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Tuga em Londres

A vida de uma Lisboeta recentemente Londrina.

Noites que já não são como eram

Na outra noite estava a dirigir-me para Camden Town para ir ter com uns amigos e eles dizem para ir ter com eles à Camden Assembly. - Camden Assembly? Hmm, nunca ouvi falar neste sítio. 

 

Quando lá chego e, ao ver que fica num canto oposto a um restaurante Brasileiro - Espera lá! Mas este é o edifício do bar Fly! O barfly já não existe!! - É o momento de surpresa quando não se espera nada ver um estabelecimento, que é considerado uma instituição dos bares de Camden Town, e dos bares de música indie de Londres de forma geral, que já não existe. Inúmeras bandas de qualidade passaram pelo barfly e não é de surpreender que as bandas Indie Rock que hoje são conhecidas, à uns anos atrás tenham tocado no barfly - desde os Stereophonics aos Coldplay, Muse, Doves, Blur, Oasis, etc, etc. 

 

O barfly não deixa de ser um pequeno bar, um estabelecimento de música que todos ou quase todos os dias, contava com concertos íntimos no primeiro andar, onde maioritariamente podiam esperar ver bandas de qualidade, mesmo que fossem bandas desconhecidas. No andar de baixo, era um bar normal, com bom ambiente, onde se podia contar com uns passos de dança ao som dos Fratellis, The Libertines, etc. etc. aos fins-de-semana. 

 

Por qualquer razão, o bar foi vendido no ano passado ao Columbo Group, que também gere outros estabelecimentos tais como XOYO em old Street, The Old Queen's Head em Angel, The Nest em Dalston, e vários outros. Depois de algumas obras a partir de Junho de 2016, o estabelecimento reabriu no final do ano como a Camden Assembly. Ainda continua a ser um estabelecimento de música ao vivo, mas deixou de ser dedicada ao Indie Rock e hoje em dia conta com uma maior mistura também com DJs de música electrónica. E devo dizer que não tenho nada contra música electrónica, pelo contrário, mas gosto de ir a estabelecimentos com um caractér específico e o barfly era cheio dele. OK, não é que eu fosse uma cliente muito regular hoje em dia, já que me demorou uns quantos meses a realizar que o barfly já não está lá, mas de qualquer forma, tenho pena que já não exista. Foi um daqueles estabelecimentos que marcou 16 anos de uma geração, e onde quase todas as pessoas que conheço com idades semelhantes à minha, tenham passado boas noites pelo barfly. 

 

O barfly é só um exemplo de uma dos muitos estabelecimentos de música que Londres tem visto desaparecer nos últimos anos. Se bem que os estabececimentos começam e acabam todos os dias e, se para mim tenho a impressão de que um local tal como a Camden Assembly, seja de qualidade inferior ao que lá estava anteriormente, possívelmente, a geração anterior à minha, achou o mesmo quando o barfly abriu no lugar do pub The Monarch, que era o nome do estabelecimento que existia antes do barfly, e que também existiu como um estabelecimento de música ao vivo desde os anos 80. 

 

Outros bares que tive pena de terminarem incluiram:

  • Round Midnight em Angel era um Blues e Jazz bar que oferecia concertos gratuitos todas as noites. Parecia incrível como um estabelecimento no centro de Londres com artistas de tanta qualidade oferecesse entrada gratuita. O ambiente era também extremamente simpático, e muito sociável. Ao que parece os gerentes simplesmente fartaram-se de fazer a gestão do bar. Existiu durante 5 anos e encerrou em 2014.
  • 12 Bar em Denmark Street que hoje em dia, já nem existe nem o bar nem a rua onde o bar vivia devido às obras do Crossrail em Tottenham Court Road. Existiu durante 19 anos e encerrou em 2015 nessa morada.
  • Passing Clouds em Haggerston. Este não tive só pena de ter fechado. Por este chorei, manifestei-me, assinei abaixo assinados, de nada resultou. Passei 5 anos da minha vida onde quase todas as quartas-feiras ía ao Passing Clouds. Era o meu bar local, onde conheci imensos dos amigos que tenho hoje. O Passing Clouds era governado por um gupo de hippies que mantinham o local com uma decoração alegre e positiva, comfortável como se estivessemos numa sala de estar, com um pequeno palco onde músicos de jazz tocavam para nós todas as Quartas, enquanto que dançavamos ao som da melodia. Foi encerrado pela empresa que comprou o edifício para construir um edifício de habitação (possivelmente de luxo, como não poderia deixar de ser). Por lei ainda não poderam fazer nada com o edifício ao cerca de um ano depois de ter encerrado porque este está licenciado como um espaço de comunidade e não pode ter outra função durante alguns anos. E por isso os proprietários preferiram deixar o estabelecimento fechado e vazio, como que abandonado, porque não podem fazer nada com ele senão esperar que o tempo necessário para que essa lei deixe de ter efeito, passe. É muito triste. Existiu durante 10 anos e fechou em 2016.

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Fonte: The Independent