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Tuga em Londres

A vida de uma Lisboeta recentemente Londrina.

Trabalhar em Português

Durante esta semana que passou tive a minha primeira experiência profissional a lidar com clientes de Portugal e devo dizer que é um pouco diferente. Não houve uma interacção muito grande para além de um telefonema e umas trocas de e-mails, por isso não vou aqui fazer comparações aprofundadas já que não tenho experiência pra poder comentar sobre isso. A diferença que encontrei foi mesmo na forma como nos tratámos uns aos outros durante a comunicação. 

 

Primeiro telefonei ao cliente e pedi para falar com o João (nome fictício). Fiquei na dúvida se deveria pedir para falar com o João ou com o Sr. João. Afinal ele é o patrão portanto não sabia bem como pedir para falar com ele. É que eu sei que em Portugal é normal ser-se mais formal em situações de trabalho do que por cá. Aqui trato toda a gente pelo primeiro nome quer sejam os Assistentes ou os Directores Gerais, quer tenham 25 anos ou 55. Mas a ideia que tenho é que em Portugal não é bem assim e pelo menos neste caso confirmou-se.

 

Como não sabia bem como me dirigir, simplesmente pedi para falar com o João, sem cá floreados. 

 

Ficou acordado que a agência de design com que trabalha me ía enviar a newsletter sobre a qual falamos. Eventualmente, quando recebo o e-mail do designer ele começa o email por dizer

"Cara Ana,  

A pedido do Dr. João Silva (nome fictício), venho por este meio enviar-lhe..."

 

Uuii, mas que formalidade. Afinal eu devia-o ter tratado era por Dr. João Silva. Mas será que ele é mesmo doutor de alguma coisa? Imagino que seja licenciado, e como tal lá leva o Dr. no título. 

 

Bem, o que posso dizer é que eu cá não gosto de floreados nenhuns e não tenho paciência para estar a perder tempo a escrever palavras que não adicionam nada a mais áquilo que se quer comunicar, portanto de mim levou a resposta com um "Olá Pedro (nome fictício), Muito obrigada blá blá".

 

Mas isto é sempre tudo assim tão formal nas comunicações profissionais em Portugal ou é só no início dos primeiros contactos que usam todas estas formalidades e depois tornam as coisas mais informais? Ou será que nem é costume serem assim tão formais e apenas calhou que estes o fossem?

 

Estas diferenças não deixam de ser engraçadas porque se por um lado o povo Português é formal profissionalmente, em situações sociais é um povo super afectivo, todos se cumprimentam com dois beijos (excepto homens, claro), as pessoas abraçam-se sem problemas, etc. Já no Reino Unido são todos "ai não me toques" em questões sociais, dá-se um aperto de mão quando se conhecem pessoas, e são de forma geral mais distantes, mas quando estão em situações profissionais é tudo tu cá tu lá. É interessante esta disparidade.

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