada a instabilidade actual de Portugal, esse tipo de mudanças podem ser mais difíceis de fazer, além de que, deve ser um grande risco sair-se dum emprego permanente para outro onde não se tenha tantos benefícios ou segurança. Acho que todos beneficiavam se as políticas das empresas relativamente a fazer os empregados permanentes mais cedo fossem alteradas. Se nos países economicamente mais desenvolvidos tais como o Reino Unido, Estados Unidos, etc., funciona bem contratar pessoas para ficarem permanentes ao fim de uns 3 meses e terem a possibilidade de despedir empregados que não efetuem um bom trabalho mais facilmente, com um mês de aviso (até menos nos EUA, mas eles exageram) e, sem grandes compensações, provavelmente isso também seria uma prática que podia ser benéfica para as empresas em Portugal. As empresas beneficiavam com um pouco mais rotatividade porque íam receber empregados empolgados em fazer o seu melhor, que trazem com eles ideias novas. Era bom para os empregados porque passavam a sentir-se mais confiantes em mudar de emprego e aprendiam mais a nível de carreira por estar expostos a diferentes ambientes de trabalho e indústrias. Era bom para o país porque empresas com empregados motivados e mais qualificados a nível de experiência trariam mais inovação, logo as empresas conseguiriam ter maior sucesso, o que seria reflectido nos salários, consecutivamente no poder de compra e na melhoria da economia a nível geral. Possivelmente estou a ser idealista e isto não é assim tão simples de mudar quanto parece, mas que provavelmente seria melhor para o país, isso penso que seria.

 

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A dificuldade de encontrar candidatos a um emprego

Estou a recrutar pela primeira vez para uma posição permanente, mas isto é muito mais difícil do que pensava. E porquê, quando há tantas pessoas à procura de empregos? Possivelmente uma das razões é por não ter investido o suficiente em publicidade, mas principalmente porque simplesmente parece que as pessoas candidatam-se a qualquer emprego sem ter qualquer tipo de experiência relevante para o que é pedido. Eu preciso de um profissional com experiência específica incluíndo bons conhecimentos práticos a trabalhar com o software de automação de marketing - Marketo, para além de experiência com Salesforce, HTML, alguns conhecimentos de design para poder criar os emails e páginas de web e boa qualidade de escrita. Quase todas as empresas B2B hoje em dia têm alguém neste tipo de função por isso não devia ser assim tão difícil, mas já recebi CVs de candidatos que não têm conhecimento de nada do que é pedido. Se precisam de ganhar experiência então devem-se candidatar a um tipo de função mais júnior, não será? Achei que devia comentar aqui sobre o assunto porque caso andem à procura de emprego, aconselho a que tenham isso em consideração e simplesmente evitem perder o vosso tempo e o tempo dos empregadores ao candidatarem-se para empregos que não se adequem de forma alguma à experiência ou qualificações que têm. Quando querem mudar de área a solução passa por tirarem um curso relacionado ou ganhar experiência através de voluntariado nessa área antes de começarem a canditar-se a empregos da área. Se se candidatarem apenas aos empregos relevantes, cujos requerimentos se assemelham muito à vossa experiência, e enviarem uma boa carta de apresentação que indica a razão pela qual são os melhores candidatos para a função, vão ver que vão ter muito maior sucesso na taxa de respostas.  

 

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 Fonte da image: www.networks3r.com

 

No entanto, e já que estou aqui a falar sobre este emprego, se conhecerem alguém com o tipo de experiência indicada em cima por favor enviem-me um email (o email está no perfil) com o CV que eu envio de volta mais informação sobre o cargo em questão. 

 

 

Emigrante Portuguesa em Londres: 10 anos em revista

Neste sábado que passou fez 10 anos que me mudei permanentemente para Londres. Já cá tinha vivido durante 5 meses como estudante Erasmus no ano anterior, mas foi a 5 de Setembro de 2005 que, depois de uma primeira semana de treino em Munique para o meu primeiro emprego, me mudei permanentemente para Londres. Na altura não sabia que a estadia se ía prolongar tanto, mas também não tinha qualquer intenção de que fosse uma estadia curta. Como tenho dito ao longo destes 10 anos, cada vez que me perguntam se vou ficar - "para já é aqui que quero viver. No futuro logo se vê se pretendo viver noutro local."

 

Penso no passado muito pouco, mas, provavelmente devido à ocasião, este fim-de-semana, acabei por lembrar-me bastante dos diferentes acontecimentos que foram decorrendo ao longo destes 10 anos - os altos e baixos, os amigos que fiz, as viagens e passeios, os diferentes empregos que tive, os amores que não ficaram, as zonas de Londres por onde vivi, a forma como evolui e me transformei numa pessoa diferente daquela jovem tímida que vivia nos arredores de Lisboa à mais de 10 anos atrás.

 

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AS CASAS

10 anos, 8 casas, 7 localizações

  • Vivi as minhas primeiras semanas em Tower Hill em casa de um amigo de Erasmus. Como o seu contrato estava a acabar, decidimos procurar casa juntos com mais uma Austriaca e vivi com eles na minha primeira residência permanente em Camberwell durante 1 ano até o senhorio vender o apartamento.
  • Mudei-me depois uns metros à frente, mais próximo da estação de Oval, para uma casa com 5 quartos onde vivi por cerca de ano e meio. Ali fizemos muitas e boas festas, até que as coisas começaram a correr mal com o tal amigo Austriaco de Erasmus e quiz procurar nova casa para morar.
  • Lá consegui encontrar quarto num apartamento em Clapham Common mas estava a viver com uma Inglesa com quem era extremamente difícil de viver e, apenas fiquei por lá 3 meses porque não queria estar a viver em condições tão desconfortáveis.
  • Conheci o meu flatmate Português, com quem vivo até hoje quando me mudei para o novo apartamento em Brixton. Vivemos ali cerca de 2 anos até que o senhorio vendeu.
  • Ao contrário do que eu queria e esperava ao fim de mais de 5 anos a viver no sul de Londres, encontrámos novo apartamento no Norte de Londres, em Stoke Newington. Foi uma das melhores mudanças que fiz porque essa mudança também trouxe um novo grupo de amigos que adoro.
  • Ao fim de ano e meio a senhoria decide vender o apartamento e lá temos que mudar outra vez. Essa procura foi muito difícil mas lá encontrámos um apartamento em Dalston à última da hora. Não gostámos do novo apartamento e só lá ficámos 3 meses.
  • Tivemos a oportunidade de ir morar para uma casa um pouco mais a sul onde duas amigas moravam e íam sair. Já passaram 2 anos e 2 meses e por lá continuo. Agora espero que só saia daqui quando fôr para comprar o meu apartamento. Já estou farta de tanta mudança.

Ao contrário do que pensei algumas vezes, o local onde vivo é mesmo importante para o meu bem-estar geral, por isso sou apologista de não entrarem em contratos de arrendamento de longo prazo sem uma claúsula de "escape" porque só mesmo quando lá se vive é que se sabe se se vão sentir bem.

 

O EMPREGO

10 anos, 8 empregos, 6 títulos

  • Comecei num "international graduates scheme" para uma grande empresa, mas o programa deles não incluía experiência em marketing. Não gostei e senti que não estava a fazer um bom trabalho. Saí.
  • Mudei para vendas porque tinham o trabalho anunciado como "field marketing". De marketing não tinha nada. Passei o inverno a andar kilómetros todos os dias a vender de porta em porta linhas telefónicas baratas para as lojas. Um dia não aguentei mais e despedi-me. 
  • A meu envio incessante de CVs resultou numa entrevista para uma agência de marketing. O candidato que fizesse o melhor plano de marketing para um dos seus serviços, ficava com o emprego - consegui e tive o meu primeiro emprego como 'Marketing Assistant'.
  • Essa empresa foi comprada por um grupo de empresas e mudei-me para a sua empresa de construção como 'Marketing Executive'.
  • Passados 2 anos mudei para outra empresa do grupo de processamento de pagamentos, novamente como 'Marketing Executive'.
  • Passados mais 2 anos, chegou a fase da crise, essa empresa foi à falência e fiquei desempregada durante umas 2 semanas.
  • Encontrei novo emprego como 'Marketing Manager - EMEA & APAC' para uma empresa de tecnologia e por lá fiquei durante 4 anos, até ter a infelicidade de ter que lidar com uma chefe péssima.
  • Mudei então para outra empresa de tecnologia como 'Marketing Manager - EMEA' até ter sido despedida devido a cortes de custos. 
  • Ao fim destes 10 anos sou agora 'Senior Marketing Manager - EMEA' para uma empresa de tecnologia que, ao fim dos primeiros 2 meses no novo emprego, estou a gostar bastante.

Nunca é fácil encontrar novo emprego, principalmente no início quando não se tem experiência e todos os anúncios pedem por ela. Demorei 8 meses a encontrar o emprego certo que me lançou na carreira de marketing que pretendia, mas o importante é que não desisti. Sabia o que queria, e tentei não perder muito tempo nos trabalhos "errados" por isso insisti, insisti, insisti, até dar.

Através da experiência ao longo destes anos algumas das lições importantes que aprendi foi para nunca desistir dos meus objectivos; a ser confiante mesmo quando tudo parece estar contra nós; a nunca julgar alguém pelo seu emprego; e a não tratar ninguém de forma diferente independentemente do cargo que ocupam do executivo ao empregado das limpezas.

 

OS AMIGOS

Vieram e foram ao longo dos anos. Uma das situações comuns entre pessoas que são novas numa cidade ou país é que tendem a fazer amizade com outras pessoas que também estão nessa cidade há pouco tempo. São essas as pessoas que procuram estabilizar-se e fazer novos amigos, mas também são eles que mais rapidamente vão mudar de opinião acerca da nova cidade e ou voltar para o país de origem ou procurar outra localidade. Assim foi com os meus amigos também. Do primeiro grupo de amigos próximo que fiz, a grande maioria já não vive em Londres. Cada vez que os mais próximos se vão embora ficava com aquela sensação de vazio. - "E agora, quem é que vou poder convidar para ir sair expontaneamente?" - Tive que recomeçar amizades de raiz várias vezes, mas com o passar dos anos, aquelas pessoas que são estrangeiras e que também ficam por cá, já passaram a fase da dúvida, e são mais prováveis a manterem-se por cá. Com os anos também se começam a criar amizades mais facilmente com outros que sejam ou originários de cá ou que já cá criaram raízes.

Ao fim das primeiras vezes que "perdi" amigos locais devido a mudanças, aprendi a não parar de tentar conhecer pessoas novas. Assim, fui criando uma rede de diferentes grupos de amigos e, hoje em dia, se alguns tomarem a decisão de irem, já não me vou sentir sozinha. 

 

OS AMORES

Nunca desejei a vida convencional - estudar, trabalhar, casar, ter filhos - e a minha mudança para Londres  fez exactamente com que não tivesse essa vida e que aproveitasse com uma variedade de experiências pelas quais, em Lisboa não teria sido possível passar. Mas no que se trata de amor, Londres torna-se um bocado vingativa, porque o facto de haver tantas pessoas nesta cidade, também faz com que todos sejam muito mais selectivos ou muito mais interessados em experimentar estar com diferentes personalidades para perceberem bem o que gostam e não gostam antes de optarem por aquela que é mesmo ideal.

Queixo-me mas não me posso queixar porque também caí na mesma armadilha de pensar assim. Quebrei corações assim como mo quebraram a mim. Alguns marcaram mais que outros mas o facto é que entre aqueles que me marcaram nos últimos 10 anos - 4 namorados (o Britânico de origem Cipriota e Polaca, o Inglês, o Irlandês e o outro Irlandês) e outros que nunca o chegaram a ser - por uma razão ou outra não foram a pessoa ideal. 

 

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Olhando para estes 10 anos, considero que o balanço foi sem dúvida positivo. Posso ainda não ter o cargo, a casa e o namorado que imaginava que teria ao fim de 10 anos, mas tive muitas experiências e coisas boas que valeram muito a pena e compensaram eventuais pontos menos positivos.

Se vou ficar por cá mais 10 anos? O que penso que vai acontecer? - Não sei. - Passem aqui pelo blog em inícios de Setembro de 2025. Se eu ainda estiver por Londres, eu digo o que aconteceu por cá. 

A minha recente procura de emprego

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Esta semana passada comecei o meu novo emprego e com isso dá-se por concluída a minha recente procura de novo emprego desde que fui informada de que íam haver despedimentos na empresa. O meu último dia oficial na empresa anterior foi a 19 de Junho e, passadas 2 semanas comecei o meu novo emprego. Felizmente não demorou muito tempo na procura, mas acho que valeu bem a pena ter dedicado o máximo de tempo possível na procura. 

 

A partir do dia em que fui notificada que efectivamente tinha que deixar a empresa, fiquei decidida de que queria econtrar um emprego o mais rapidamente possível. Ainda tinha um mês pela frente a trabalhar com a minha empresa anterior e, por motivos éticos queria acabar o máximo que conseguisse daquilo em que estava a trabalhar, se bem que também queria dedicar-me à procura de emprego. Assim sendo, todas as manhãs eu concentrava-me na procura de trabalho e, durante as tardes trabalhava para a empresa.

 

 

Tinha como objectivo candidatar-me a um mínimo de 3 empregos relevantes por dia, sendo que alguns tinham longos processos de candidatura e, portanto, cada um demorava bastante tempo para preparar a candidatura.

 

Comecei primeiro  por listar o meu CV nos sites que considero melhores em termos de reconhecimento para a minha área e frequentados por recrutadores de boas empresas incluíndo:

Cada vez que colocava o CV num desses sites também pesquisava e candidatava-me logo a empregos relevantes anunciados nos respectivos sites. 

 

O risco que correm quando se candidatam a vários empregos é que, se uns dias mais tarde, um recrutador vos telefona relativamente a um deles, vocês poderão não se lembrar do emprego em questão. Por vezes isso pode cair mal se o recrutador vos pergunta o que é que vos atraiu no emprego e, vocês têm que admitir que não sabem a que emprego ele se está a referir. Alguns recrutadores, principalmente se forem representantes da própria empresa, podem achar que isso significa que não estavam mesmo interessados naquele emprego em específico e que apenas querem um emprego qualquer. Para evitar isso e também para me ajudar em termos de preparação para entrevistas no caso de ser chamada por alguns dos empregos, decidi criar uma folha de excel num google doc onde anotava o link para todos os empregos para os quais me candidatava assim como os respectivos contactos, nome da empresa, título do emprego, salário anunciado, data de candidatura, e espaço para observações relativamente ao estado da aplicação. Assim, cada vez que um recrutador me telefonava, podia olhar para essa folha de excel e sabia imediatamente tudo o que precisava saber sobre esse emprego sem ter que estar a fazer perguntas desnecessárias. 

 

Nessa mesma folha de excel, anotava também numa outra folha, os contactos de todos os recrutadores que me telefonavam e os respectivos empregos sobre os quais me falavam. Assim sendo, não só sabia com quem tinha que falar mas também permite-me manter os contactos organizados para o futuro em que possa precisar de contactá-los novamente numa próxima pesquisa de emprego.

 

Durante a primeira semana enviei imensas candidaturas, inclusívie do tipo de candidaturas que se envia através do LinkedIn em que basta enviar o perfil sem ter que escrever carta de apresentação. Esse pequeno esforço resultou em muito pouco e, na semana seguinte decidi mudar a minha estratégia e, passei a candidatar-me a menos empregos mas enviar cartas de apresentaçao muito específicas para cada emprego, o que obviamente também reflectia passar mais tempo em cada aplicação. Na carta de apresentação colocava pelo menos um parágrafo muito personalisado possívelmente relativo a algo que conseguia ver no marketing deles que poderia ser melhorado e como eu gostaria de falar com eles sobre as minhas ideias. No dia em que enviei a primeira carta com esse nível de personalisação recebi um telefonema da empresa e marcámos entrevista para o dia seguinte. 

 

Nessa noite preparei-me muito bem para a entrevista, memorizando bons exemplos de actividades em que tinha trabalhado no passado, com os respectivos resultados. Não me chegaram a chamar para a segunda fase desta empresa porque não tinha toda a experiência que eles queriam mas, valeu a pena dedicar esse tempo a preparação porque isso facilitou a preparação para todas as outras entrevistas que tive depois bastando investigar sobre a empresa, a sua história e produtos ou serviços e reler tudo aquilo que já tinha preparado sobre a minha experiência. Aconselho lerem este post sobre preparação de entrevista. 

 

No final da segunda semana comecei a ter mais chamadas e pedidos de entrevistas, mas aí também se apresentou o problema de que na quarta-feira da semana seguinte eu ía para férias durante 10 dias logo não estaria disponível para entrevistas presentes. Mesmo assim, os recrutadores foram bastante flexíveis e acabei por marcar 3 entrevistas no dia antes de ir para férias e tive mais 3 entrevistas por skype e telefone enquanto estive de férias em Itália. Todas essas 6 entrevistas correram muito bem e fui convidada a ir à segunda fase para todas elas. Entretanto, enquanto estive de férias recebi várias chamadas e, com tudo isso, na semana em que voltei tinha 10 entrevistas marcadas. Nessa segunda-feira em que voltei, tive logo 4 entrevistas e uma das empresas, que estava no meu topo 2 de preferência entre todas as com quem tinha entrevista marcada, fez-me uma oferta de emprego, nesse mesmo dia. 

 

Decidi tomar o risco de não aceitar imediatamente por duas razões - 1) porque queria continuar o processo de candidatura em pelo menos uma outra empresa de que também gostava e 2) porque ao demonstrar que estava em mais processos de candidatura também me tornaria uma candidata mais atraente para esta empresa e, como tal, haveria mais probabilidade de me oferecerem o salário que eu tinha pedido porque não me iriam querer perder para outra empresa. 

 

Assim continuei nos outros processos de candidatura de que gostava mais e cancelei todos os outros pelos quais não tinha tanto interesse. Para o final dessa semana a outra empresa de que eu queria concluir o processo de recrutamento tinha indicado que me queria ver para uma fase 3 de entrevistas, mas que o processo só podia ser finalizado dali a 2 ou 3 semanas porque entretanto também havia um novo candidato interno e, como tal tinham que dar prioridade ao candidato interno. Visto isto decidi que não queria continuar com o processo porque senão iria estar a rejeitar uma outra boa oportunidade que era a do primeiro emprego que me tinha sido oferecido e, obviamente não os podia fazer esperar mais 2 ou 3 semanas. Por isso na semana seguinte tratei dos detalhes com essa empresa e acordamos que eu começaria na semana seguinte que, foi a passada segunda-feira. 

 

Claro que todo o processo foi um bocado stressante porque nunca se sabe o que se vai conseguir, o tempo que vai demorar, etc., mas felizmente as coisas correram pelo melhor e não demorou muito tempo. Acho que também ajudou bastante ter um CV em que eu indiquei factores de sucesso dos meus trabalhos anteriores apresentados com dados, percentagens de sucesso ou outros dados quantitavos que os recrutadores gostam sempre muito. Para dicas sobre como construir um bom CV já escrevi este post

 

Agora a ver como as coisas vão correr com o novo emprego, mas para já estou satisfeita e entusiasmada com os desenvolvimentos da primeira semana e curiosa sobre o que me aguarda nesta semana que vem.